Capítulo Sete

40 9 4
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não sei quando decido sair do lugar, do cantinho confortável e seguro entre minha cama e meu guarda-roupas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não sei quando decido sair do lugar, do cantinho confortável e seguro entre minha cama e meu guarda-roupas. Blue, meu cachorrinho de infância, costumava se esconder ali toda vez que chovia e trovejava. Eu não entendia o motivo naquela época, mas agora entendo: os barulhos externos parecem muito menores.

Tudo fica abafado, distante e vago, não há um lampejo de perigo à vista – ao menos, não enquanto você está ali, escondido, embiocado entre o colchão e o gélido da madeira. Por isso mesmo não entendo porque meus pés insistem em seguir caminho rumo à escada, indo contra meus instintos inatos de sobrevivência.

Faço um esforço imódico para pisar nos degraus como uma pluma, leve e vagarosamente, temendo denunciar minha presença. Os gritos ficam mais altos a cada passo e, com eles, meu peito arde tanto que me formiga os braços. Tento refrear minha respiração descompassada, mesmo que isso piore o aperto sob meu tórax e me cause uma sensação de desfalecimento.

Meus pés fincam no penúltimo degrau, enquanto ainda estou escondida pela parede da sala, e me agarro com robustez no corrimão. O vão da minha cintura dói pela força que espremo meu corpo contra o apoio, mas não dou a mínima, sequer esprimo uma careta.

— Você é um covarde! – mamãe grita com a voz trêmula.

Não preciso olhá-la para saber que chora descompassadamente enquanto meu pai ri alto e espaçado, achando a cena cômica.

— Foda-se – ele responde. – Pega suas coisas e sai daqui agora. Você e essa sua filha de merda.

Filha de merda.

Sou eu.

— Ela não tem nada a ver com isso, Doyun! Ela é sua filha também, não ouse...

Sua fala é interrompida por um tapa.

O barulho estridente me faz estremecer no lugar, e o som da televisão, ligada no canal principal de notícias, preenche a casa por alguns segundos.

Eu acho que é a primeira vez que meu pai bate na minha mãe.

Não sei quanto tempo fico segurando a respiração pelo medo de ser ouvida, já que os dois estão calados e mamãe parece estar segurando o choro, mas quando ouço seus passos caminhando em direção à escada, volto a puxar o ar com força.

CAMPO DE VIDRO | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora