-Bom dia galerinha agora são...- eu aperto o rádio despertador e pela primeira vez em muito tempo não o acho tão inútil.
-Quero comer- Eu olho para o lado e vejo um David emburrado, ele está nu mas coberto por um lençol. Seu rosto extremamente vermelho brilha com alguns raios solares que ultrapassam as frestas na janela.
-Bom dia flor do dia- não importa o quanto eu tente, nunca vou deixar meu sarcasmo - desculpe não ter trago o seu café da manha de princesa, mas você acabou comigo ontem - ele pouco a pouco ganha a coloração de um pimentão, acho que por pouco seu rosto não explode.
-Ha ha engraçado- ele bate em minha perna tentando parecer superior- você tem que ir comigo no hospital pagar a conta- por mais que a noite de ontem tenha sido boa, eu não posso me esquecer que tudo não passa de um contrato ele é um homofobico e não deixará de ser.
Eu me levanto da cama e vou até a cozinha, David me segue talvez um pouco sem graça de estar sozinho na casa nova.
-O que foi?- Ele se dirige a mim quando paro para encara-lo - eu só quis esticar as pernas, não consigo evitar um sorriso pervo em meus lábios.
- você sabe que posso ajudar com isso - Ele vira seu rosto corado e imediatamente vai pra sala, mancando um pouco - E David.
- o que é? - ele se vira emburrado.
- se quiser tem gelo pro seu bumbum magrela- eu mando um beijinho no ar e ele levanta seu dedo médio.
-Ah vai se ferrar Richard! - e continua seu percurso mancando. Eu pego duas tigelas e uma caixa de cereal, talvez não seja tão revitalizante, mas por agora é o que eu tenho. Eu levo o cereal ate a sala onde encontro David assistindo a algum dos episódios de Samurai X, isso talvez seja uma das poucas coisas que compartilhamos. Um amor inexplicável pelos Animes.
-Aqui - estendo a tigela com cereal para ele - depois que comer se arrume, vamos ao hospital. E assim me dirijo ao banheiro. Sei que meu pai vai se enfurecer se eu faltar ao trabalho por isso de lá eu vou levar David até a empresa e cumprir minhas funções.
As 10:20 chegamos ao hospital onde Anne está internada, o Cheiro de álcool e desinfetante me lembra o passado, bons e maus momentos.
- Richard- David estala seus dedos em frente ao meu rosto me resgatando dos pensamentos que me invadem- Assine logo, eu quero ver Anne! - Eu concordo e Assino o papel, pouco me importa os valores. Assim que acabo de assinar sigo penosamente David que chuta o ladrilho indo em direção ao quarto de sempre.
-Toc toc- Ele entra no quarto- adivinha quem é?!
-Ha ha... bobão, eu já não sou mais criança ta- ouço a voz de Anne acabada, um total oposto da Anne que conheci, uma Anne Alegre cheia de vigor e que estragou minha adolescência.
- Eu trouxe visita- Ele me arrasta até o quarto e eu me deparo com os mesmos olhos brilhantes, mas agora encizentados pela doença, ele está irreconhecível. Sua pele repuxada pelos ossos, talvez seja pela doença ou por muito tempo sem se alimentar bem, mas mesmo que ela esteja assim eu não consigo esquecer o passado.
- Rich? - sua voz soa magoada e com remorso. Eu realmente não quero pena, nem nada vindo dela.
- Eu espero você lá fora David- minha voz soa seca e brusca.
Enquanto eu saio rapidamente daquela sala infernal de hopital e me perco em pensamentos ouço David correr atrás de mim e entrar no carro. O resto do dia foi rigidamente normal, mas só o Dia.
