Mistério Dos Sombrios Vol 1

Capítulo 62

Emily sabia o quanto tudo havia sido difícil para ele, e matar o próprio irmão não havia sido tão aliviador quanto ele havia imaginado que seria. E ela também havia morrido, tinha plena consciência de que sim, ela havia sentido a dor ao ser atingida no coração pela espada de Miguel e o frio, havia sido a morte. Mas então ali estava ela nos braços de Balthazar, sendo abraçada pelo homem que amava após ele tirá-la dos escombros da sala destruída da mansão onde Lúcifer fizera de abrigo depois de ter abandonado o inferno. Não sabia como havia voltado e pela maneira como o demônio que a abraçava parecera surpreso quando ela havia por algum motivo desconhecido voltado a vida, ela desconfiava que nem mesmo ele sabia.

__Sinto muito pelo seu irmão, apesar de tudo você o amava. _murmurou ela sentindo o corpo do demônio ficar tenso ao ouvir a menção dela ao irmão morto.

_O pior de tudo é saber que ele morreu daquele jeito. O pior não é morrer, e sim morrer sozinho, percebendo que não tem amigos ou alguém que se importe, que ninguém era leal a você. Isso é triste, é a pior coisa que existe. _comentou Balthazar a apertando ainda mais contra si.

Quase a perdera e apesar de ainda não entender como ela havia voltado, só podia agradecer a seja lá o que houvesse a feito voltar a vida. Só de lembrar a expressão vazia quando ela morrera em seus braços ele sentia-se ficar mais fraco.

_O que aconteceu com a espada de Miguel? Você conseguiu recuperá-la? _perguntou Emily curiosa quando enfim desfez o abraço, ainda a segurando pela cintura.

_Ela foi recuperada, mas não funciona, o poder que havia nela simplesmente desapareceu depois da explosão. Talvez tenha acabado, eu realmente não sei. _respondeu ele. _Fique aqui, preciso falar com Lilith por um momento. _disse caminhando em direção a demônio que estava ao lado de Azazel junto com outros demônios.

Havia cinzas escuras por grande parte da neve por onde passava, o que indicava os demônios que haviam morrido por causa do poder angelical das adagas e que agora não existiam mais.

_E agora, o que você fará? _quis saber Lilith assim que ele se pôs a sua frente.

_Todos vocês irão voltar para o inferno, vamos homenagear nossos mortos e reconstruir o que foi destruído nos reinos infernais durante as batalhas lá. _explicou Balthazar. _Eu falarei com Miguel e me reunirei com vocês depois para definir como será a partir de agora.

_ Você não vem conosco? _perguntou Azazel confuso. Seu rosto estava queimado e as feridas e queimaduras causadas pelo poder angelical pareciam ainda piores nele.

_ Não. _negou ele.

_Como assim? _questionou Lilith começando a ficar irritada.

_Eu preciso de tempo Lilith. Você e Azazel precisam fazer isso por mim. Eu só preciso de cinco dias e então eu voltarei pra Edom e passarei a eternidade servindo ao inferno. Somente me dê cinco dias para me despedir dela. _ murmurou o demônio pra Lilith, a vendo respirar fundo parecendo exasperada.

_O inferno precisa de você mais do que nunca agora Balthazar. Você precisa estar lá por nós. _rebateu ela irritada.

_Acho que podemos conseguir isso para você. Cinco dias não é muito e o inferno vai sobreviver durante esse tempo, eu e Lili faremos isso. _garantiu Azazel ignorando a expressão furiosa de Lilith ao ouvi-lo dizer aquilo. _E me desculpe por tentar atacar você lá dentro, eu não quis fazer aquilo.

_ Não foi sua culpa, eu disse a você que fizesse o voto perpétuo, você só cumpriu ordens. _disse Balthazar apertando o ombro do irmão de leve. _E eu o agradeço por tê-lo feito, irmão. Cuide de Nora por mim.

Azazel assentiu, o abraçando levemente.
Depois Balthazar virou-se pra Evelyn, que estava logo atrás dele e tinha ainda mais machucados que Azazel e ele juntos, com o rosto refletindo o medo que sentia pelo que seria feito com ela. Havia se aliado a eles e ajudado Balthazar a entrar sem ser visto, mas aquilo não significava que estava perdoada.

_Asmodeus foi atrás de demônios inimigos que conseguiram fugir, aproveite isso e vá embora daqui antes que eu mude de ideia sobre você e o entregue a ele. _aconselhou Balthazar seriamente, a fazendo suspirar aliviada. Pelo menos naquele dia ela não morreria.

_Obrigada. _agradeceu ela acenando de maneira grata antes de se afastar, recebendo de volta um gesto de indiferença do demônio. Ele não se importava com ela, para ele ela não significava coisa alguma.

Balthazar acenou brevemente pra Azazel e Lilith, e caminhou de volta até Emily, sorrindo de maneira carinhosa para ela ao se pôr a sua frente.

_Me promete uma coisa? _pediu o demônio quase que desesperadamente, segurando seu rosto carinhosamente.

_O que você quiser. _disse a humana sorrindo fracamente por causa da sonolência que sentia. Queria mais do que tudo dormir agora, mas faria qualquer coisa que ele pedisse.

_Eu quero que você não volte para casa por enquanto. Quero que fique comigo. Vamos fingir pelos próximos cinco dias que somos um casal normal e que nada nunca vai nos atrapalhar, vamos para qualquer lugar do mundo longe de tudo e todos. E então vamos deixar a conversa sobre nosso futuro e o que acontecerá agora para depois, está bem?

_Feito. _ concordou Emily prontamente. Estava curiosa sobre o que aconteceria dali em diante, mas faria isso por ele. Naquele momento faria qualquer coisa por ele. _Onde eu assino?

_Aqui. _sussurrou Balthazar aproximando seu rosto do dela e a beijando. Explorando sua boca e deixando claro todos seus sentimentos naquele beijo, felicidade por ela estar viva e tristeza por saber que aquilo não podia durar.

Havia obrigações que deveria cumprir e sua natureza não podia ser mudada. Ele era um demônio, ela era humana. A eternidade era dele, mas a Emily só retava alguns anos. Não podia tirar isso dela a transformando no que ele sabia que ela não queria, aquilo a faria infeliz e o que menos queria na vida era lhe causar infelicidade.

_Agora vamos ficar juntos para sempre. _ouviu ela sussurrar contra o seu peito depois dele encerrar o beijo.

O demônio não respondeu aquela afirmação. Ele não podia dizer nada, nunca mas mentiria para ela e era o que faria se a deixasse acreditar que sim.