[9] Os 7 Instintos : PARENTAL

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Não houve muito tempo para raciocinar sobre isso quando um baque alto foi captado pela minha audição e assim que me virei em direção ao som, tive a visão grotesca da invasão daqueles  seres no banheiro. A última aparição de Jungkook diante de meus olhos foi seu corpo sendo partido ao meio, antes de mais de quinze infortúnios mergulharem em cima dele.

Foi só então que acordei.

O galpão está em silêncio, causando-me a estranha impressão de que aquele pesadelo era de fato uma realidade. A minha vontade de gritar em desespero só cessa quando ergo meu tronco e consigo ver Jungkook dormindo – e babando – em cima da mesa e do mapa que estão nos guiando pelo país.

Foi apenas um sonho ruim.

Reunindo forças nas minhas pernas bambas depois do péssimo sonho, levanto do saco de  dormir que me acolheu durante um tempo e olho ao redor.

Jungkook está realmente dormindo – e agora roncando –, não há presença de nenhum infortúnio e sem qualquer resquício de sangue ou clima fantasmagórico. Quase consigo suspirar aliviado quando minha inspiração trava no segundo em que me dou conta de um mísero detalhe.

O sofá está vazio.

Onde diabos foi parar Yoongi?

E como se tudo estivesse programado, a descarga do banheiro é puxada e, segundos depois, a porta do cômodo abre.

O loiro sai devagar, checando o zíper da calça surrada que usa. Sua cabeça ainda está enfaixada da mesma maneira que Jungkook havia feito, agora um pouco mais ensanguentado do que anteriormente. Agindo como se absolutamente nada houvesse acontecido, o indivíduo abençoado me encara e permanece imóvel, sem qualquer expressão de dor, tampouco cansaço.

— Yoongi...?

Eu acho que nunca disse um nome com tanto temor assim na minha vida.

Ele continua quieto, parado, me olhando como se pudesse ler todas as entrelinhas do meu subconsciente.

— Você consegue me ouvir? — Persisto, com um medo terrível de não obter uma resposta.

Numa lentidão incômoda, Yoongi aproxima-se com os olhos estatelados e manda um sorriso sacana antes de dar dois tapinhas leves no meu rosto:

— É óbvio que eu consigo te ouvir, jegue.

Meu alívio vem tão instantaneamente que não consigo segurar o suspiro que ficou preso desde que vi Yooongi sair do banheiro, deixando escapar um gemido junto com a respiração de tranquilidade.

Eu juro que nunca vi aquele homem me olhar com tanto julgamento igual agora.

Desconcertado, pigarreio duas vezes antes de colocar as mãos nos bolsos e encarar o chão, sem saber onde enfiar a minha cara. Yoongi não demonstrou nada verbalmente quanto fisicamente. Ele simplesmente ficou ali, sem reagir.

Às vezes eu tenho a fácil habilidade de me odiar.

— Não ficou com nenhuma sequela? — Desvio o assunto, tentando quebrar o clima de desconforto que pelo visto só me atingiu.

O loiro solta um 'tsc', indiferente.

— Só vou saber quando tirar essa coisa da cabeça, tá abafando toda a minha audição. — O Min recolhe sua mochila preta do chão e abre,  conferindo algo com extrema minuciosidade. — Acorda o Jungkook, precisamos seguir até a cidade.

The Last Sunset • JIKOOKWhere stories live. Discover now