005. SEGUNDO ENCONTRO.

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Giovanna Scarpa
📍São Paulo, SP
Paris 6

— Cadê você? Tá atrasado! A ideia foi sua, você que deveria estar tomando chá de cadeira, Veiga. — Mandei um áudio ao jogador e seria o único, se ele não respondesse ou simplesmente mudasse de ideia eu agradeceria aos céus e iria embora dali como se nada tivesse acontecido.

Mas pro meu azar, a mesma BMW daquela noite parou em frente a porta do restaurante e Raphael saiu do automóvel e ainda que estivesse com óculos escuros para não ser reconhecido, eu sabia que ele estava me procurando e assim que conseguiu me encontrar, veio em minha direção com um sorriso no rosto.

Claro, Giovanna, onde mais seria?

— Oi, amor. — Raphael me cumprimentou, com um beijo no canto da boca. Paralisei, por segundos imaginei nossas línguas... Parou Giovanna, parou! Ele é bonito mas não deve valer nem um centavo. — Como está? O que fez de bom hoje? Já pediu algo para comer e beber?

— Amor o escambau, Veiga! E eu estava ótima até lembrar da sua existência, ia pedir o prato do dia mas esse fato me fez perder o apetite.

Raphael gargalhou, chamando a atenção de algumas pessoas próximas a nossa mesa e em seguida chamando um dos garçons para fazer o pedido para nós dois mesmo eu dizendo que não estava com fome - o que era mentira, minha barriga roncava de dez em dez minutos.

— Diz logo o que você quer, quanto menos tempo passarmos juntos, melhor. — Praticamente implorei, já degustando o prato que Raphael pediu pra nós.

— O nosso romance está gerando comentários até agora...

— É, eu vi! A Jullie fez o favor de me mostrar as milhares de publicações que os fofoqueiros fizeram nas redes sociais.

— Quem é essa?

— Minha melhor amiga, dividimos um apê e estudamos juntas também. — Veiga assentiu, parecendo interessado na minha vida particular fora do trabalho. — Mas com certeza você não está interessado nisso, então, diz logo o motivo de eu ter que estar olhando na sua cara outra vez!

— Bom... — Raphael respirou fundo, como se criasse coragem para contar algo bombástico. — Minha família, meu empresário e todos do time acham que estamos namorando.

— É, meu irmão e meus pais estão na mesma situação. Mas e daí?

— Daí que estou disposto a aumentar o valor para fingir viver um relacionamento por pelo menos um ano, o que acha?

O camisa vinte e três terminou de falar com um ar sereno, enquanto eu o olhava incrédula. Ele achava mesmo que poderia me comprar?

— Você só pode ter ficado louco! Já disse, você já me deu o que eu precisava. — Respondi, me levantando dali mas sendo impedida de sair pois o jogador travou minha saída ficando na minha frente. O cheiro de seu perfume invadiu minhas narinas e posso dizer que além do bom gosto alimentício, também sabe escolher um bom aroma.

Foco Giovanna, foco!

— Aquela gorjeta? — Riu, sem humor. — Posso te dar o quintuplo do valor, Gio.
É só você querer! A menos que sua escolha seja sua família descobrir seu segredo...

— Mas isso foi antes da premiação e eu fiz minha parte, Veiga.

— Eu falei que não ia mais contar ou que o segredo estava guardado? — Neguei. — Ah, foi o que eu imaginei.

Me sentei na cadeira novamente, Raphael fez o mesmo e me olhava sedento aguardando uma resposta positiva.

— De quanto estamos falando?

— Cem mil reais por mês, por um ano e depois que esse tempo passar... Puff, sumo da sua vida e dessa vez pra sempre! — Veiga fechou e abriu as mãos. — E tem mais uma coisa...

— Ninguém pode saber, já sei. — Revirei os olhos, como ele é irritante. Gostoso, mas irritante! — Não sou burra de sair contando pra todo mundo, Raphael!

Veiga sorriu, passando a mão no cabelo.

— Disso eu sei, amor. — Retrucou, pegando levemente na minha mão. — Então, como eu ia dizendo, para ficar mais realista teremos que morar juntos.

— Não posso abandonar a Jullie pra do nada ir morar com você, nós duas dividimos o apartamento desde o começo da faculdade.

— Se esse é o problema, ela pode ir com a gente! Minha casa é grande o suficiente pra três pessoas ou quatro... Vai que ela se interessa por algum dos carinhas do time?

Na verdade eu desconfiava que minha melhor amiga tem ou já teve crush no meu irmão, mas era só desconfiança. Jullie é muito discreta e só se envolve com alguém quando sente que é recíproco.

— Ela não vai aceitar esse absurdo, desiste!

— Mas e você? Ainda não me respondeu.

Por mais que eu não suportasse Raphael, não poderia recusar todo aquele dinheiro e era apenas por ele que eu fazia tudo aquilo. Depois que eu terminasse a faculdade e conseguisse o trabalho esperado, largaria essa vida.

Bom, ao menos esse era meu plano antes de Raphael Veiga aparecer, ou melhor dizendo, se intrometer na minha vida.

— Já sabe...

— Pelo dinheiro, ok! Te espero amanhã no final da tarde, depois do treino e também te mando meu endereço pelo whatsapp e um motorista pra te buscar, tudo bem? — Assenti, ele sorriu animado e me deu outro beijo no canto da boca.

Por que ele não me beija na boca logo?
Somos namorados, não?
Bom, ao menos é isso que todos acreditam, principalmente nossas famílias.

— E quanto ao meu irmão? Você deve ter visto ele dizendo que quer conversar.

— Ah, sim! Teremos tempo de sobra quando ele vier pro Natal e pro ano novo. — O olhei surpresa, eles já haviam conversado? — O que foi? Somos melhores amigos, amor. O convidei e também nossos pais para passar essas datas em casa, não se importa, certo? — Sorriu, agora de forma cínica, eu não esbocei reação.

Ele tinha absolutamente tudo planejado.

𝗲𝘀𝗰𝗼𝗿𝘁, raphael veiga.Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum