Capítulo 15: Pedido de desculpas

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Policial Jones

Semicerrei os olhos apreciando o sabor amargo do café, enquanto mantinha atenção na delegacia, escutando as novas fofocas da cidade e sobre o investigador do FBI. Não era como se eu me importasse, estava apenas curioso sobre como o investigador iria lidar com tanta bagunça, ainda mais depois do novo corpo encontrado.

Uma vitima desconhecida e aparentemente sem ligação com Elina.

Se não fosse policial, falaria de boca cheia o quanto aquele caso tinha se tornado interessante, mas como um cumpridor da lei, jamais poderia expressar tais pensamentos.

Uma verdadeira pena.

— Jones, hoje fará ronda? — Encarei o outro policial ao assentir sem qualquer entusiasmo. Fazer ronda em uma pequena cidade conseguia ser extremamente entediante, mas, talvez, com esses crimes as coisas se tornassem mais animadas. — Já soube que o cara do FBI tá falando com todo mundo sobre a primeira morta? As coisas por aqui tá parecendo uma porra de uma caça as bruxas. Merda! Se eu pegar o filho da puta que coloquei essa garota morta nessa cidade, vou matar. Desgraçado!

O detetive especial tinha descoberto alguma coisa?

Talvez devesse descobrir um pouco mais ele. Por qual motivo enviaram apenas o detetive especial Gonzalez?

Ele poderia ser extremamente competente ou alguém não queria que ele continuasse no FBI.

De qualquer forma, tudo ficaria apenas pior. Desviei os olhos, encarando o lado de fora da delegacia, o qual estava mais movimentado que o normal com os repórteres em frente, provavelmente ansiosos por alguma exclusiva.

— Não deixem esses abutres entrarem — O delegado gritou furioso e eu escondi um riso ao beber um gole do café. Como Gonzalez desvendaria tudo?

Desviei o olhar, parando ao encarar a mulher que tinha entrado na delegacia. Seus cabelos escuros presos, olhar afiado e rosto sem expressão era a marca registrada da policial Alisson Scott.

A única policial da cidade aparentemente competente. Não retirei os olhos ao vê-la andar em minha direção.

— Jones. Soube que a cidade anda movimentada. — Alisson mencionou com naturalidade como se nada daquilo fosse realmente surpreendente.

— Um pouco. Os jornalistas estão parecendo cachorros no cio. Correm atrás de tudo e todos.

Ela ficou calada, encarando a parede em sua frente. Alisson era uma pessoa quieta, considerando o restante das pessoas da pequena cidade, mas estava estranhamente pior. O que tinha acontecido em sua licença de uma semana?

****

Melissa Castro

Uma das coisas mais cansativas sobre errar era buscar o perdão continuamente como se o eu erro tivesse sido tão imperdoável ao ponto de ser sentenciada a morte. Li o papel em minhas mãos pela quinta vez antes de avançar em direção a delegacia, sem me surpreender ao ver o número de repórteres em frente. Se não fosse o meu erro com o cara do FBI também estaria ao lado deles, aguardando por um segundo de sorte. Aguardando por uma exclusiva mesmo sabendo que as chances eram ridiculamente baixas para serem consideradas.

Mas ao tentar passar pela entrada fui barrada.

Eu nem sequer estava aqui para isso. Quis realmente gritar, mas não estava em posição, restando-me respirar fundo e retornar ao hotel.

Afinal, ele não ficaria o tempo todo na delegacia.

****
Gonzalez

Um dos maiores problemas em investir a vida de alguém, aparentemente perfeita e tão odiada estava na probabilidade de mentiras e exageros nos testemunhos. Quando comecei a perguntar sobre Elina pela cidade, já imaginava algo semelhante, só nunca esperei que fosse tão ruim ao ponto de me surpreender.

Das seis pessoas com quem tinha falado, quatro falaram que Elina merecia morrer, uma afirmou não conhecer, enquanto a outra parecia extremamente contente com a morte de Elina.

Que porra essa mulher fez para que todo mundo a odiasse tanto?

Levei a colher com sorvete de morango até a boca, aproveitando o calor infernal para aumentar os meus custos de viagem. Iria tomar os sorvetes mais caro dessa cidade e o FBI que pagasse. Ah! Também iria no melhor restaurante, se bem que duvidava que o valor fizesse o meu chefe ao menos gritar comigo.

— Parece preocupado, detetive especial.

Olhei para trás, encarando a insolente jornalista que tinha contribuído para o meu chefe me odiar ainda mais. Na verdade, não me importava com algo assim, apenas precisava culpar alguém para esquecer a nova vítima por alguns segundos; Afinal, de certa forma, se a hora da morte constatasse que foi quando cheguei a cidade, a sua morte seria minha culpa.

A jornalista encrenqueira, Melissa, tinha um sorriso desconfortável no rosto ao se aproximar de mim. Ela parecia agir como alguém cuidadosa demais.

Algo estranho para uma pessoa que não se importou em tentar seduzir um oficial federal. Isso beirava a ironia.

— Veio perguntar se eu tinha alguma pista? — Resolvi começar com o pé direito e segurei o riso ao vê-la ainda mais constrangida.

— Eu vim me desculpar. O que eu fiz foi completamente injusto e errado. E não deveria agir de forma tão impulsiva.

Ela tinha consciência ou estava apenas mostrando fraqueza para que eu sentisse pena? Depois de toda a história com Sofia aprendi a desconfiar ainda mais das mulheres e até ter medo deles. Porra! Só lembrar da loucura dela me fazia ter calafrios.

— Está tudo bem. Às vezes ficamos loucos para alcançar alguma gloria ilusória.

Ela ficou ainda mais constrangida. Parecia que ainda restava um traço de consciência e bom senso nela.

— Posso te pagar uma bebida? Só para me desculpar.

Pisquei antes de concordar.

Ela provavelmente queria tirar alguma informação minha, mas beber de graça era algo bom. 

CONTINUA...


Dinastia - Livro 2 de ImpérioWhere stories live. Discover now