Capítulo 1: Last Hope

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O despertador tocava como plano de fundo, mas SeHun estava alheio ao som, quase caindo da cama, até ouvir sua mãe se aproximar e o chamar uma única vez.

- Oh SeHun, se não levantar agora, tiro seu videogame por um mês! - a Beta disse firme.

- Que, ah... tô acordado... - o barulho da sua porta abrindo acompanhado do grito da mãe finalmente o acordou num susto que o derrubou da cama.

Ainda tonto pelo sono, levantou e cambaleou até o guarda roupa, pegando o cabide com o seu uniforme e de maneira muito preguiçosa, trocou de roupa.

No banheiro do corredor, jogou água em seu rosto na tentativa de levar o sono embora, mas tudo que conseguiu foi uma careta pela água gelada em contato com a pele quente, ao menos limpou a baba que escorria de sua boca até pouco tempo atrás.

- O café já está pronto, SeHun! - ouviu a Alfa dizer do andar de baixo no exato momento em que a mãe Beta passava em frente ao banheiro com um cesto de roupas.

SeHun tirou a toalha do rosto e sussurrou:

- Deixou ela fazer o café?

- Deixei... - ela fez uma expressão como de quem pedia desculpa em silêncio. - Poxa SeHun, deixe passar dessa vez, é seu primeiro dia na escola nova, ela está tão empolgada, tem certeza de que vai arranjar um namorado esse ano.

- Justamente, preciso estar forte para aguentar o primeiro dia... - resmungou - e eu não vou arranjar ninguém, nenhum Alfa se interessa por um ômega de 1.80.

- Um e oitenta e três. - corrigiu a mãe.

- Não ajudou muito... sou praticamente da altura da maioria dos Alfas da minha escola.

- Filho... Quando vai enfiar nessa sua cabeça que amor não tem nada a ver com aparência, não importa que seja mais ou menos alto que seu parceiro ou parceira, nem se será Alfa, Beta ou Ômega, o que importa é...

- O que sentem um pelo outro - respondeu em uníssono com sua mãe.

Aquela era uma frase habitual da Beta, que repetia sempre que SeHun tinha uma crise por conta de sua altura ou aparência.

SeHun ainda se lembrava da primeira vez em que tiveram aquela conversa, tinha apenas 8 anos e já era maior que todos os ômegas da sua escola.

- SeHun - a mãe chamou e pelo tom de voz, sabia que era um assunto sério - olhe para mim.

A Beta deixou o cesto de roupas no chão e foi até o filho, segurando seu rosto com as mãos antes de continuar.

- Você é um Ômega lindo, sei que sabe disso, pois estamos cansados de dizer e bem, você não é cego! - disse fazendo SeHun rir. - Não se cobre tanto, está bem? Se não sente vontade de ter um parceiro, não há problema algum, você ainda é jovem, não estamos mais nos anos trinta onde os Ômegas se casavam aos 16!

- Eu sei mãe...

- Me deixe terminar, se você não tem vontade de estar com alguém, não te pressionaremos, agora, se em algum momento se sentir diferente em relação a alguém, não reprima esse sentimento por medo de ser rejeitado, ok?

- Mãe... - não queria admitir, mas estava nítido seu desconforto com aquela conversa, relacionamentos, paixões, esses assuntos eram tabu na mente de SeHun.

- Me prometa.

- Prometer o que? - perguntou confuso.

- Me prometa que não vai se rejeitar antes mesmo de saber se tem alguma chance de verdade com quem quer que seja.

- Me prometa SeHun. - ela disse mais autoritária quando o filho não respondeu.

- Tudo bem, eu prometo. - respondeu por fim, odiava mentir para suas mães e não queria mentir sobre isso, então realmente prometeu aquilo de forma sincera, afinal, sabia que ela tinha razão, pelo menos na teoria. Na prática era um pouco mais complicado, sabia que suas chances com qualquer pessoa eram mínimas devido a sua altura.

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