014. MENSAGENS ANÔNIMAS.

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Bruna Ripani
📍São Paulo, SP

Andando apressada para não perder a hora logo no primeiro dia na faculdade, vejo a dupla inseparável correr em disparada a sala e aquilo me dá náuseas, o que custava me esperar? De Jullie eu não esperava nada de bom, aquela ali nunca me suportou e eu só aguentava a sua má educação por Giovanna, mas nem ela reparou na minha presença. Logo eu, que nunca passo despercebida devido não só a minha altura, como também pela minha beleza, cabelos e corpo invejável.
Algo me chama a atenção, um caderno caiu da bolsa da Scarpa, no caminho o pego e coloco dentro da minha mochila na intenção de devolver a dona caso ela sinta falta.

E sentiu! Muita!

No intervalo entre uma aula e outra, as encontro percorrendo o mesmo caminho da entrada, ambas olhando para o chão na tentativa - falha - de encontrar, o que supus, ser o caderno vermelho com suas iniciais na capa.

Por que esse negócio era tão importante?

Volto a minha sala para matar minha curiosidade e vasculhar aquele caderno por completo. Enquanto Giovanna e Jullie cursavam moda, eu escolhi o jornalismo como uma forma de ter uma carreira versátil. E por que não o modelo investigativo no momento?

Folheando as primeiras três páginas percebi que se trata de fichas com informações de diferentes homens: nome, idade, cidade, ocasião, traje, quantia a pagar e por fim, sexo: sim ou não.

Espera, como assim?

Giovanna Scarpa, irmã de um dos melhores jogadores do país, é uma garota de programa? Melhor dizendo, uma acompanhante de luxo? Agora tudo faz sentido na minha cabeça, antes não podia me ouvir falar o nome de Raphael que revirava os olhos de ranço e hoje agem como um casal de namorados qualquer.

— A imprensa vai adorar saber disso! Mas não por mim e sim pela Regina. — Falei baixo, guardando o objeto. Meu segundo nome, que só quem me conhecia muito bem, como a própria Giovanna, sabia. Como primeiro trabalho na faculdade, teríamos que criar um perfil de notícias e mostrar as mais criativas que fizemos ao final do curso, serviria também como uma nota de ajuda ao TCC. Já pensei até em um nome para o meu: bombasdare.

Afinal, o que acabo de descobrir cairia como uma bomba na família Scarpa, na família Veiga e em todo o país.

•••

Raphael Veiga
📍São Paulo, SP

Entro no quarto e a iluminação está baixa, apenas o abajur ligado e uma Giovanna afundada na cama. Se eu pudesse ler seus pensamentos, seriam algo como:

"Por que entrei nessa merda de vida? Maldita hora que não aceitei ajuda do meu irmão e dos meus pais e achava que podia me virar sozinha."

Fui me aproximando dela, que estava com os olhos fechados mas eu sabia que não estava dormindo. Deitei ao seu lado e coloquei uma das minhas mãos em cima de sua barriga, por segundos imaginei como seria se tivéssemos um filho ou filha... Balancei minha cabeça em negação, isso nunca iria acontecer, nosso acordo era até o final do ano e depois disso que cada um seguisse com a sua vida, só vivíamos aquilo para a imprensa esquecer do que tive com Bruna.

— Também tá preocupado? — Sua voz interrompe meus pensamentos.

— Com você, não quero que nada de ruim te aconteça. Você não merece!

— Comigo tanto faz o que acontecer, sou só uma acompanhante de luxo que quando a bomba estourar não vai ter ninguém ao lado. — Suspiro pesado ao ouvir aquilo. Como podia se diminuir daquele jeito? E os planos que tinha com Jullie depois da faculdade?

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