capítulo 52

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Ao abrir os olhos, uma dor latejante invadiu minha cabeça, e meus olhos piscaram algumas vezes para se ajustarem à luz do dia. A ressaca da noite anterior era avassaladora, e cada batida do meu coração parecia ressoar em minha cabeça. Tentei me lembrar dos eventos da noite passada, mas minha mente estava turva, e as lembranças se dissipavam como fumaça.

Lentamente, comecei a reconstruir fragmentos daquela noite agitada. A festa na piscina, as luzes coloridas, as risadas e a música pulsante... A sensação de euforia e êxtase que havia me dominado. Mas, além disso, as lembranças se tornavam nebulosas, como se eu estivesse tentando enxergar através de uma névoa densa.

A imagem de Gustavo ao meu lado, absorvendo cada detalhe da vida noturna mafiosa, veio à minha mente, mas o que mais havia acontecido depois disso? As memórias pareciam escorregar por entre meus dedos, e eu me sentia perdido em um mar de incertezas.

Levantei-me da cama com cuidado, sentindo o peso da ressaca em cada movimento. Caminhei até o banheiro e olhei para o reflexo no espelho. Meus olhos estavam vermelhos e cansados, e eu sabia que a noite de excessos havia deixado suas marcas.

Tentei reunir mais lembranças, mas elas continuavam fugindo de mim. A sensação de vazio era desconcertante, como se eu tivesse vivido uma realidade paralela e agora retornasse ao mundo real sem lembranças claras do que havia acontecido.

Me perguntei se tinha sido imprudente, se minhas escolhas haviam colocado em risco a família e a mim mesmo. A lembrança da cigana veio à tona, como uma voz sussurrando em minha mente. Ela sempre fora a voz da razão, a lembrança de que a vida mafiosa exigia equilíbrio e responsabilidade.

Enquanto lavava o rosto para tentar amenizar a dor da ressaca, prometi a mim mesmo que precisava encontrar esse equilíbrio novamente. A vida noturna era uma parte da nossa realidade, mas não podia ser o centro de tudo. Eu precisava voltar ao controle, assumir minhas responsabilidades e honrar a memória da cigana da forma como ela merecia.

Saí do banheiro e me vesti, sentindo a determinação crescer dentro de mim. Era hora de enfrentar a ressaca e as consequências da noite passada, mas também de seguir em frente com a sabedoria que eu havia aprendido com a cigana e com a responsabilidade de liderar a família mafiosa.

Enquanto descia as escadas em direção ao escritório, decidi que, a partir daquele momento, eu seria mais consciente de minhas escolhas e das consequências que elas poderiam trazer. A vida noturna poderia ser tentadora, mas eu precisava encontrar o equilíbrio entre as emoções e as responsabilidades que carregava.

Com a lembrança da cigana como guia, eu sabia que encontraria o caminho certo para seguir adiante, honrando seu legado e construindo um futuro para nossa família, onde as decisões seriam tomadas com sabedoria e ações responsáveis. A ressaca poderia ser passageira, mas a herança da cigana e a nossa trajetória mafiosa seriam eternas.

Após tomar um café forte para combater a ressaca que me perseguia, segui em direção à minha missão do dia. Decidi que seria mais discreto, levando apenas um motorista e um segurança qualquer comigo, evitando assim chamar a atenção das pessoas ao nosso redor. Afinal, a vida mafiosa exigia cautela e estratégia, e eu sabia que a discrição era uma arma poderosa.

Entramos no carro e, enquanto dirigíamos pelas ruas da cidade, minha mente estava focada na tarefa que estava por vir. Eu precisava me concentrar, deixando de lado as lembranças da noite anterior, para garantir que tudo corresse conforme o planejado.

A sensação de responsabilidade pesava sobre meus ombros, mas também me impulsionava a seguir em frente. Cada missão era uma oportunidade de demonstrar liderança e mostrar que eu era digno do legado da cigana. Ela sempre fora minha inspiração, e suas palavras de sabedoria ecoavam em minha mente, me lembrando de que eu era capaz de enfrentar qualquer desafio que surgisse em meu caminho.

O motorista seguia as instruções, mantendo-se atento ao trânsito, enquanto o segurança estava alerta, sempre pronto para agir caso alguma situação imprevista surgisse. O clima dentro do carro era tenso, mas também havia uma confiança mútua entre nós, sabíamos que éramos uma equipe e que poderíamos contar um com o outro.

Chegamos ao local da missão, e eu desci do carro com determinação. Sabia que não poderia me deixar abater pela ressaca ou pelas lembranças da noite anterior. Agora, eu estava focado no presente, no que precisava ser feito naquele momento.

Ao cumprimentarmos o homem do caminhão e conferirmos que todo o armamento estava lá, senti um certo alívio. A missão havia sido bem-sucedida, apesar da emboscada anterior, e agora estávamos seguindo o caminho de volta para o armazém.

Entrei no caminhão ao lado do motorista e do segurança, e o veículo de carga começou a se mover novamente. O silêncio pairava no ar, e cada um de nós estava imerso em seus próprios pensamentos. A adrenalina da missão ainda corria em minhas veias, mas eu precisava me manter focado e alerta até chegar ao nosso destino.

O caminho de volta ao armazém parecia mais longo do que o habitual, talvez por causa da tensão que pairava. O segurança, sentado ao meu lado, permanecia atento, seus olhos varrendo a estrada em busca de qualquer sinal de perigo.

Olhei para fora da janela, observando as ruas passando rapidamente. A vida mafiosa era repleta de desafios, e a sensação de perigo era constante. No entanto, cada missão bem-sucedida fortalecia nossa determinação e nos aproximava mais do nosso objetivo.

Conversas esporádicas surgiam entre nós, geralmente sobre a rota a seguir ou qualquer mudança de planos. Nós três éramos uma equipe bem coordenada, cada um sabendo seu papel e trabalhando em harmonia para garantir o sucesso da missão.

A cigana ainda estava presente em meus pensamentos, e eu sabia que ela estaria orgulhosa de mim por liderar a família com sabedoria e coragem. Sua sabedoria me guiava em cada decisão, e eu sentia que seu espírito estava ao meu lado, me inspirando a continuar seguindo em frente.

Enquanto nos aproximávamos do armazém, senti um misto de emoções. A satisfação de mais uma missão bem-sucedida se misturava à consciência de que nossas ações tinham consequências, tanto para a família mafiosa quanto para nossas vidas pessoais.

Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de processar o que estava acontecendo. Estávamos voltando para casa após concluir a missão, e de repente fomos surpreendidos por uma emboscada. Vi uma arma apontada diretamente para o meu rosto e, em questão de segundos, tudo ficou escuro.

A confusão e o caos se instalaram à minha volta, mas eu estava atordoado demais para reagir. Minha mente parecia estar em câmera lenta, tentando assimilar o que acabara de acontecer. A lembrança da cigana me invadiu, e a imagem dela foi a última coisa que visualizei antes de tudo ficar escuro.








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