cap. 2

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-Ginny Weasley
Duas semanas antes do acampamento.

Vestidos, brilho, euforia, bebidas e dopamina em excesso. É, eu me formei. E os problemas vieram tão rápido que mal pude relaxar.

De fato, se eu fosse alguém com uma saúde mental e um parceiro emocionalmente estáveis, pequenos empecilhos jamais seriam chamados de grandes problemas, desses que tiram a paz e o sono. Mas eles são, e contar para meu namorado que vou para um acampamento no verão e ele não está incluso na lista de convidados, é o primeiro da lista.
Miguel e eu vivemos entre beijos e discussões, uma relação onde ele sempre pode sair com sua banda e ir para onde bem entender, mas se eu ousar criar um programa que não o inclua, sou uma vadia.

-São doze dólares, moça. - Paro de divagar quando o caixa da conveniência fala comigo, vim comprar algumas coisas para aliviar o encontro com Miguel. Dirijo um sorriso ao cara e os doze dólares, e sigo em direção ao parque.

Um piquenique foi uma ideia meio arriscada, confesso. Não sabia se meu namorado iria realmente comparecer e não me daria um bolo nos últimos minutos, mas o subornei com seus chocolates favoritos e disse que apareceria em seus próximos ensaios. Não me leve a mal, mas os colegas de banda dele são uns escrotos, e sempre achavam conveniente olhar para minha bunda quando Miguel não estava prestando atenção em mim, e isso era quase o tempo todo.

Depois de atravessar alguns quarteirões, escolho um local sombreado, e espero. Espero por 5, 6, 7, 8, até 10 minutos. Me deito sobre a toalha quadriculada e fico olhando para o céu, cansada, até uma sombra agigantar-se sobre meus olhos semicerrados, fazendo com que eu me sente novamente.

-Oi amor. - A voz de Miguel é inconfundível, ainda mais para quem já a ouviu em seus mais variados tons. - Passei na garagem do Tom combinar uns horários de ensaio, o de sempre.

-Fazem dez minutos que estou aqui. - Digo, mais para mim mesma, tendo em vista que Miguel fez um sinal de desdém com seus dedos, pegou alguns morangos que estavam distribuídos na toalha e me beijou rapidamente, como se fosse obrigado a fazer aquilo. - Eu trouxe seus chocolates preferidos, como prometido, Miguel.

-Valeu. Agora falando sério, manda aí, vai. - Ele me diz, e eu sei que quer que eu diga qual o propósito do nosso encontro, logo e o mais rápido possível, para se livrar disso tudo. - Você não costuma me chamar para esses rolês, estou curioso.

Respiro, toco a mão que ele está usando para se apoiar na grama, acariciando a. E olho em seus olhos, pensando em tudo, o quão aquilo parece bobo, desgastante, idiota. Merda, eu só queria que ele me amasse tanto quanto adora aquela droga de guitarra. Porra, quando foi que eu me perdi assim? Não me sinto tão humilhada há muito tempo.

-Eu e Luna planejamos passar o verão em um acampamento, em Seattle. Tem um programa legal e pode ser bom para que eu possa relaxar antes da faculdade. - Não busco seu rosto enquanto despejo toda a situação em seus ouvidos, e nervosa, começo a mexer com meus dedos freneticamente. - Você sabe que não tem sido fácil conviver o peso de estar escondendo do Ron que ganhei a bolsa. Acho que estou enlouquecendo, quero ter alguns meses em paz.

-Que pena. Você sabe do lance meu com os caras, o verão é nosso momento de fazer dinheiro com a banda. - Disse ele, e aí tenho certeza de que não entendeu nada, sinto minhas emoções começarem a mudar para ódio. Porra, será que não fui clara? Eu e Luna. Eu. - Mas você sabe, vida, pode ir a todos os ensaios e shows, eu ia adorar.

-Não, não, eu... Você não entendeu. - Passo minhas mãos pelas mechas ruivas rebeldes que insistiam em parar em meu rosto o tempo todo, sinto raiva até mesmo disso. - Eu e Luna estamos planejando ir ao acampamento, nós duas. E o Ron, caso se sinta mais seguro sabendo que tem um homem cuidando de mim, mas gostaria que...

-Não. Que merda é essa, Ginny? Agora você planeja tudo sem me incluir? E só me conta agora, eu não acredito. - Vejo sua silhueta levantar e começar a perambular de um lado para o outro, e me preparo para o que vem a seguir. Gritos. - Você perdeu a cabeça?

Não. Eu não perdi, talvez esteja a prestes a perder, mas não vou deixar que isso aconteça de novo, pelos próximos dias da minha vida ao lado desse babaca. Que eu amei, que talvez eu ainda ame, eu não sei, Miguel conseguiu enganar até meus sentimentos.

-Para! Você está começando a me dar dores de cabeça demais. - Falo, pegando minhas coisas ao chão e buscando evitar um confronto em público, não gosto desse tipo exposição e não aguento mais. Não mesmo. - Eu não quero mais falar com você. E quer saber? Acho que nem te quero mais, idiota. Acabou. Eu vou a porra desse acampamento e a todas as merdas que eu tiver vontade a partir de agora.

Nunca tive esse tipo de reação com ele, e é possível notar somente olhando para seu rosto, incrédulo, o qual tive um vislumbre rápido antes de o mandar a merda e sair correndo. Eu quero chorar, quebrar tudo, voltar, beija-lo uma última vez e fingir que ele não é quem realmente é, mas prefiro seguir em frente. Quebrar a barreira que tive tanto medo de ultrapassar por todos esses meses.

É eu me formei. E terminei também.
Ainda tenho problemas demais.

The Last Summer - HinnyWhere stories live. Discover now