Twilight - Camren

15. OS JAUREGUI

- De vez em quando sei fazer isso. - Eu sorri. - Então Ally me viu chegando?

Sua reação foi estranha.

- Alguma coisa assim - disse ela pouco à vontade, virando-se para que eu não pudesse ver seus olhos.

Eu a fitei, curiosa.

- Isso é bom? - perguntou ela, virando-se para mim abruptamente e olhando meu café da manhã de um jeito debochado. - Francamente, não parece muito apetitoso.

- Bom, não é dos piores... - murmurei, ignorando-a quando ela fez uma careta. Eu ainda estava me perguntando por que ela respondeu daquele jeito quando falei em Ally.

Comi os cereais às pressas, especulando. Ela ficou de pé no meio da cozinha, a estátua de Adônis de novo, olhando distraída pela janela dos fundos. Depois seus olhos voltaram para mim e ela abriu aquele sorriso de partir o coração.

- E você deve me apresentar a seu pai também, imagino.

- Ele já conhece você - lembrei a ela.

- Como sua namorada, eu quero dizer.

Senti meu coração acelerando.

- Estamos namorando? - Obvio que eu já havia cogitado isso... Mas, era diferente a confirmação vindo diretamente de Lauren.

- Huh, você não quer namorar comigo? Eu... Entendi algo errado?

Eu sorri.

- Óbvio que quero!

Ela abriu o meu sorriso torto preferido.

- Então, como estava dizendo... Mais que justo seu pai me conhecer como sua namorada, não?

Eu a encarei com desconfiança.

- Por quê?

- Não é esse o costume? - perguntou ela inocentemente.

- Não sei - admiti.

Meu histórico de namoros me dava poucos pontos de referência com que trabalhar. Não que as regras normais fossem válidas aqui.

- Não é necessário, sabe disso. Não espero que você... Quer dizer, você não precisa me pedir em casamento.

Seu sorriso era paciente.

- Não estou pedindo.

Empurrei o que restava do cereal para a beira da tigela, mordendo o lábio.

- Vai ou não contar ao Alejandro que sou sua nova namorada? - perguntou ela.

Reprimi minha lisonja íntima com a ideia de Lauren, Alejandro e a palavra namorada no cômodo ao mesmo tempo.

- "Nova namorada" - sussurrei, olhando a mesa.

- Bom, não sei se precisamos dar a ele todos os detalhes sórdidos além da palavra "nova namorada". - Ela estendeu a mão por sobre a mesa para erguer meu queixo com o dedo frio e delicado. - Mas ele vai precisar de alguma explicação para eu andar tanto por aqui. Não quero que o chefe Cabello consiga um mandado de segurança contra mim.

- Você fará isso? - perguntei, ansiosa de repente. - Realmente estará aqui?

- Desde que você me queira - garantiu-me.

- Sempre vou querer você - eu a alertei. - Para sempre.

Ela contornou lentamente a mesa e, parando a pouca distância, tocou meu rosto com a ponta dos dedos. Sua expressão era insondável.

- Isso a deixa triste? - perguntei.

Ela não respondeu. Olhou nos meus olhos por um período imensurável de tempo.