Capítulo 16

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Juliette deixou o pai instalado na casa de hóspedes e depois bateu na porta do quarto de Sarah. "Você ainda está acordada?" ela perguntou, para depois abrir e enfiar a cabeça.

Sarah tirou os óculos de leitura e os colocou na cama ao lado dela. "Um carro estará aqui às nove para levar seu pai."

"Obrigada por cuidar disso." Juliette sentou na beira da cama e cruzou as pernas. "Você estava inquieta no jantar."

"Você não deixa nada passar." Sarah encostou-se na cabeceira da cama. "Minha pele está coçando sob o gesso e eu não queria tirar a agulha de tricô para poder me arranhar na mesa"

"Oh não, isso teria sido terrível." Juliette disse sarcasticamente.

"Minha mãe diria que sim, seria horrível." Sarah sorriu. "Seu pai é uma pessoa encantadora."

"Sim", Juliette sorriu de volta para ela. "Ele é um dos bons."

"Não é como o meu pai." Sarah desviou o olhar.

Ela nunca contou a história a Juliette e não tinha certeza de que queria contar, mas Juliette estava sentada ali esperando. "Ele esperou até eu ir para a faculdade para dizer à minha mãe que ele estava tendo um caso o tempo todo, mesmo antes de se casarem. Ele pensou que, se esperasse que eu não testemunhasse, salvaria seu relacionamento comigo. Mas ele estava errado."

"É por isso que você prefere não falar com seu pai?"

"Sim" Sarah olhou para as mãos. "Como sua única filha, eu deveria viver minha vida tentando alcançar esses padrões impossíveis. Enquanto isso, ele estava vivendo uma vida dupla, fazendo o que queria, tudo com mentiras. Com que direito vinha me repreender por receber um B como nota, isso não importava." Ela continuou pensando e todos aqueles momentos que chamaram sua atenção por não fazer o que era esperado dela.

Ela respirou fundo. "Quando descobri o que ele havia feito, decidi começar a viver sozinha e não pelos padrões dele. Mudei para Los Angeles e não, não queria continuar falando com ele."

"Eles não queriam que você fosse atriz?"

Sarah bufou. "Minha mãe teve que aceitar e reluta em se orgulhar de mim. E meu pai... ele está morto para mim."

Juliette balançou a cabeça. "Não diga coisas assim."

Sarah olhou nos olhos dela e disse. "É a verdade."

Juliette mordeu os lábios e suspirou tendo um flashback, assistindo sua mãe na cama do hospital.

Ela pensou por um momento antes de falar: "Eu era uma adolescente malcriada, minha mãe doente, e nunca vi alguém ficar com raiva tão rápido, mas ainda me arrependo. Ainda acho que poderia ter dito mais, feito mais. Ela não era perfeita. Ela era muito mal-humorada. Não pensava antes de falar. Muito impulsiva. Mas era minha mãe e eu daria qualquer coisa pra ter mais um dia com ela." Ela olhou para Sarah, esperando por uma resposta, ela apenas acenou com a cabeça.

"Mudando de assunto, eles podem remover seu gesso na próxima semana." Alcançou a agulha de tricô na mesa de cabeceira e a deu. "Enquanto isso..."

Sarah pegou a agulha e Juliette se levantou. Ela se inclinou e beijou a testa de Sarah. "Dorme bem."

Sarah agarrou a mão de Juliette. Ela a segurou por alguns segundos, querendo lhe dizer algo importante. E tudo o que pôde dizer foi: "Você também Ju", quando gentilmente soltou a mão dela.

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