Capítulo 38

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Emily assistia Balthazar instruir vários vampiros à certa distância dela ainda lembrando do que havia acontecido momentos antes. E ela não era a única, a cada cinco minutos ela podia sentir o olhar dele sobre ela, apesar de ela não retribuir. Estava envergonhada demais porque sabia que quase todos ali sabiam o que havia acontecido visto que ela e o demônio estavam encharcados dos pés a cabeça, diferentemente de Nora e Azazel que apesar de terem feito o mesmo percurso até ali quase não haviam se molhado.

_Para se ter uma mira certeira você deve ser rápido o suficiente, pegar o inimigo de surpresa sempre é uma boa alternativa, mas duvido que algo assim aconteça. No seu caso eu não aconselharia não se aproximar tanto, mas tentar mirar de longe. _disse Azazel fazendo uma demonstração. Pegando uma das adagas de prata e a lançando de onde estava até um pequeno alvo no fundo do galpão, o acertando precisamente no centro do alvo marcado. Ele não fez careta ou expressão de dor alguma como ela havia visto alguns vampiros fazerem ao tocarem nas adagas angelicais, então ela lembrou do que Balthazar havia dito sobre o poder que havia nelas não ser tão poderoso a ponto de afetar demônios maiores, mas sim demônios de níveis mais baixos como espectros, Deumus ou vampiros.

_Mas é impossível conseguir fazer o mesmo que você de tão longe. _protestou ela não vendo como poderia fazer o mesmo que ele havia feito.

_É claro que não é. Mas se não se sente preparada você pode tentar de mais perto por enquanto. Eu não espero que você consiga de primeira, mas se treinar o bastante pode chegar a conseguir o mesmo com êxito. _argumentou o demônio impaciente, com a expressão ranzinza.

_Pegue Emily, tente daqui. _orientou Nora a guiando para um ponto mais perto do lugar em que o alvo estava, lhe entregando uma adaga com pressa quando a arma queimou levemente seus dedos. Havia vários alvos como aqueles espalhados por todo o galpão e vários dos vampiros presentes ali faziam o mesmo que ela, só que tinham êxito quase sempre de primeira.

Emily deixou um suspiro angustiante escapar e esticando o braço como virá Azazel fazer ela fez seu lançamento, usando tanta força quanto podia ao direcionar seu lançamento na direção que acreditava acertar o alvo certo. Mas a adaga acabou por ir muito para a direita e sem acertar alvo algum caiu no chão com um baque seco. Era lógico que ela não acertaria de primeira, mas aquilo havia sido péssimo.

_Não foi tão ruim quanto você pensa. _comentou Nora ao ver o olhar de frustração da garota.

_É, não foi. Foi lamentável. Ainda bem que não dependemos de você para derrotar Lúcifer, estaríamos perdidos se esse fosse o caso. _disse Azazel asperamente. _Mas você é humana, ser um fracasso faz parte de quem você é.

_Porque você não vai ajudar Balthazar a ensinar os outros vampiros a aprimorar a arte da luta corpo a corpo. _aconselhou Nora irritada. _Eu cuido de Emily. Você não sabe lidar com ninguém além de si mesmo.

_Eu vou. _concordou o demônio. _Pelo menos eles tem uma noção de como lutar para sobreviver e não perderei meu tempo. _resmungou.

Nora bufou revirando os olhos por causa das palavras dele e continuou incentivando Emily pelas próximas quase duas horas seguintes a tentar novamente a cada adaga lançada de maneira errada. Emily errou por diversas vezes e quando achava que não mas conseguiria conseguiu enfim atingir o canto do alvo. Não havia sido prefeito, não havia atingido o centro do alvo que estava representado como o coração do inimigo, mas fizera, mas progresso então sorriu feliz.

_Isso foi ótimo. Se fosse o inimigo você o teria acertado no meio do peito, pouco abaixo do coração. Não seria suficiente para ele morrer, mas o deixaria fraco o suficiente para fazê-lo em seguida. _elogiou Nora a aplaudindo enquanto sorria. Emily sabia que a vampira só fazia aquilo para animá-la e que na verdade aquilo não representava um grande feito, mas se sentiu orgulhosa de si mesma mesmo assim. Ela estava ali no meio de mais de cinquenta vampiros e seres sobrenaturais e estava calma e tentando aprender algo para que pudesse se defender caso algo desse errado. Tantas coisas haviam mudado e ela se sentia feliz por se sentir mais forte e confiante agora.

Emily bocejou se sentindo sonolenta e passeou seu olhar ao redor curiosamente ao perceber que não conseguia ver Balthazar. Sem querer seus olhos pairaram em um vampiro jovem, que apresentava ter a sua idade, com cicatrizes por todo o rosto e a encarou por alguns instantes curioso. Muitos dos vampiros que estavam ali haviam feito o mesmo durante sua chegada ali, curiosos talvez com o motivo pelo qual alguém como ela poderia ter motivado tudo o que estava para acontecer e talvez até por causa de sua semelhança com Evelyn, motivo pelo qual pôde sentir olhares fulminantes principalmente das vampiras ao encará-la.

_Você já está cansada? Posso levá-la para casa se você quiser. _sugeriu Nora ao ver a expressão sonolenta e cansada de Emily.

_Eu gostaria de esperar Balthazar, você acha que vai demorar muito? _perguntou a garota o procurando com o olhar, mas não o achando em parte alguma.

_Acho que irá durar a madrugada inteira. _respondeu a vampira. _Ele e Azazel estão lá fora com outros vampiros, é mais fácil lutar em espaços mais livres, aqui está muito cheio. _disse apontando ao redor.
Nora estava certa, havia muitos vampiros ali dentro treinando com as adagas para ter espaço para que se treinasse mais alguma coisa.

Emily seguiu a vampira até a entrada do galpão e viu de longe quase perto da floresta em um espaço aberto sem árvores, cerca de dez vampiros assistindo uma pequena luta entre Balthazar e Azazel. Não era difícil saber quem estava ganhando. Estava claro até mesmo para ela que não entendia de luta que Balthazar estava na vantagem, parecendo sempre prever os golpes do outro demônio e o derrubando no chão tantas vezes que ela podia ver que a expressão de Azazel já não era de divertimento. Ela sorriu. Não gostava muito de Azazel por isso achou aquela surra uma boa lição a ele. Enquanto para Balthazar aquilo só parecia uma demonstração de golpes feitos em uma luta, para o outro demônio parecia para valer.
Emily sentia os tremores causados cada vez que Azazel era subjugado e caia no chão e era quase como um pequeno terremoto pela força imposta ao solo por causa do poder dos dois príncipes do inferno. Ainda chovia e trovejava muito, o que com certeza faria com que se esses tremores pudessem ser sentidos pelas pessoas em Greendale apesar da distância, elas os confundissem com eles.

_Isso não parece só um treino. _murmurou Emily quando Azazel que havia sido novamente derrubado se levantou e empurrou o peito de Balthazar com toda força que podia furioso.

_Isso é só um treino! Mas você não me parece estar jogando limpo, lutando como se estivéssemos em uma batalha! _gritou Azazel para o irmão enfurecido.

_Não estou te machucando de propósito, sequer estou usando toda a força. _replicou Balthazar soando sincero. _O que há com você Azazel? Está agindo como um garoto mimado. Você sempre soube que sou mais poderoso que você! Tenho o sangue dela em minhas veias.

_Talvez esteja cansado de você me dizer o que fazer! _explodiu o demônio furioso. _Você está causando a porra dessa guerra e nem ao menos deseja usurpar o trono de Lúcifer. Nora me contou que você pretende dá-lo a Lilith. Agora eu fico me perguntando por que não eu? Eu sempre estive ao seu lado nos bons e maus momentos! Sou irmão também e melhor amigo depois que Lúcifer o expulsou! Você sequer cogitou a ideia de me escolher! Por quê?!

_Você se deixaria levar pelo poder. Não é uma boa escolha porque só tomaria decisões que o beneficiariam. Não, eu realmente descartei escolhê-lo rapidamente, não tive que pensar muito para decidir que você não seria uma boa escolha. _admitiu Balthazar suspirando. _Você bem sabe que não seria uma opção boa, vamos ser francos e admitir isso.

_Então não sei por que o estou ajudando. _balbuciou Azazel começando a se afastar, mas parando de repente quando o outro demônio fez um gesto com a mão como se o impedisse.

_Pense muito bem no que fará. Não se deixe levar pela raiva momentânea que você sente agora. _aconselhou Balthazar com um tom sombrio, beirando a doentio que deixava claro que se ele fizesse algo que o outro desaprovasse haveria graves consequências. _Eu conheço suas fraquezas, seus medos. Eu mais do que qualquer um sei seus segredos mais sombrios e secretos. Tome cuidado irmão, não hesitarei em usá-los contra você.

_Isso foi baixo até para você. _disse Azazel soando magoado. _Vou ajudar os outros vampiros lá dentro. _avisou se afastando e passando por Nora e Emily ao entrar no galpão, as ignorando.

Nora foi atrás dele e Emily viu quando a vampira e ele pareceram discutir rapidamente. Mas não prestou muita atenção porque logo em seguida ela sentiu uma mão tocar seu braço e Balthazar que sem que ela percebesse havia se aproximado para falar com ela.

_Vamos, eu a levarei para casa. Você está com sono e melhor ir descansar. Eu voltarei depois para continuar os instruindo.  _comunicou ele a puxando levemente em direção ao carro.
Emily entrou no carro silenciosamente e permaneceu assim por um bom tempo depois que o demônio entrou no veículo eles se afastaram com o carro, seguindo o caminho de volta para a mansão.

Passaram vários minutos e Emily não teve coragem de dizer nada. Não sabia se ele estava com raiva ou não então preferiu ser cautelosa. Só abrindo a boca para dizer algo quando quase quarenta minutos depois o carro entrou na garagem da mansão e foi estacionado.

_Você vai voltar agora? _perguntou ela.

_Posso ficar alguns minutos. _disse ele suavemente pegando sua mão e deixando beijos carinhosos por ela.

_Por que Azazel ficou tão furioso daquela maneira?

_Ele acredita que por ser mais próximo a mim eu o levaria com mais consideração quanto a essa escolha. Eu não desejo de maneira alguma ter a responsabilidade do inferno em minhas costas. _murmurou Balthazar deitando sua cabeça para trás do banco do carro no qual estava sentado parecendo cansado.

_E você o levou em consideração ao escolher Lilith? _quis saber Emily curiosa.

_É claro que levei. As coisas que falei foram para machucá-lo, mas ele foi minha primeira opção. Só que Azazel é muito inconstante, sua imprevisibilidade é perigosa. E muitos no inferno se oporiam, seria muito complicado e sem certezas de sucesso ou aprovação um possível poder em suas mãos seria uma péssima decisão. _explicou o demônio pacientemente.

_Entendo. _sussurrou ela encostando a cabeça em seu ombro e soltando um bocejo, estava realmente com sono.

_Vamos, vou te colocar na cama. _disse Balthazar saindo do carro e acenando para que ela fizesse o mesmo, o que ela fez em seguida fechando a porta atrás de si.
Ela começou a caminhar rumo a porta que levava para dentro da mansão, mas ele a parou e a puxou pelo cotovelo. A pegando no colo facilmente como se ela não pesasse nada, o que a fez soltar um gritinho surpreso.

_O que você está fazendo? _questionou ela sorrindo amplamente quando ele caminhou para dentro da mansão e começou a levá-la escadas acima.

_Vou colocá-la para dormir. _repetiu o demônio gentilmente.

Ele a levou até o quarto que ficava ao lado do seu, onde Emily havia passado a noite do dia do baile e a colocou em pé próximo a cama.

__Bom, acho que vou trocar de roupa. _disse Emily envergonhada por causa da expressão no rosto dele ao encará-la, que a fazia lembrar do beijo que haviam dado horas antes fora do galpão.
Ela pegou a muda de roupa que provavelmente Alexia havia deixado em cima da cama para ela e praticamente correu para o banheiro, onde tomou um banho super-rápido e vestiu o vestido de mangas roxo florido que ela achou um pouco curto demais, já que ia somente até o meio das suas coxas e a fazia se sentir quase que despida.

Quando voltou para o quarto Balthazar ainda estava lá, sentado no canto da cama parado silenciosamente e a analisou de uma forma tão intensa que ela quase tropeçou no tapete de tão envergonhada.

_Você está linda. _declarou ele a puxando pela mão para ficar na sua frente, ele ainda sentado e ela em pé. _Tão perfeita... _sussurrou o demônio subindo uma de suas mãos pelo joelho desnudo dela que tremeu involuntariamente apoiando as mãos em seus ombros.

Emily sentiu sua pele se arrepiar sob seu toque e sua respiração se tornou mais ofegante conforme ela sentia a mão dele subir por sua coxa.

_Balthazar eu... _tentou dizer ela, mas naquele momento ele a puxou para sentar-se em seu colo quase de maneira selvagem e tomou sua boca em um beijo intenso, com as mãos agora uma em sua cintura e uma em sua nuca. Não dando a ela a chance de sequer pensar em algo além deles dois e do beijo.

Emily sentiu quando a mão dele que estava em sua cintura desceu e depois começou a subir seu vestido e apesar do medo que sentiu ao se dar conta do que aconteceria se não o parasse, ela permitiu que ele o fizesse.

Ele parou de beijá-la ofegante e descansou a cabeça em seu ombro enquanto deixava uma leve mordida em seu ombro e beijava o local atingido carinhosamente.

_Nao vamos fazer isso. _disse Balthazar tentando controlar sua respiração. Com as mãos ainda por dentro do vestido da garota, próximas à região coberta pela calcinha.

O coração de Emily batia a mil e ela o abraçou enquanto sentia cada átomo do seu corpo em chamas por ele. Mas dessa vez não era algo ruim, o que sentia era incrível e só queria que não acabasse.

_Por quê? _conseguiu perguntar ela tentando ignorar a névoa de desejo que cobria sua mente.

_Não é o momento certo e quando acontecer não quero que se arrependa. _disse ele, tirando suas mãos de dentro do seu vestido e a deitando na cama. Se forçando a se levantar. _Preciso voltar para o galpão.

Emily ainda sentia sua mente confusa e enebriada por causa de tudo o que havia acontecido e assentiu levemente com a cabeça apesar de sua consciência gritar para que ele ficasse e eles terminassem o que haviam começado.

_Durma bem Emily. _murmurou Balthazar a cobrindo com o cobertor e desligando as luzes, deixando um leve beijo em seus lábios antes de se afastar e deixar o quarto.

Mistério Dos Sombrios Vol 1Where stories live. Discover now