Os sonhos de Alicia

Gargalhada

Em uma tarde de garoa e vento forte, sentei no sofá da sala da casa de papai com o livro em mãos, abri em uma página qualquer e comecei a ler em silêncio.
a garoa havia parado, mas o vento assobiava na janela. Derrepente a porta se abriu, olhei para ver quem era, e vi o Miguel, molhado por causa da garoa, ele me olhou por um bom tempo, depois desviou os olhos para minha mão e olhou novamente para mim. Arregalou os olhos, apontou o dedo indicador para mim e começou a dar gargalhadas.
- O Que foi? - Perguntei resabiada, ele nada disse, continuou gargalhando.
- O Que foi Miguel? - Perguntei novamente.
Ele parou por um momento, mas então voltou a rir novamente.
Logo começou a entrar na sala outras crianças, talvez da mesma idade que ele. As crianças faziam o mesmo, apontavam para mim e gargalhavam.
Abaixei a cabeça e vi que eu não segurava mais o livro, e sim um bordado, percebi que minhas mãos estavam velhas, levantei e fui até o espelho pendurado na parede atrás do sofá, quando olhei para ele,me vi velha, as rugas pendiam para baixo, meu cabelo estava totalmente branco.
O desespero tomou conta de mim, fechei minhas mãos em concha sobre meu rosto.
- Parem - gritei - mas o som dos risos continuavam.
- Calem- se -Falei com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Senti vontade de correr, de sair dali e ir para um lugar onde ninguém pudesse me ver, decidi que era isso que eu iria fazer, me virei decidida a correr, mas fui impedida, alguém segurou meus braços, Ergui a cabeça e avistei os olhos mais lindo que já vi.
Gabriel passou as mãos em meu rosto secando as lágrimas, depois me puxou para si e me acolheu em um abraço protetor.
Todas as risadas pararam, não se ouvia nada, só os pingos de chuva que começavam a cair, que se tornou a melodia perfeita.
Acordei com a lembrança daquele Abraço. Depois de uma semana sem sonho nenhum, vem um pesadelo para me atormentar.
- Já é difícil saber que um dia ficarei velha, e ainda ser lembrada disse quase todas as noites é demais!