Capítulo 44

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É impressionante como a vida pode mudar em um estalar de dedos.

Num piscar de olhos você está flutuando nas nuvens pelo amor que sente, porque finalmente encontrou o que queria. No outro você está ferida e grita idiotices no calor do momento, deixando que seu ego ganhe uma falsa batalha.

E no outro você está...

Sarah e Gil viraram as cabeças rapidamente.

E em menos de um segundo Gil havia levantado da cadeira e saído correndo para o pátio, quase quebrando a porta deslizante no processo.

Sarah não estava entendendo o que estava acontecendo, não conseguiu ver o que ele viu. Mas de todo jeito o seguiu. Depois de pegar seu celular, foi até a piscina.

Chegou no momento exato de ver Gil se jogando na água sem pensar duas vezes. Com sapato e tudo.

Mas o que...

O cérebro de Sarah não estava coordenando bem, o choque do que havia acontecido e a surpresa do som a tinham deixado atordoada. Só o que podia ver era uma mala boiando na borda piscina... a mala de Juliette, pensou, mas não conseguia fazer a conexão. Foi em poucos instantes que viu Gil nadando, mergulhando, mas quando o viu tirando um corpo....

---Terceiro clique---

"JULIETTEEEEEEE!" Gritou Sarah quase rasgando a voz e correndo em direção à borda ajudando a tirá-la.

A colocaram no chão e ela não se movia. Seu rosto estava pálido.

"LIGUE PARA A EMERGÊNCIA SARAH!" gritou Gil.

Sarah se ajoelhou ao lado de Juliette. Com o telefone em suas mãos e usou a discagem rápida no viva voz.

Sarah checou o pulso de Juliette e não o encontrou. E sentiu como se alguém a tivesse apunhalado.

"911 Qual é sua emergência?" Gil pegou o telefone e se encarregou das perguntas da operadora.

Mas Sarah não hesitou e começou a fazer a massagem cardíaca. Trinta compressões de peito e duas respirações de resgate. Não houve resposta nos primeiros quatro ciclos de 30-2. Sarah estava perdendo a pouca sanidade que lhe restava, mas ela continuou, sabia que não deveria parar até que Juliette pudesse respirar novamente ou a ajuda chegasse.

Não havia tempo para sair do controle agora.

Enquanto isso, Gil correu para abrir as portas para quando os paramédicos chegassem, sabendo que Sarah sabia o que estava fazendo. Ele agradeceu mentalmente a Thais por ter inscrito Sarah em um curso de primeiros socorros anos atrás.

"Vamos, vamos." Murmurava. Sarah sentiu que passaram horas, quando de repente o corpo de Juliette teve um espasmo e ela começou a jogar a água pra fora. Sarah a ajudou, sentindo-se um pouco aliviada que ela estava respirando, mas isso não a impediu de começar a chorar enquanto a segurava e quando ela ficou quieta de novo.

Sarah a segurou no colo, certificando-se de que ela não pararia de respirar. Mas sem parar de chorar. Estava em um estado atônito do qual não conseguia sair. Massageava delicadamente seu peito, tentando ajudá-la, mas Juliette nem mexia as pálpebras.

Ainda tem pulso, ainda tem pulso, repetia em sua cabeça como um mantra, de novo e de novo.

Gil voltou com os paramédicos em seu encalço.

"Senhorita por favor, nos dê espaço." Sarah não conseguia se mexer. Gil se deu conta disso e a afastou em um só movimento. Levando-a para a cadeira logo atrás.

Imediatamente os paramédicos entraram em ação.

"O pulso está fraco" disse um deles.

"Oxigênio" pediu o outro.

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