Sentença Final - o jogo proibido

Apenas entre no carro

Não foi tão fácil para Mon tirar a noite que teve com Sam de sua cabeça como pensou. Para ela, o fim de semana se arrastou numa espiral de documentos e dor de cabeça, se sentindo esgotada quando sentou em sua cadeira no escritório segunda pela manhã. O post-it que Yuki havia deixado sobre a nova pilha de casos ainda estava lá, recebendo-a de braços abertos para mergulhar em mais uma semana de trabalho que se inicia.

E ela assim o faz.

O primeiro caso era a sua posse para co-advogar com Chin, ele estava nesse caso a meses e até agora não conseguiu ir a um julgamento decente, pois sua procuração mal era encaminhada ao juiz, sendo embargada pela promotoria. Mas havia tempo para ele depois, seguindo os demais pedidos ela passou o dia em sua sala afundada em processos, moções, aberturas de trâmites e análises de provas. Como era bom estar de volta. A única vez que retirou os olhos da tela do computador foi quando Noi enfiou a cabeça em sua sala, avisando que teriam uma confraternização no gastrobar durante a noite.

Estranhando a comemoração no início da semana, mais nenhum outro tópico ficou entre seu trabalho e pensamentos.

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O restaurante estava cheio para uma segunda-feira. Assim como a lanchonete, ali era uma zona neutra para os membros do direito. A duas quadras do tribunal era quase impossível não se encontrarem ali e logo transformar o ambiente em um ponto de happy hour ocasionais, sendo uma segunda - ou terceira - casa.

Todos estavam ali, a turma do escritório, procuradoria e até mesmo alguns magistrados. Não querendo assumir que estava procurando uma pessoa em específico, Mon apenas registra esse fato. Mesmo que ali todos pudessem se misturar, era inegável que algumas turmas permaneciam juntas por afinidades. Assim como a sua, fechada com Yuki, Yha, Chin, Noi e outros advogados do escritório. Uma comemoração na porta atrai a atenção da mesa que estava mais ao fundo do restaurante, e o coração de Mon dispara involuntariamente. Sam tinha acabado de chegar com seus amigos da promotoria e assim como na última vez que estiveram no bar, ela estava sorrindo. Parecendo feliz, o que era incomum para a fria mulher que todos viam no tribunal ou era apenas a graça de uma Honorável Lady ensinada com o ar da bondade e boa imagem desde pequena. Com choque, Mon percebe que estavam saudando-a, felizes com sua presença.

Felicitando-a.

- De quem era a confraternização mesmo? - ela pergunta para a mesa, esperando que Noi respondesse. Mas a mulher dá de ombros como um pedido de desculpas por não saber mais sobre a informação.

- Ah, eu sei - do outro lado da mesa Yuki chama a atenção enquanto bebia do canudo de seu drink - Outro estagiário me contou, estão comemorando o aniversário de Khun Sam.

Isso explica o lugar cheio no começo da semana. Mesmo que não fossem tão próximos, todos respeitavam o título de uma lady real. Ou eles eram próximos dela, e sua indiferença por Sam apenas fazia ignorar sua existência? Fosse o que fosse, seu coração precisava se acalmar, tinha decidido esquecer o que tinha acontecido. Era algo banal e normal, pessoas transam e seguem com suas vidas todos os dias no planeta. Mas caramba, precisava ser logo com Samanun Anantrakul?

- Que presentão você deu para ela hein, Mon! - era a voz de Chin trazendo-a para a realidade.

- Como?

- Você deu o melhor presente para ela na sexta - ele repete.

Sentindo seu rosto arder em chamas tentando ignorar a memória daquela noite, ela não sabe o que dizer.

- E-eu... é...

- Seu idiota! Sabe que Mon odeia perder para a megera e você ainda fala isso - era Yha dando um beliscão em Chin.