🌹::𝙲𝚊𝚙.3: 𝐏𝐚𝐬𝐬𝐚𝐝𝐨 𝐃𝐮𝐫𝐨, 𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐀𝐦𝐚𝐫𝐠𝐚.

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  Diário,
Ontem foi um dia relativamente diferente. Entraram alunas novas,  algo já estranho. Mais estranho que isso é o fato de elas terem entrado na última semana de aulas.

  Eu diria que isso já é uma coisa extremamente incomum, pelo menos para mim. Pior é que... Eu senti um novo sentimento por uma delas. Jisoo, eu acho. As outras garotas novas gritaram por ela. Suponho que sejam amigas.

  Foi diferente, diário. Nunca senti isso por alguém, principalmente por uma garota. Talvez isso signifique alguma coisa que eu desconheça, talvez seja apenas um sentimento antigo se aflorando novamente. Estou incerta, diário.

  Será que um dia, quem sabe, eu finalmente tenha conhecimento o suficiente para descobrir a verdade? Ou... Ou será que eu apena estou me fazendo de tola e, na realidade, isso seja apenas uma dor interna que resolveu se abrir?

  Ai, diário, eu desejo tanto saber o que aconteceu comigo... Ontem uma porta se abriu na minha mente quando vi aquela menina. Uma porta que duvido que vá se fechar tão cedo.

  Hoje não foi diferente, para variar. Eu não consigo prestar atenção na aula sabendo que ela está por perto. Não que antes eu prestava 100% de atenção, mas eu tentava o máximo. Ela senta perto de mim. Relativamente longe, já que estou na primeira carteira e ela na última, mas perto porque ninguém senta naquela fileira. Bom, agora alguém além de mim também está lá.

  Bom, diário, vamos mudar de assunto?! Vamos focar no ReVe, o nome do grupinho que me atormenta. Na verdade, é Red Velvet o nome, mas eu acho as chamo pela abreviação mesmo. Sem sentido colocar o nome de um bolo que eu particularmente amo em um grupo de bullying.

  Eu sempre quis saber porquê Irene é daquele jeito. Sei lá, todas parecem tão normais perto dela. Vamos analisar:

  Seulgi, a cadelinha n°1 de Irene. Faz praticamente tudo que ela pede. Se eu não as conhecesse, diria que Seulgi e Irene namoram e Seulgi fosse a rendida pela namorada.

  Wendy, a mais comum. Inteligentíssima, porém guiada para o lado errado.

  Joy, a simpática do ReVe.
Ela usa o seu carisma para convencer as pessoas àquilo que não querem fazer, vulgo se entregar nas garras de Irene.

  Yeri, a princesinha selvagem.
Por ser a mais nova, recebe tratamento especial. Qualquer coisa, literalmente qualquer coisa que Yeri quer, ela tem. Provavelmente a única que Irene chega perto de acolher e pensar no bem.

E por último, mas definitivamente não menos importante, Irene Bae. Ah, como eu descrever Irene Bae?

  Uma menina arrogante, egoísta, narcisista, o mal em pessoa. Parece que fazer os outros sofrerem com agressão física e verbal é o seu passa tempo. Não se importa com nada e ninguém além dela mesma. Fico horrorizada em como ela consegue ser tão... Tão... Ruim.

  Irene é a líder do ReVe, ela que comanda todas dali. As vezes sinto dó das meninas, mas se estão ali é porque são iguais. Definitivamente melhores que Irene na categoria "disfarce o quão lixo você consegue ser".

  Além de bully da maior parte do ensino médio, Irene me atormenta desde quando nos conhecemos. Até hoje me lembro de como ela estava vestida no dia: seus cabelos pretos batendo em seu ombro, com um corte perfeito. Não estava usando o uniforme, conforme as regras diziam. Na verdade, usava um vestido rosa claro com detalhes branco. Eu nunca havia visto nada parecido com tal roupa. Ela brilhava, se destacava entre todos os 500 alunos que se encontravam ali para começar a escolinha, voltar para o fundamental ou o ensino medio, etc.

  Acompanhada de uma mulher alta, magra, com cabelos compridos que iam até sua cintura, usando um longo vestido vermelho vinho com um salto alto preto. Sua face estava escondida por trás de um óculos escuros que reluzia na luz do sol. Eu não conseguia a ver por completo, mas certamente usava um batom vermelho, dando destaque a sua pele clara, e estava com uma expressão séria no rosto.

  Eu fiquei encantada com o quão lindas Irene e sua mãe eram; mamãe reparou em minha expressão, então, se agachou até minha altura e sussurrou no meu ouvido: "Vá fazer amigos, Nene. Ela me parece uma boa pessoa"

  Dito e feito; fui falar com a pequena Irene, sequer imaginando o que poderia acontecer em seguida. Nada que uma alma pura de criança, não é, diário?

  Eu era muito extrovertida na época, o que facilitou minha jornada. Mas minha empolgação sumiu, assim como água de um sertão em época de seca. A mãe de Irene tirou seus óculos de sol, olhou fixamente para mim e então tampou os olhos de Irene com a mão. Após isso, fez um sinal de negação com sua cabeça, e olhou para o lado oposto.

  Ela me rejeitou. Eu não era suficiente para ela. Eu não era do nível delas. Eu era... Ridícula.

  Tanto Irene quanto sua mãe viviam em uma realidade que eu não era bem-vinda. Não me encaixava nos padrões delas. Eu era inútil igual uma mosca. Eu era apenas um ser humano comum.

  Tudo mudou quando cheguei à minha mãe e comecei a chorar. O que era ruim, se tornou pior; o que era bom, evaporou; o que sobrara da minha doce criança fora embora.

  Irene nunca mais me deixou em paz. Sempre, sempre me humilhou, independente do que eu fizesse, diário. "Amigos? Que amigos, Rosanna?" ela dizia. "Quem iria querer fazer amizade com você?"

  Depois do ocorrido, comecei a me reservar muito mais, descontando meu estresse em livros. A criança alegre havia morrido.

  Mas não totalmente; uma parte de mim ainda é um solzinho. A parte a qual ninguém vê há anos. O sol escureceu, e a lua dominou. Eu me defino nesta frase.

  Enfim, diário. Por hoje é só. Amanhã trago mais notícias... Se houver notícias.

Beijos,
Roseanne Park.

𝙏𝘩𝘦 𝙂𝘳𝘶𝘮𝘱𝘩𝘺 𝘼𝘯𝘥 𝙏𝘩𝘦 𝙎𝘶𝘯𝘴𝘩𝘪𝘯𝘦 - 𝘾𝘩𝘢𝘦𝘴𝘰𝘰 {Hiatus}Where stories live. Discover now