— Então você de fato voltou para Palum, Lyre — Jeongguk apontou. Aquela era uma possibilidade que ele considerara antes, mas com toda a confusão ao redor de seu irmão, não pudera se dedicar a procurá-la.

Taehyung também lhe pedira com veemência para não realizar novos rituais, e seu interesse na feiticeira passara a ser apenas pelas respostas que ela poderia oferecer. E ele duvidava que ela daria tais respostas de bom grado…

O que o levava à pergunta: por que ela estava ali?

— Como foi que nos encontraram aqui? — carregando as mesmas dúvidas de Jeongguk, Taehyung buscou saber.

— Foi Sunhee. Ela pode ver algumas situações do futuro — Lyre revelou, ganhando um olhar reprovador da tia de Taehyung. Ela respondeu com uma repreenda também: — Oras, não foi você que insistiu para contar tudo a eles? Então contaremos.

A mente de Taehyung estava ficando cada vez mais zonza. Sua tia podia enxergar o futuro… o seu futuro?

— Não são visões precisas — Sunhee se adiantou em explicar, vendo a confusão na sua face. — Não consigo ver imagens ou cenas, como pode estar supondo que eu o faça. Mas consigo… sentir quando certas situações estão para ocorrer.

— Possui visões em que… não vê? — A voz dúbia de Taehyung ressoou.

— Pense que é como- como se o futuro fosse um contador de histórias que gostasse de sussurrar algumas delas no meu ouvido. O que de fato enxergo são algumas auras nos lugares. Foi dessa forma que os encontrei aqui, na floresta.

Nos seus estudos de filosofia, Taehyung vira sobre a aura: um véu translúcido e colorido que envolvia um corpo, formando um campo de energia ao redor de um indivíduo ou de um objeto. Tal energia era gerada através das vivências, e era única para cada um. Por onde passavam, os corpos deixavam traços de sua aura — usualmente invisível para a maioria.

Se Sunhee via tal aura nos lugares, significava que enxergava pedaços do passado, além das visões do futuro que tinha.

A beta que lhe criara era uma mentira. A mulher em sua frente era uma poderosa profetisa, e não uma simples comerciante.

Taehyung balançou a cabeça, retomando sua atenção para as perguntas mais práticas que ainda precisava fazer.

— Ainda não compreendo. Sabia ou não de tudo que ia acontecer comigo?

E das coisas ruins que viriam? Sabia das maldades de Elijah, dos ataques do irmão de Jeongguk? Era o que ele queria de fato perguntar.

— Não. Veja, não posso saber tudo sobre seu destino, Tae, porque sua vida não é uma reta linear, e as decisões que toma afetam os acontecimentos do seu futuro. — Ela desviou os olhos para Jeongguk. — As escolhas dos outros também mudam seu destino. Ademais, o futuro não me conta tudo.

Taehyung tomou alguns segundos para considerar a fala da tia. Sunhee tinha previsto apenas alguns acontecimentos, então… Mas quais deles? O lampejo de uma lembrança o fez estreitar os olhos. Ele encarou a tia com mais firmeza.

— Lembro que você insistiu para eu me tornar o beta de Jeongguk. Foi porque nos viu juntos?

Ela estudou o rosto do sobrinho com um olhar terno, incerta sobre o quanto deveria contar.

— Quis que ele fosse trabalhar para os Jeons?! — Lyre interrompeu, soando tão surpresa como os demais, sua face severa. — Pensei que o envolvimento dos dois estivesse no rol de coisas que não sabia.

Sunhee, nada enfadada, entrelaçou as mãos no colo calmamente.

— Só insisti que Taehyung se juntasse aos Jeons porque considerei como uma boa oportunidade para trabalho — Ela não titubeou ao dar uma resposta, mas Taehyung duvidava que estivesse dizendo a verdade.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora