3° Um dia

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P.O.V Jennie

    ♡ Quatro anos atrás

Eu estava prestes de completar vinte e cinco anos, faltava exatamente uma hora para isso.

Só que dessa vez seria meu primeiro aniversário estando sozinha. Estando em uma casa apenas minha, sem nenhuma voz para me atrapalhar, sem ninguém pedindo satisfação e sem ninguém para me obrigar a fazer qualquer coisa.

E o melhor, em mais alguns meses finalmente me formaria. Eu estaria pronta de fato para viver da maneira correta.

Ignorei as mensagens das minhas amigas, afirmando mais uma vez que eu não queria comemorar meu aniversário durante a madrugada, mas prometi que nos encontrariamos mais tarde. Principalmente a Rosé, ela com certeza faria questão de me levar para tomarmos café da manhã juntas. Ainda não moramos juntas, mas temos plano de realizar isto após terminarmos a faculdade.

Peguei minha jaqueta preta, só assim para sair de casa e poder caminhar. Não era loucura andar sozinha por aí, não quando tinha pessoas ainda passando de um lado para o outro, e principalmente por não ser um bairro perigoso. Eu só precisava caminhar, sentir o vento e admirar as poucas estrelas.

Admirar o céu me fazia lembrar imediatamente do meu pai, que infelizmente havia falecido há quinze anos atrás. Ele foi minha inspiração para eu querer me envolver na área da polícia, e desde então me apaixonei pela a profissão. Claro que seria magnífico me vingar do canalha que assassinou friamente o meu melhor amigo, mas não tive essa sorte. Meu pai sempre foi incrível, brincalhão e gentil comigo, e com todos, mas eu me sentia especial ao lado dele. Era injusto alguém tão bom ter tido um fim.

Mas, claro, eu não pensava todos dias nele. Eu podia considerar que superei o suficiente para seguir minha vida e crescer saudável. Também admirei minha mãe por ter conseguido superar e viver bem, com um novo amor que chegou anos depois. Ambos felizes.

Eu também me dava bem com minha mãe, uma pessoa carinhosa e atenciosa. Então ela não foi o motivo de eu querer ter rapidamente minha liberdade, tampouco meu padrasto. Eu gostava dele, o admirava por cuidar tão bem da minha mãe e de mim.

Só que comentários podem te machucar, tenha noção disso. E nesse caso, algumas pessoas da minha família amava intrometer em minha vida e me achar velha demais por ainda continuar na casa da minha mãe e atrapalhar a vida dela com meu padrasto. Eu sabia que não incomodava nenhum deles, sempre afirmaram que eu sou bem vinda pois também era o meu lar, ao lado deles, mas não bastava. Eu fui contaminada com palavras, então faltando apenas cinco meses para acabar a faculdade e uma semana para completar vinte e cinco anos, eu sai de casa e consegui meu próprio lugar.

Mas na verdade, a grande parte da minha família são uma merda preconceituosa. Mamãe tem apenas eu de filha, e com a morte do papai, a maioria quis ajudar com minha educação. Mamãe aceitou a ajuda, principalmente por conta do trabalho e eu ter apenas dez anos.

Horrível. Ensinamentos religiosos todos dias, eu precisando ser gentil com os mais velhos que sequer sabia me respeitar. Eu precisava me sujeitar com coisas patéticas, só para a mamãe poder trabalhar sem nenhuma preocupação.

Também houve a fase de culpar minha mãe, quando gritei com ela e falei que a mesma nunca havia cuidado de mim e coisas duras, mas antes que fosse tarde, eu percebi o meu erro e pedi perdão.

Com vinte anos foi quando eu percebi que eu não poderia fugir da realidade. Eu era uma pecadora, igual qualquer um. Mas só notei isso quando encarei estranhamente as garotas.

Percebi o quão atraentes são. Percebi que garotas tinham uma beleza única, que chamava totalmente a minha atenção. Percebi a minha enorme vontade de beijar os lábios das meninas em minha volta, principalmente sentir vontade de levá-las para minha cama, mesmo sendo desconhecidas. Eu era uma virgem com homônimos agitados, então tinha pensamentos impuros. Bastante pensamentos.

Um dia {Soulmates} concluído Where stories live. Discover now