Beatriz Pires, uma adolescente que sempre foi passar o verão na casa dos seus amigos de família, os Neves, está prestes a completar 18 anos, o que fará do verão de 2023 um verão especial. Ou será especial por outros motivos?
À medida que o tempo ava...
Dois dias passaram e neles passámos as tardes a treinar na praia. Podia dizer com certeza que estávamos prontas.
Chegámos a casa depois do nosso último treino e a Rita foi tomar banho. Sentei-me no sofá para esperar que ela acabasse para ir eu.
Foi aí que apareceu o João.
— Como correu o treino? - perguntou. — Porra, pareces estar bué cansada. - riu-se.
— Tou morta. - suspirei ao deixar a minha cabeça enterrar-se na almofada do sofá.
— Amanhã temos de estar lá na praia a que horas? - sentou-se ao meu lado.
— Dez, dez e meia? - respondi. — Por aí.
— Tass. - sorriu. — Queres ir ajudar-nos a fazer o jantar enquanto a Rita toma banho? Tão todos na cozinha.
— Pode ser. - concordei.
•••
— Bro, vamos-nos atrasar! - ouvi a Rita gritar da sala. — Despacha-te mulher!
Estava mesmo quase a acabar de vestir a saia.
— Já vai!! - respondi.
Desci as escadas a uma velocidade que, meu deus. A Rita pegou nas chaves do carro e foi a correr para a rua. Ia fazer o mesmo, mas o João puxou-me.
— Às dez e meia vamos para lá. - sorriu. — Boa sorte com o aquecimento.
— Sim, obrigada. - respondi. — Tenho mesmo de ir! - larguei-o e saí de casa.
•••
Depois de alguns minutos a aquecer, vi os rapazes e a Maria a sentarem-se na bancada ao lado do campo e acenei-lhes.
Continuámos o aquecimento até ouvir o apito do árbitro.
— Os jogos vão ter o seu início! - a mulher gritou. — Primeiro jogo: Beatriz Pires e Rita Meneses contra Marta Pereira e Salomé Morais!
A plateia aplaudiu ao ver-nos às quatro a entrar no campo. Consegui ouvir o João a dar boa sorte no meio de todo aquele barulho.
•••
A Rita rematou a bola com a raquete e ponto! Primeiro jogo ganho! Os nossos amigos levantaram-se e começaram a bater várias palmas.
•••
Após vencermos os jogos das semi-finais, subimos para a final, contra uma dupla muito boa de jogadoras de padel de praia profissionais. Provavelmente íamos perder.
— Tou com medo daquelas. - avisei a Rita. — São bué boas.
— Nós conseguimos. - motivou-me. — Chegámos até aqui, então nada de perder.
— Tens razão. - sorri, um pouco nervosa.
O jogo começou e depois de algum tempo estávamos a ganhar com um avanço de quatro pontos.
Mas foi ali que começamos a perder, e a perder a sério. Em questão de minutos, estavam a um ponto da vitória.
— Bora, Bia! - a Rita gritou ao ver que a bola estava a ser direcionada para mim e eu tinha de a receber.
Devido aos nervos do momento, acabei por errar, o que nos custou o jogo. Perdemos por minha causa.
— Não faz mal. - veio reconfortar-me. — Jogámos bem. Caga nisso.
Sorri ao saber que era verdade. Mas estava com um aperto no coração pois queria ter ganho. Sou muito competitiva.
Sentei-me numa cadeira, sozinha, enquanto o grupo foi falar com a Rita e o resto celebrava a vitória das "Rainhas da Praia".
O Neves viu-me e veio ter comigo.
— Então, o que se passa? - perguntou. — Jogaste bué bem.
— Queria ter vencido o torneio. - expliquei. — Mas não faz mal, não se pode ter tudo.
— Segundo lugar já é ótimo. - tentou reconfortar-me.
— No futebol não é. - disse.
— Depende. - riu-se. — Mas sim, percebo o teu ponto de vista. Anda, vou-te comprar um gelado.
— Não é preciso, obrigada.
— De certeza?
— Sim. - sorri. — Vamos mas é aproveitar o nosso penúltimo dia aqui em Tavira. Queres ir à água?
Todos nós tínhamos levado roupa de banho para passar lá a tarde.
— Pode ser. - o moreno concordou.
•••
Depois de ter tomado um duche quentinho, fui para o meu quarto e deitei-me na cama. Já era uma da manhã. Decidi tentar adormecer já que queria aproveitar ao máximo o dia de amanhã, o nosso último dia em Tavira.
O verão estava prestes a mudar.
Para melhor ou para pior?
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