na bancada da cozinha marmorizada, cultiva-se um amor plastificado de boas intenções, enquanto os raminhos pequenos das flores molhadas respiraram na maldosa sutileza de um cadáver incapaz de amar sem a destruição iminente. ainda assim, ela rega de cima a baixo, esperando que um pouco dessa semeadura ansiada floresça dentre os caminhos deturpados da memória e da amizade.
porque você pode ser feio o suficiente para fotosintetizar cadáveres em mortidão eterna e mesmo assim fazer parecer como se a fauna e flora dependesse do seu cuidado desenfreado para triunfar debaixo da terra ferida.
dependências projetadas & mal-falação desmedida.
de pouquinho em pouquinho, cravos gigantescos escapam pelas brechas da minha amarga percepção das coisas para enfestar seus brotos e bétulas em formação sonífera de uma noite chuvosa empesteada de amores colossais. sinto que é muito ridículo e injusto misturar minha falta de fé a quem te acompanhou caminhar desde o início, e sei que poderia dar muito melhor de mim se parasse pra tomar um pouco de sol também, mas sou teimosa o bastante para pensar que a suficiência das coisas é mais alcançável do que desejada.
através de um sol intimidante, te vejo ainda regando cada folha malcheirosa da minha corpulenta alma amarga e tenho vontade de te gritar que sempre fui feita de plástico. mas você insiste como se realmente a minha capacidade de florescer atendesse suas expectativas sempre tão altas.
quero pedir perdão, abominar os feitos da fotossíntese e afundar nos escombros dessa mesma perspectiva assombrosa, mas o seu sorriso na bancada esbraveja as terminações nervosas dos meus poucos polinômios idiotas e percebo que nem mesmo a hibernação sentimental é capaz de te fazer parar de sorrir.
um eu-plástico sintetizada à você-flor na obturação gigantesca dos pormenores amorosos.
a fé é uma lua minguada na direção das constelações eternas.
❁
a gratidão plastificada que tenho por você se humanizar mais a cada solstício. você me esperaria?
‒ da sua flor de plástico. ♡
YOU ARE READING
BLO(W)SSOM
Poetry❝ i blow than blossom❞. homenagem; short story original | @evesfauIt