Dinastia - Livro 2 de Império

Capítulo 11: Isca

Melissa Castro

Tentar encontrar pistas em uma cidade pequena, com policiais nada confiáveis ou subornáveis era cansativo. Olhei para o cigarro intocado em minha mão sem prestar atenção ao que acontecia em frente a pequena merceria, controlando a vontade em acendê-lo, algo que m habituei a fazer nos últimos meses. Controlar a vontade de fumar.

O cigarro ajudava a me acalmar apesar do mal que fazia ao meu corpo. Mas vícios, por mais benéficos que poderiam ser, ainda tinham a tendência a destruir tudo. E não poderia continuar com mais um vicio.

E a desistência era realmente difícil.

— Ei, Castro. — Ergui a cabeça, encarando o repórter a minha frente. Ele era Donald, um cara relativamente famoso de um canal com grande audiência. O fato dele ter chegado a cidade esquecida por Deus significava o quanto o caso começava a se tornar importante e o desespero do governador. Ele gostava tanto assim de sua sobrinha?

O governador não era casado e nem tinha filhos. Talvez esse fosse o motivo pelo seu apego a sobrinha. Considerei sem qualquer prova, mas sorri com falsidade. Imaginava que o motivo de sua provocação seria algo sobre a minha participação na investigação como suspeita ao encontrar o corpo.

— Donald, estou surpresa em vê-lo aqui. Nunca imaginei que iria se rebaixar para vir atrás de uma reportagem tão comum.

— Comum? Convenhamos Castro, depois daquele caso bizarro da seita, esse é um dos maiores casos. Elina é a sobrinha do governador.

Revirei os olhos sem qualquer vontade de esconder e o vi estreitar os olhos. Donald era um cara arrogante e narcisista. Ele odiava pessoas que o olhavam com superioridade.

— E daí que ela é sobrinha? Ela ainda é uma vitima de homicídio. Deveríamos trata-la apenas como tal, afinal a lei é igual para todos, certo?

— Você ainda acredita em conto de fadas? — Ele sorriu parecendo incrédulo ao menear a cabeça. Não me importei com isso, apenas dei de ombros, afinal confiava na justiça. — Sempre ingênua. Parece que a sua ultima tentativa de entrevista não lhe ensinou o suficiente.

— Donald, você deveria se foder.

Ele não precisava me forçar a recordar o meu maior fracasso e o motivo por eu ter decidido retornar a essa maldita cidade. Eu precisava de uma chance pra mostrar a minha competência e fazer as pessoas que riam de mim se calarem.

Meu desejo era simples.

Mas as pessoas insistiam em me recordar, fazer piadas e me menosprezar como se nunca tivessem cometido um erro. Eles eram hipócritas e patéticos.

— Querida, se for pra me foder, prefiro foder você. — Ele riu ainda mais antes de se afastar como se estivesse satisfeito.

Desgraçados!

Eu iria fazer de tudo para conseguir a reportagem exclusive. Do que realmente adianta ter escrúpulo e moral? Nada disso me daria a reputação ou um emprego quando o meu chefe, finalmente, cansasse de escutar piadas sobre mim.

Já que Gonzalez não me levava a sério, então iria deixar tudo mais divertido. Voltei para o hotel em poucos passos e não hesitei ao abrir o notebook. Escrever sensacionalismo nunca foi um problema para qualquer jornalista, afinal estudávamos para criar títulos e matérias que atraíssem a atenção das pessoas, só não éramos desprovidos de moral para criar coisas inexistentes, pelo menos, a maioria de nós, jornalistas, não era, mas sempre havia algumas maças podres na arvore.

Elina Falcon tinha uma vida secreta?

Escrevi sem qualquer remorso ao detalhar a forma como o detetive especial do FBI parecia acreditar na hipótese de Elina estar escondendo uma vida secreta. Finalizei o texto indagando o quanto o governador poderia saber e o motivo pela atenção da mídia no caso.

Nada como atiçar a população com uma possível intriga politica e o uso de recursos públicos em beneficio de políticos ricos.

Enviei para o meu editor e respirei fundo.

Tinha certeza que Gonzalez iria aparecer assim que a matéria fosse publicada e isso iria bastar para conseguir me infiltrar na investigação ou na vida dele. Qualquer uma das opções era valida. 

CONTINUA...

Sei que estão orgulhosos de mim pq tb estou hahah até o proximo domingo