፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 009 Songcord

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A grande cachoeira corria com velocidade em cascatas violentas de água, eu assistia a distância sentada no topo da árvore sagrada. Sozinha. Isolada.

Não queria descer, preparar pomadas com folhas ou chás medicinais com T'haka ou outras Na'vis. Não quis correr em disparada para lá como Spider fez sem se importar com Kiri dizendo para ele ficar.

Não quis transformar a minha agonia em palavras e despeja-lá em meu diário como uma forma de descarga, porque tudo que eu iria colocar lá dentro, machucava eu mesma escrever.

O vento dos aviões esvoaçou meus cachos ruivos no ar a medida que passavam, eu contei dois, mas pelo visto já havia um perto da cachoeira quando percebemos.

Desarmados. Encurralados.

Foram oficiais, os mesmos soldados que comprimentaram a nossa equipe de cientistas assim que chegamos, os mesmos homens que eu vi descarregando bombas e inflamáveis nas naves....

Os humanos da minha espécie.

Indo causar um massacre de jovens inocentes...

Meus lábios tremiam e a agonia que eu sentia aquele momento revirava meu âmago, me causava calafrios e uma vontade absurda de....

Olho para baixo.

Não não não, mantenha sua cabeça no lugar Corine, no lugar.

Era difícil, era difícil digerir a realidade quando pouco a pouco ela se desintegrava ainda mais a minha frente. Se despedaçando, e me levando junto...

Com que cara eu desceria dessa árvore? Como eu iria olhar nos olhos de Neytiri novamente? Sabendo que ela havia razão em tudo que me disse. Que meu melhor destino seria em qualquer lugar dessa floresta que não fosse em seu clã.

Encosto a nuca no tronco rijo e frio, de maxilar trincado e os olhos nublados. Tão sombrios e escuros quanto o manto da noite que cobre o céu de pandora esse momento, brilhante pelas lágrimas, assim como as estrelas que brilham em pontos isolados...

Pontos brilhantes isolados...

Por toda sua pele...

Azul por toda parte...

Lo'ak,

Neteyam.

As lágrimas se acumulam em meus olhos. Mas não as deixo cair, não posso às deixar cair junto da minha esperança. Não quero!.

E escondida no topo mais alto da árvore. Eu escutei o estrondo, meu corpo se asssutou pulando em um solavanco e eu me seguro no tronco, olhando com atenção para a direção da grande cachoeira.

Uma explosão. Um avião decolando em chamas...

Um a menos.

Algo tão quente e intenso como fogo se ascende dentro de mim.

Espera, o que eu estou sentindo... Eram vidas também, poderiam ser pais, filhos... Mas...

Mas os garotos também tinham sua família aqui... Vidas não são negociáveis. Vidas não eram seletivas.

Neguei fechando os olhos. Perdas. Perdas e muita destruição. Pela primeira vez sinto vontade de estar na Terra, depois de muito tempo desejando fugir dela. Lá eu conseguia fingir, aqui a realidade se comprime contra meus olhos de forma que eu sinto tudo arder, queimar.... Assim como cada uma dessas árvores foram destruídas...

E foi observando de longe a tragédia, que quando eu menos esperei pude notar outra força da natureza se aproximar, em rajadas fortes de vento, eu vi pela primeira vez, o inacreditável...

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Where stories live. Discover now