Você tem um despertador esquisito

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Ele fugiu bem descaradamente do meu contato, mas estou feliz demais para importa-me com isso. Caminha lentamente pelo quarto, sai deste, adentra o corredor curto, enfia-se no banheiro, abre a torneira, escova os dentes e volta com o short torto. Tudo isso muito bem escutado e visto por mim, pois sei exatamente qual parte da cama e qual ângulo devo ficar para ver o que se passa dentro do banheiro. E agora que ele chega e me vê na pontinha e inclinado para fora da cama, ele percebe que eu estava a espiar.

— Você é podre! — acerta-me com um golpe da toalha. — Você parece aquelas pestes de doze anos, sinceramente. Nunca acordou com o negócio duro não, Jimin?

— Credo! Vai me bater por causa disso? Eu pensava que tu ia no banheiro pra... Você sabe — minha expressão maliciosa ao sentar na cama é um dos porquês de Jk me bater outra vez com a toalha azul.

— Jimin, qual seu problema com a palavra "masturbação"? — ele cruza os braços e faz uma pose tão extravagante que é impossível não se apaixonar e rir ao mesmo tempo.

— Nenhum — me encolho todo, pronto para apanhar mais uma vez.

— Então reformule sua frase.

Isso está mesmo acontecendo? Eu nem sei o que está acontecendo.

— Credo! Vai me bater por conta disso? — repito.

— A outra — e então ele revira os olhos.

— Eu pensava que você ia pro banheiro pra...

— Sim...?

— Tá, boboca. Você ganhou. Eu tenho doze anos de idade e não consigo ter uma conversa de coisas de adulto com ninguém. Satisfeito? — cruzo os braços e as pernas. Jk sorri feliz da vida, claramente satisfeito.

— Mas eu quero ouvir você falar.

Ele está brincando muito com a minha cara, sinceramente...

— Pensei que tu ia ao banheiro para se masturbar — falo e desde já sinto vontade de sumir. Eu não gosto tanto de falar tão explicitamente assim, é um pouco vergonhoso. Sim, eu tenho doze anos. Nenhuma ofensa para quem tem doze anos.

— Respondendo à sua pergunta: não, não fui. Se eu quisesse me masturbar, você poderia fazer isso para mim, né? Já que ontem você estava morrendo de vontade.

— A culpa é minha se você se excita facilmente?

— Por que minha excitação faria parte desta discussão mesmo? — ele avança sobre mim com a toalha, como se estivesse prestes a me enforcar. Tropeça nas minhas pernas e acaba por quase cair na cama, se não fosse eu puxando-lhe pelo quadril para cima de mim.

— Porque sim — respondo, quase puxando seu short.

Ele está de frente para mim, com ambos joelhos o apoiando ao lado da parte externa das minhas coxas. Mas ainda sinto a toalha ao redor do meu pescoço; folgadas, porém está. Ele aperta um pouco mais e eu sorrio.

— Sabia que eu poderia te matar agora?

— Ah, nossa... Que assassino você — ironizo. — Se você não tirar a toalha do meu pescoço, eu desço seu short.

— E depois? — será isso um desafio?

— Tu senta no meu colo e o resto eu faço — nossa, estou muito podre hoje. E Jk reconhece isso, já que simplesmente solta a toalha e cai na cama morrendo de rir. Eu sou um garoto de doze anos que às vezes não tem vergonha na cara.

Enrolo teu corpo risonho ao meu, amando com tudo que tenho para amar. Acho engraçada sua risada de raiva, porque tua mão me acerta o corpo inúmeras vezes e são tapas tão amáveis que a única ardência que quero sentir por toda a vida é isto mesmo.

— Nossa, Jimin, você fala muita merda! — e nada disso nos surpreende mais.

— É, eu sei. Mas você ri mesmo assim — teus olhos de um formato extremamente perfeito piscam de alegria e sou obrigado a acariciar as madeixas escuras deitadas no colchão. — Você é lindo.

— Você sempre diz isso — põe a mão sobre a minha, então sinto a textura macia.

— Porque é verdade — é que estou bobinho, enfeitiçado. E nesta magia toda que emana de mim, me faz segurar teu queixo e lhe deixar um beijo nos lábios.

Nos jogamos no calor do momento, na lareira da dor destes desejos ridículos que inflamam nossos corpos. Não sei se é o sol, a cama com os lençóis bagunçados ou sua língua com gosto de creme dental que me fazem querer muito mais. E eu acho que se a gente ficar um pouquinho aqui, só um pouco, na nossa intimidade, não tem problema nenhum. E assim que enfio meu joelho entre suas coxas, eu tenho certeza que podemos fazer desta manhã algo surreal.

O amor é uma bobagem. Não é só sobre dor ou sentir atração romântica por alguém. É uma bobagem sem sentido, pois perdemos nós de nós mesmos para alguém que, assim como nós, não faz sentido algum tampouco entende o porquê de fazer o mesmo. Mas, sinceramente, eu fatalmente amo o jeito que costumamos passar juntos. É superficial, confesso. Mas as manhãs são doces e tê-lo rendido à mim é sinônimo de dádiva.

Conquanto, Jesus do céu! Somos interrompidos pelo despertador filho da puta que programei meses atrás. Jk se assusta, empurrar-me longe de ti e passa a olhar para o aparelho que não para de gritar "acorda, vagabundo, vai procurar emprego!" Se isso não é um pesadelo, gostaria de receber a informação de que a gravação do despertador sou eu gritando e chamando a mim mesmo de diversos impropérios? Porque é exatamente isso.

Jeon olha para a minha cara e ri. Totalmente vergonhoso, mas eu não fazia ideia que Jk estaria aqui para escutar a droga desse despertardor. Ele deve estar me achando um idiota agora.

Você tem um despertador esquisito, Jimin — senta-se na cama e estica as pernas.

— Não era pra você ter escutado essa porcaria — afinal, é comum acordar a si mesmo com a palavra "vagabundo"?

— Funciona, viu?

— É, eu sei — rio. Não obstante, o riso perde-se entre os raios solares assim que noto um fato um tanto importante neste momento. — Eu nem lembrava que ele estava em atividade. Eu nunca estou em casa para escutá-lo, já que é o horário que estou no restaurante. E isso que dizer que...

— Puta merda, estamos atrasados! — salta da cama e ambos corremos aos tropeços ao banheiro.

E agora somos dois namorados disputando quem toma banho primeiro, quem ensaboa quem, quem enxuga quem, quem é que é o culpado por não perceber que o sol estava intenso porque a manhã estava em seu ápice do ápice. Mas sabe qual o melhor disso tudo? Jk é meu namorado. Meu namorado.

Café et Cigarettes • JikookDove le storie prendono vita. Scoprilo ora