A Dama Negra arqueou com o susto, cambaleando para trás, sem conseguir tirar com as mãos a adaga enterrada entre seus ossos, quase alcançando o coração.
Pelas costas...
Sua dama a golpeou pelas costas...
Como um inimigo covarde e coberto por ódio mortal o faria!
[...]
Ela sangrava.
Talvez pela sensação de humanidade que apossava seu corpo imortal. Talvez apenas por ironia. O sangue negro ainda jorrava quando ela deixou o salão do trono, cega por um sentimento obscuro e animalesco. Ela ao menos olhou para Camila, encolhida contra as portas fechadas. Apenas passou por ela, ordenando a qualquer um que a levassem para os seus aposentos.
Ela ainda ouvia do corredor o choro desregulado da humana, que continuava congelada naquele espaço entre as portas do salão, caída sobre o próprio vômito, estampida com o frio das sombras que emanaram da rainha quando a faca entranhou em sua carne.
Lauren caminhou pelo castelo cega por todo o ódio em seu ser, ódio daquele ser imortal e estúpido enraizou aquele pensamento imundo na mente de sua dama. Ela conseguia pensar em várias maneiras de tortura-lo caso fosse de carne e osso, mais o deus hebreu não o era, e ela deveria continuar trabalhando na única maneira de conte-lo. Não matar, mas aprisona-lo.
Ao escancarar as portas do próprio aposento, chamas negras incendiaram a mesa mais próxima. Aquela chama de ódio consumindo-a de dentro para fora. Sua magia era como brasas ardilosas que não queimavam, mas consumiam tudo ao redor, não se espalhava, mas fazia tudo o que tocava se tornar cinzas.
A Dama Negra estremeceu todo o castelo com seu grito enraivecido, e até mesmo os corvos empoleirados nas janelas e telhados próximos bateram as asas para o mais longe possível da rainha ensandecida.
— Jovem e indomada. — A voz em um deboche contido evidenciou Ruby antes mesmo dela dar um passo para dentro do quarto, fazendo Lauren engolir o rugido de suas chamas negras. Não podia se dar ao luxo de deixar que a demônia a visse daquele jeito, fragilizada e enfraquecida pelo golpe de Camila, se fosse humana... se sequer dependesse dos órgãos vitais para habitar aquele corpo...
Estaria morta.
Pelas mãos da mulher por quem dedicou mil anos...
— Corajosa e burra o bastante para cravar uma faca bem... — Ruby se aproximou das costas enrijecidas da soberana, a adaga ainda entranhada em suas costas. Ela moveu a mão para agarrar o cabo com a gravura de um dragão entalhado. E então puxou para fora e para fora, a mesma esgrinchando sangue sobre o rosto da demonia enquanto saia. — Em seu coração!
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O Coração da Serpente [CAMREN]
FanfictionAo sussurar Lilith, pode-se dizer que estás chamando pela rebeldia, pela luxúria, pelo prazer da carne em forma humana, estás clamando pela blasfêmia. A primeira mulher de Adão, rainha do submundo, que rastejou ao Éden em forma venenosa para corromp...