I think there's been a glitch

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''Mas fazia muito tempo que eu não queimava nada!'' Me defendi, e beberiquei meu café.

''É a terceira vez no mês.'' Skye colocou a mão na cintura.

''E ainda é dia dez.'' Bo acrescentou.

Lhe lancei um olhar carrancudo. ''Você não ia tomar banho?''

''Okay, okay!'' Ele levantou os braços em rendição, e foi para o banheiro.

Skye voltou a se sentar ao meu lado, e juntas bebemos nossos cafés em silêncio.

''Mandou mensagem para ela?'' Ela me perguntou.

''Não. Mas pensei em algo muito melhor.''

''Hmm.'' Mais silêncio. E então: ''Você está sentindo esse cheiro?''

Funguei.

''AI MEU DEUS O PÃO NA CHAPAAAAAA!''

Não sei. Talvez eu e meus amigos tínhamos um dom coletivo de queimar comida. 

Nós duas nos levantamos de um pulo, e bati a cintura na mesa, o que fez com que a xícara de Skye, que estava cheia até a borda, caísse para o lado, derramando todo o resto do café novamente e fazendo uma lambança muito maior do que a anterior. O líquido se espalhou por toda a mesa, pingando por todas as bordas, se esparramando pelo chão com rapidez, conforme o cheiro de pão queimado tomava o apartamento e um Bo nu, todo molhado, corria até a sala para ver o motivo do alvoroço.

O olhar de Bo foi de mim, que segurava a mesa como se isso fosse impedir o café de continuar caindo, para Skye, que segurava dois pães tostados pela pontinha, e nós duas olhamos para ele.

Éramos o próprio triângulo da desordem e foi impossível não pensar que isso daria uma ótima cena para um livro.

''Caracas Bo'' Foi eu quem quebrou o silêncio ''Você tá de parabéns.''

''Amélia!'' Skye e Bo me repreenderam ao mesmo tempo, o último só então percebendo que estava pelado. Com um gritinho esganiçado, Bo cobriu as partes baixas e voltou ao banheiro.

Olhei para Skye, que estava vermelha como um pimentão, e não pude evitar de provocá-la: ''Ele não está de parabéns???''

Skye me olhou por um ou dois segundos atônitos antes de me xingar com todos os palavrões mais sujos existentes, o que me fez rir até minha barriga doer.


*


Durante à tarde, não havia absolutamente ninguém na Sweet Blue. Todos que entravam pediam coisas para a viagem e saíam logo em seguida, se forma que eu não precisava ficar limpando mesas sem parar e poderia ficar sentada atrás da caixa registradora, estudando.

O sininho tocou e levantei os olhos, meio ansiosa, mas não era quem eu esperava ver.

Porém, ao identificar as trancinhas verde musgo, fiquei ainda mais surpresa.

''Lisa? O que está fazendo aqui?'' Me levantei, ligeiramente preocupada, pois Lisa só havia aparecido na Sweet Blue três vezes muito específicas dentro de todos os nossos meses de amizade. Na primeira, era porque Martha Johnson havia desaparecido e ela estava surtando, pois não conseguia encontrar a gatinha em lugar nenhum. A segunda, porque quis apresentar a cafeteria para os pais, que tinham vindo da África do Sul para passar uma semana com ela e ver como andava sua vida cotidiana sozinha em São Paulo. Na terceira, ela foi assaltada e chegou na cafeteria aos prantos Quando perguntamos o que levaram, ela respondera que levaram sua bolsa e, ao perguntarmos se havia algo de importante na bolsa, ela disse que havia comprado brinquedos para as suas gatinhas e continuou a chorar pelo que me pareceram horas. O celular? Estava na casa dela, junto com a certeira e qualquer outra coisa importante.

Darling I'm Ready (to burst into flames for you)Where stories live. Discover now