Doce Park [Jjk+Pjm]

⌗ 03 - Dolce Segreto

#MorangoComWiskey

JJ🥃

Eu poderia me recordar vagamente de uma infância solitária e de passeios sem rumo durante a adolescência. Quando adulto me afogar no trabalho sem saber ao certo como respirar, sem querer verdadeiramente puxar o oxigênio aos meus pulmões por sentir que não tinha esse direito. Tudo era uma válvula que me puxava de volta a um pesadelo.

Mas não era algo que realmente recobrava meu subconsciente com frequência.

Sem impulsos desleixados, eu não tinha tempo para cometer erros, como tão pouco poderia agir sem pensar. Imprudência era imperdoável onde cresci e onde minhas raízes foram firmadas.

Ao menos até o momento onde eu me vejo agindo impulsivamente por um alguém que não conheço, motivado por sentimento que eu igualmente desconheço.

O nervosismo tomando conta de mim e as batidas de um coração acelerado faziam parte de uma das poucas coisas nas quais eu não obtive resposta, mas não iria procurar por estas mesmas. Ao menos não agora.

— Preciso descobrir quem é ele. — a voz calma definia como eu gostaria de estar verdadeiramente, mas mesmo que fosse apenas uma casca ela era útil e precisa desde que vi que o mundo não era gentil, portanto eu também não precisava ser.

Ao contrário disso, a vida não é nada calma, e mesmo não podendo controlá-la eu gosto de passar a impressão de plenitude que neste momento já não mais me pertence. Meu lobo, no entanto, era o oposto de como minha voz saia, ele estava zangado e agitado, contudo, não tinha nada que eu pudesse fazer.

— Você precisa de terapia. — Com a voz sonolenta e irritada meu amigo respondeu do outro lado da linha — Sério, vai se tratar, me ligar a essa hora e dizer qualquer coisa que não seja relacionado a me comer é sacanagem.

Revirei os olhos em desdém, suas piadinhas de humor adulto já não me arrancavam mais reações do que indiferença.

O suspiro foi ouvido do outro lado da linha e ele continuou: — Sério Jungkook, são quase uma da madrugada. Para um pouco, vai dormir que amanhã é outro dia!

— Taehyung — Imediatamente até mesmo o barulho de sua respiração cessou — Faça o que mandei. Não foi um pedido e sim uma ordem. Quero informações completas pela manhã.

Sem esperar por uma resposta desliguei o celular.

Sentando no canto escuro do quarto eu senti o frio da madrugada batendo em meu rosto. O ar-condicionado da minha suíte está fora de uso, a porta da varanda aberta permitindo que o vento da indomável madrugada Nova Iorquina cercasse o meu espaço pessoal e percorre pelos meus poros cobertos pelo grosso roupão.

O que porra eu estou fazendo?

A pequena e redonda chama vermelha, quase que alaranjada, da ponta de meu cigarro não iluminava nem um terço do espaço escuro e, infelizmente, não clareou minhas ideias e me permitiu raciocinar um pouco.

Decidido a mudar de ambiente, peguei a primeira veste que vi. Saindo do quarto eu não pude evitar que meus pensamentos se alojassem novamente na figura que eu tinha avistado mais cedo.

Um homem um pouco  mais baixo que eu estava naquele espaço, quando as portas pesadas estavam prestes a se fechar eu as segurei e o vi tendo o início de um susto.

A inconsciência tomou conta de mim quando minha atenção se voltou em seus belos traços; fosse da ponta dos fios tingidos na cor pêssego em uma mistura de morango, ou nos lábios fartos e corpo bem desenhado. Porém, mais que a aparência, sua falta de contato visual comigo foi o que prendeu minha atenção.