#2. Perfeição Desfeita

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A porta do carro se abriu e o vento forte entrou brevemente, inquietando o calor que o aquecedor barato da viatura forçava-se a produzir.

-Minha nossa, que frio!

A policial, com seu cabelo preto e de cachos fechadinhos por baixo do chapéu característico dos uniformes dos policiais locais, me estendeu um copo quente de chocolate-quente do Starbucks.

Ela, muito correta e simples, salientou:

-Estes inícios de inverno são perigosos aqui na Pensilvânia.

Lembrando mais uma coisa, reteve a mão aveludada dentro do bolso de seu casaco grande, que também faz parte de seu uniforme de trabalho, de lá tirando algo...

-Cookies? -A olhei, confuso.

-São seus preferidos, não são?

-Sim, mas... -A mesma só me dava cookies quando algo de especial, esporádico, ou até mesmo incomum, acontecia. -O que eu fiz?

-E precisa fazer algo para receber biscoitos, Kook?

A mesma apertou minha bochecha, como fazia quando eu era pequeno, também revivendo o apelido que me dera quando criança, por eu gostar muito dos biscoitos com gotas de chocolate.

-Só pensei que seria bom os comprar. Não gostou?

-Não é isso... -Sorri constrangido. -Eu gostei. Cookies sempre são muito bons. Pensei que você brigaria comigo.

-Por que?

-Você sabe... -Tomava a bebida quente, sentindo o gostoso sabor do chocolate domar meu paladar enquanto a quentura da bebida reconfortava meu corpo.

-Ah, sobre o ocorrido de ontem? Quando você fugiu da última família que o adotou, e deixou todos nós muito preocupados por seu sumiço? Além de termos o encontrado só hoje, na frente da pizzaria do velho Wang?

-Sim, Tia Darla... -Empurrei a língua contra a bochecha, me sentindo moralmente fodido por ter a preocupado tanto. Não era a minha intenção sumir daquele jeito...

-Por que fugiu da casa dos Jefferson? Eles não o trataram bem?

-Eu... Digo, eles não fizeram nada. Eu só pensei que dessa vez poderia estar ainda mais perto de achar a minha mãe.

-Jungkook...

-Tia, eu juro que a vi! Ontem, depois de ter acompanhado os Jefferson na igreja.

-Poderia ser qualquer outra mulher.

-Mas não era! Eu sinto que não era. E a minha intuição nunca erra!

A morena suspirou, enfim tirando seus óculos de grau do rosto, me olhando sério em seu modo apreensivo de ser, mas ainda estando séria.

-E se ela fosse sua mãe? Deixaria tudo para trás e a seguiria sem nem mesmo me informar?

-Sim.

-Mesmo, Jungkook?!

-Sim. Até porque, você não é a minha mãe. Não te devo satisfações.

Tia Darla voltou a ficar em silêncio, dessa vez, seu olhar parecia dizer que eu a decepcionei com minhas palavras.

Merda... Eu não... Não queria ter dito aquilo. Não deveria a dizer aquilo.

-Tia...

-Ainda não sendo sua responsável legal, sou a pessoa que te conhece e protege desde quando você só tinha 6 meses de vida. -A policial me interrompeu. -Não posso compreender muitas coisas, mas reconheço quando alguém está fazendo alguma tolice sem antes pensar nas consequências futuras que suas ações o tratará. Você ao menos pensou no seu amigo Taehyung, na Senhorita Fox, no seu Tio Carlos, ou em mim, as pessoas que verdadeiramente almejam o seu bem e sua felicidade.

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⏰ Last updated: May 06, 2023 ⏰

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