Capítulo 16

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No final da aula de educação física Emily se sentia esgotada, era péssima em esportes e havia levado tanta bola no rosto de Katherine, que estava no time rival, que estava à beira de deixar-se cair no chão por causa das dores que sentia. Mas para sua sorte e a do seu time, Victor estava na sua equipe e era incrivelmente habilidoso no vôlei, os fazendo ganhar várias vezes seguidas.

_Valeu Hale! _escutou Daniel gritar pra Victor logo atrás dela.

_Você é incrivelmente péssima nisso. _ disse Arthur aparecendo a sua frente lhe dando um sorriso divertido.

_Prefiro os livros e a paz e o silêncio que os acompanha. _murmurou ela respirando de forma ofegante. Esportes a deixavam acabada, e estava seriamente tentada a matar o treino das fênix do dia seguinte.

_É um bom modo de pensar, ainda, mas para alguém como você. _apontou Arthur intrigado.

_Como assim "alguém como eu"? _perguntou Emily começando a ficar irritada. Arthur não se lembrava do que havia feito, mas Emily estava determinada a não esquecer. Não cairia na dele de novo, não voltaria a confiar nele outra vez e nem a ser sua amiga. Entendia que ele fora ameaçado, mas ainda não era justo com ela.

_Bonita como você... sabe... _murmurou o garoto ficando vermelho, parecendo envergonhado. _Apesar dos comentários maldosos sobre sua aventura no molho de carne da bandeja de Phillipe Andrews, a maioria dos garotos da escola se matariam para ficar com você.

_E eu prefiro ser "a estranha" ou o "bolo de carne" do que sair com qualquer um deles. _resmungou Emily prendendo os cabelos em um coque malfeito.

_Até mesmo comigo? _perguntou ele surpreso com o desprezo com qual ela dissera aquilo.

_Com você e que eu não sairia mesmo. _cuspiu amargamente antes de se afastar.

***
_Podemos conversar. _murmurou Emily tentando mostrar uma coragem que não tinha ao ir enfrentar o demônio ao vê-lo sair do banheiro masculino poucos minutos depois.

     Ao contrário do que todos estavam fazendo naquele momento após a aula de educação física, Emily não estava tomando banho ou trocando de roupa, estava sim querendo sua liberdade, e só a conseguiria quando Victor a deixasse em paz. Ainda vestia a roupa curta da aula e sentia frio. Ficou minutos esperando Victor sair do banheiro e agora ao vê-lo sair, o seguiria aonde fosse até que eles tivessem uma conversa franca. Aquela situação estranha da aparente obsessão dele por ela e tudo o que estava acontecendo precisava ser entendida, apesar de tudo o que havia descoberto naquele final de semana, ela precisava de mais informações.

_Tente me convencer e talvez, só talvez, eu a escute. _retrucou ele passando as mãos no cabelo, ainda molhado pelo banho tomado há pouco tempo enquanto caminhava apressadamente rumo a saída, a fazendo praticamente correr para alcançá-lo.

_Victor por favor... _implorou ela o alcançando e segurando seu braço com força, o que o fez parar de caminhar e a encarar de forma analisadora.

Emily não gostou da forma que se sentiu quando tocou em seu braço. A sensação de familiaridade e reconhecimento, como se já estivesse estado em contato com ele diversas vezes e não como se o conhecesse há apenas poucas semanas.

_O que você quer? _perguntou o demônio com olhar entediado, como se só estar perto dela fosse tedioso. Porém Emily pôde captar apesar de tudo que na verdade atrás daquele olhar havia algo mais, como se ele tivesse sentido o mesmo que ela quando ela o tocou, mas estivesse determinado a não a deixar saber.

_Você não acha que precisamos conversar? _questionou Emily de volta.

_Acho que não temos muito o que conversar, eu já disse tudo o que tinha a dizer. _disse ele franzindo o cenho. _Me deixe em paz, quando eu quiser falar com você, e não só falar, mas fazer o que eu bem entender, eu te procuro.

    Ele puxou o braço em que ela segurava com agressividade e continuou caminhando. Emily o observou caminhar até a saída com raiva. Movida pelo ódio e raiva pelas palavras cruéis dele, ela o seguiu até vê-lo entrar em seu carro no estacionamento e bateu com agressividade no vidro do motorista onde ele estava o fazendo soltar um grunhido furioso ao abaixar o vidro. O carro era um modelo novo e era o mais bonito do estacionamento, o que fez Emily revirar os olhos. "É claro que o carro mais caro tinha que ser o dele."

_Você é suicida? Sabe quem eu sou e o que sou capaz de fazer, então não me provoque. _disse Victor de forma ameaçadora.

_Se não o que? Vai me matar? Me bater? Me machucar como você fez quando foi a minha casa? _perguntou ela erguendo o queixo de forma desafiadora. _Por enquanto só ouvi você fazendo ameaças vazias, mas não o vi cumprir nenhuma.

_Existem maneiras horríveis de fazer alguém fazer o que você quer, e eu posso demonstrar cada uma delas para você. _rosnou Victor. _Você não sabe o que é dor, não me provoque.

_Eu não tenho serventia alguma para você, então me deixe em paz. _exclamou Emily notando Martin O'deonel a observando á metros dali de modo curioso, o que talvez gerasse algumas perguntas da parte dele depois já que antes ela afirmara não o conhecer. _Vou ao baile com Martin você querendo ou não porque você não manda em mim. Essa garota que você acha que eu sou, que você acha que conheceu... ela não sou eu. Eu nunca te vi antes de vir para essa cidade, eu nunca sequer estive em outra parte dos Estados Unidos que não fosse em Nova York. Eu não te conheço. Você é um demônio maldoso e cruel obcecado pela pessoa errada.

_Entra no carro. _mandou Victor friamente. Emily não soube dizer se ele mudara de ideia porque havia visto Martin e ela falara sobre ir ao baile com ele ou se pretendia mostrar a ela as coisas horríveis que ele era capaz quando estivessem longe dali. A segunda opção a aterrorizou.

_Prefiro conversar em um lugar seguro, onde não esteja sozinha com você e nem com alguém da sua família. _hesitou ela só percebendo naquele momento o que estava fazendo. Provocado a ira de um demônio de sei lá quantos anos muito poderoso capaz de acabar com a vida dela em segundos. Ela com toda certeza deveria estar ficando louca, só existia essa explicação para o que ela havia feito.

_Desculpa... _murmurou arrependida. _Não sei o que deu em mim, eu só sinto muito. Só que essa situação é simplesmente horrível e eu não posso apenas aceitá-la sem questionar ou me rebelar contra ela, não seria eu se não se fizesse isso.

_Você queria chamar minha atenção, agora você a tem.  _murmurou Victor abrindo a porta do carona ao seu lado e acenando para que ela entrasse.  _Entre Emily, vamos "conversar", como você insistentemente quis me convencer a fazer.

_Victor... _sussurrou ela com a voz embargada.

_Com medo agora Emily? _perguntou ele sorrindo de forma macabra. _Deveria ter pensado nisso antes de me provocar. Entra no carro! _exclamou ele alto o suficiente para que um grupo de garotos em um carro próximo o escutasse. Ele estava ao ponto de perder a paciência e Emily temia o que ele faria quando enfim ele explodisse. _E eu não vou repetir de novo.

     "Você pediu por isso quando quis bancar a corajosa o enfrentando, agora aguente." _pensou ela segundos depois enquanto entrava no banco do carona e fechava a porta nervosa. Amaldiçoou seu lado corajosa que quis fazer aquilo, não havia servido de nada além de deixá-lo ainda mais irritado e furioso com ela.

_Vocês humanos são uma piada. _disse o demônio secamente. _Cometem pecados, as maiores atrocidades, mas não querem pagar por seus erros. O seu pecado foi ter me encontrado Emily, mesmo que não tenha sido sua culpa, você vai pagar por ele...

     Emily não disse nada, não havia nada a ser dito por enquanto. O carro avançava, deixando o estacionamento e indo para algum lugar que Emily não conhecia, seria lá que conversariam.

Mistério Dos Sombrios Vol 1Where stories live. Discover now