(Não) faça essa hora extra!

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Suas palavras são a última coisa que consigo escutar antes de apagar totalmente.

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      Os fracos raios alaranjados e quentes do sol me forçam a abrir os olhos, meu corpo está deitado em uma cama King Size forrada por lençóis macios e perfeitamente lisos, como se tivessem acabado de sair da secadora. Um edredom grosso e macio me protege do frio da manhã e minha pele está morna pelo sono. Estou vestida com uma camiseta larga e bege, tem literalmente o dobro do meu tamanho, e isso com certeza não é meu!

Percebo em desespero que não estou no meu apartamento e muito menos no escritório. É um quarto gigantesco, cortinas azuladas estão abertas, permitindo a entrada de luz e calor solar, o chão coberto por um assoalho de madeira e seu aspecto limpo indica que todo chão está coberto por cera já seca, as paredes são pintadas de branco, com exceção de parte da parede onde a cabeceira da cama se encosta, ela é pintada de um cinza - jornal escuro. A cabeceira é estofada e forrada por veludo cinza, de tom mais escuro que a parede acinzentada. 

Ao lado da cama, dois criados - mudos de madeira escura, quase preta têm abajures brancos e simples apagados em cima da superfície envernizada. Um tapete retangular enorme e peludo de cor cinza enfeita o chão escondendo parte do assoalho. No teto, pintando de branco, um lustre me faz questionar se não estou dormindo.

Todo o cômodo tem uma estética clean e ''simples''. O ambiente cheira à citronela e desinfetante. Reparo uma porta de ébano à minha esquerda além da porta de entrada, provavelmente estou em uma suíte.

Tentando raciocinar, o desespero se torna maior ao ver um de meus pulsos preso à algemas, me mantendo aprisionada na cama, e, cresce ainda mais quando eu tenho a péssima ideia de espiar debaixo dos cobertores. Vejo minhas pernas nuas, brilhando e cheirando a óleo corporal, me dou conta de que estou usando apenas uma camiseta  que nunca vi na vida e tem o dobro do meu tamanho e minha lingerie verde oliva. Meus nervos queimam junto a minhas bochechas em nervosismo.

A maçaneta da porta de entrada gira e meu coração falha uma batida quando vejo Henry entrando no quarto, calçando chinelos e vestindo um conjunto de pijama bege: uma camiseta e uma bermuda, ambas de algodão e perfeitamente lisas. Seu cabelo negro e brilhante e os olhos azul - esverdeados estreitos estão sonolentos. Ele me analisa de cima a baixo e coça a nuca antes de começar:

- Bom dia... - diz como se tivesse ensaiado isso mil vezes, como se lesse um roteiro.

Meu coração bate num ritmo staccato, o sangue parece ferver enquanto corre pelas minhas veias e sinto-as pulsando debaixo da minha pele. Sinto um grito se formar na minha garganta enquanto meus neurônios trabalham furiosamente na possibilidade de isso ser um pesadelo.

- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? - grito libertando meu nervosismo interno.

- Acalme-se! - ele retruca cobrindo os ouvidos com as mãos na tentativa de abafar a audição.

- POR QUE EU...? - Lanço um olhar assassino para Henry que parece ler meus pensamentos , seu rosto se torna pálido e os músculos se contraem. - QUEM TROCOU AS MINHAS ROUPAS? E POR QUE ESTOU...?

Abro a boca para tentar terminar a frase, encontrar algo para dizer, mas sou incapaz de formular uma única palavra. Vendo que eu pretendo gritar ele gesticula com as mãos e me interrompe rapidamente:

- NÃO SE APAVORE! Me escute! a empregada trocou suas roupas e te deu banho, você dormiu no quarto de hóspedes, e... Eu juro por Deus que não fiz nada com você. Só está algemada porque se acordasse, poderia fugir.

Your BloodWhere stories live. Discover now