O apartamento estava silencioso, já que os Dois Ds estavam com Jenna.

Jungkook apoiou as duas mãos na bancada da cozinha.

— Desculpa se te assustei, mas acho que essa conversa não podia ser adiada por mais tempo.

O peito dele arfava. Eu me preocupava sempre que Jungkook ficava estressado, agora que sabia sobre seu coração. Só queria que ele se acalmasse.

— O que aconteceu?

Ele soltou um longo suspiro.

— Quando vi como você reagiu à notícia da sua irmã, eu me dei conta de quanta coisa você pode perder por estar comigo.

— Como assim?

Depois de uma pausa aparentemente interminável, ele disse:

— Eu não posso ter filhos, Taehyung.

O quê?

— O que você quer dizer?

— Quero dizer que tenho capacidade física para tê-los, mas não posso, em sã consciência, ter um filho sabendo que há uma chance de cinquenta por cento de transmitir meu defeito cardíaco. — Ele repetiu: — Cinquenta por cento. Seria egoísta e, se eu ignorasse essa chance e alguma coisa acontecesse com meu filho, eu nunca poderia me perdoar.

Embora eu tenha lido sobre as probabilidades, nunca considerei que ele poderia não querer correr o risco. Ouvi-lo admitir o que sentia era decepcionante e desolador.

Quando fiquei em silêncio, ele continuou:

— Nós nunca discutimos isso antes e realmente deveríamos. Foi uma razão importante pela qual tentei evitar me envolver com você. Quando eu dizia que nunca quis ter filhos, era sério. Você só não sabia por quê.

O casulo de segurança da negação que eu havia construído mentalmente nas últimas semanas começava a se desfazer. Isso era desolador, mas eu não conseguia imaginar a vida sem ele. Agora não. Não mais.

Eu não sabia como expressar meus sentimentos, não encontrava as palavras.

— Desculpa — ele sussurrou.

— Tudo bem.

— Mas... o que sei que devo fazer e o que quero fazer são coisas totalmente contraditórias. Eu digo que não quero ter filhos, mas não tem nada que eu queira mais do que ver a sua barriga crescer com um bebê dentro dela algum dia. Quero muito segurar nosso bebê nos braços. Mas não posso. E você merece viver essa experiência. Tomei a decisão egoísta de ceder aos meus sentimentos por você antes de termos essa conversa. Não posso dizer que me arrependo, mas, ao mesmo tempo, não acho que você realmente entenda em que está se metendo. Eu devia ter falado tudo isso há muito tempo.

Ele acharia que eu sou maluco se dissesse que preferia ficar com ele?

— Não vou mentir. Quero muito ter filhos, mas não os quero com mais ninguém. Tem muitas crianças que precisam de adoção. Podíamos pensar nisso. É de você que eu preciso. E entendo seu raciocínio por não querer arriscar. Então, se eu tiver que escolher entre filhos biológicos e você... escolho você. E nem preciso pensar duas vezes.

— Como pode dizer isso?

— Não é o cenário perfeito. É doloroso. Mas a escolha não é difícil para mim. Eu posso viver sem filhos. Não posso viver sem você.

Esperava que isso não me fizesse parecer desesperado; era a verdade.

Ele me puxou para um longo abraço. Estava respirando com esforço, como se não esperasse a minha resposta, como se estivesse ao mesmo tempo aliviado e em conflito.

Querido VizinhoWhere stories live. Discover now