Capítulo 35

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Emily encarou a porta do escritório a sua frente onde Balthazar havia acabado de sair tristemente. Ele estava certo é claro, mas seu coração não concordava nem um pouco com ele. A verdade era que não conseguia mais evitar sentir o que sentia, era mais forte do que ela. Ouvi-lo falar sobre a garota que havia matado a fez sentir nojo de si própria, aquilo havia acontecido há menos de uma semana e agora ela agia como se aquilo nunca houvesse existido... não conseguia reconhecer a si mesma. Como ela podia ter esquecido tudo que ele havia feito?

Permaneceu ainda por alguns minutos parada próximo de onde ele tinha saído e depois soltou um suspiro cansado enquanto se afastava. Não sabia o que faria agora então caminhou pelo corredor lentamente sem saber para onde iria, só parando ao encontrar uma porta de vidro que levava ao jardim, decidindo que já que tinha que passar o resto do seu domingo ali, não custaria nada conhecer o lugar.

Fazia sol pela primeira vez desde que Emily havia chegado na cidade e ela respirou o ar fresco da manhã sentindo a luz do sol em seu rosto. Ao olhar ao redor viu as flores amarelas estranhas que nunca havia descoberto o que eram, havia milhares delas e o sol forte que fazia parecia deixá-las com uma aparência ainda mais brilhante. Havia passado algum tempo desde que as vira pela última vez, mas ainda tinha lembranças de como a flor havia desaparecido em suas mãos quando fora arrastada até ali por Balthazar no dia em que havia conhecido sua casa pela primeira vez. Ele havia usado seus poderes para levá-la até ali, não fazia tanto tempo assim, mas parecia já ter se passado um século. As coisas haviam mudado bastante desde então, seus sentimentos por Balthazar já não eram os mesmos, ainda havia raiva por tudo que ele lhe fizera, mas também havia muito mais. Tudo estava confuso ainda..., mas sabia de uma coisa, o que sentia por ele não seria fácil de ser esquecido e ela sofreria porque ela mesma havia causado sua rejeição.

_Sinto que não terminamos nossa conversa por completo. _ouviu a voz de Balthazar logo atrás dela a assustando. Ele está bem próximo e Emily ficou surpresa por não ter sentido sua presença demoníaca ou não ter ouvido o som de seus passos se aproximarem.

__Você deixou bem claro seus pontos e eu deixei os meus apesar de eles não serem muito injustificáveis ou inteligentes, eu nunca tive muita sapiência mesmo.  _disse ela se virando para encará-lo respirando fundo. Estava cansada daquilo tudo e só queria que tudo acabasse. Ou Balthazar a queria ou a deixava em paz de vez a protegendo de longe, não suportava, mas suas mudanças de atitudes a cada dia ou hora, ele precisava tomar uma decisão de vez ou aquilo ficaria pior para os dois. _Pensei que você tinha saído, por que está aqui?

_Porque eu precisava esclarecer mais uma coisa e não pode ficar para outro momento. _disse ele seriamente.

_O que?

_No seu primeiro dia aqui em Greendale, antes do seu primeiro dia de aula, antes de você me conhecer eu tentei te matar Emily. Assim que senti sua presença na cidade eu soube que não tinha volta, eu tinha que acabar com você em mais uma tentativa de fazer minha dor parar.  _contou ele colocando as mãos nos bolsos da calça jeans e desviando o olhar do dela envergonhado. _Fui ao seu quarto de madrugada e tentei te matar sufocada com um travesseiro, seria uma forma tola de matar alguém se a comparar a tantas outras que eu já causei, mas não queria causar a mesma dor a você.  Eu saí de lá tendo certeza que você estava morta, seu corpo estava imóvel e eu não mas sentia seus batimentos, porém quando seu pai foi acordá-la pela manhã você estava bem, era como se minha tentativa não tivesse surtido efeito algum e você sequer se lembrava de coisa alguma.

_Se você me matou como posso estar viva? _quis saber Emily chocada com tudo o que ele havia dito. "Ele havia tentado matá-la no passado... e por um milagre inexplicável ela ainda estava viva."

_Eu sabia que de alguma forma eu não conseguiria simplesmente deixar você ser feliz enquanto não a fizesse pagar como fiz com todas. _confessou o demônio vendo o olhar da garota se tornar uma máscara de frieza. Ela com certeza o estava odiando agora. _Se te consola eu me senti mal depois que tirei sua vida, não consegui pregar os olhos depois que sai do seu quarto naquela noite e deixei seu cadáver em cima da cama sem vida. Eu não faço ideia de como você sobreviveu, apesar de ter minhas teorias sobre isso, mas saiba que se existe algo sobre o qual eu me arrependa, isso está na lista. Todas as coisas das quais me arrependo envolvem você e essa é uma delas.

_Não, de maneira nenhuma isso me consola. Você não sente mas essa vontade? _questionou ela em um fio de voz. _Não sente vontade de acabar com a minha vida quando você se lembra de Sophie?

_Não, meus sentimentos por você são totalmente diferentes agora e você sabe. Você sente o mesmo e dentro de mim também existem conflitos sobre como isso é possível. Amar você não deveria acontecer... e voltar atrás nas minhas negativas há pouco é tudo no que estou pensando agora apesar de não dever.

_Eu entendo. _murmurou Emily sorrindo tristemente. _Você acabou de dizer que tentou me matar há algumas semanas, mas não consigo te odiar. O que será que tem de errado comigo?

_Não é sobre o que a de errado com você, porque não a nada. _disse ele. _Sentimentos são como uma penitência para alguns, está sendo o nosso apesar de eu não achar que você mereça penitência alguma.

_E se eu não conseguir te esquecer quando isso acabar? _perguntou ela com a voz falhando por causa da vontade de chorar.

_Você eu não sei, mas sei que eu jamais serei capaz de te esquecer. Minhas lembranças duram para sempre e meus sentimentos também. _assegurou-lhe Balthazar.

Emily concordava com ele e abriu a boca para dizer isso quando uma forte dor nas costas a atingiu em cheio e ela deixou um grito escapar enquanto tombava para a frente e era apoiada pelo demônio que a encarou confuso enquanto a observava por inteiro tentando achar o motivo de seu grito de dor. Mas não havia nada, nenhum machucado ou corte ou presença alguma que pudesse ter feito isso a ela em lugar algum.

_O que houve? _perguntou ele a segurando contra seu peito enquanto ela chorava sem parar sentindo a dor triplicar. Era como estivessem enfiando facas flamejantes no lugar ou a estivesse sendo queimada viva e doía como o inferno. _Emily...?

Ela não conseguiu dizer nada, não podia. A dor era tanta que deixava sua visão embaçada. Não conseguia ver nada além da dor. Doía tanto que não pôde evitar as lágrimas que molharam seu rosto em seguida. Seja lá o que estivesse acontecendo a dor era terrível.

Mistério Dos Sombrios Vol 1Where stories live. Discover now