Capítulo Um

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Procuro pelo meu computador no meio da tralha jogada no chão

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Procuro pelo meu computador no meio da tralha jogada no chão. Caixas empilhadas, vestidos pendurados no ventilador de teto e toalhas molhadas na mesma área de calcinhas são cenas aterrorizantes. Mamãe diria que eu estou virando minha tia e faria um sermão de quarenta e cinco minutos ininterruptos se tivessem câmeras filmando o meu quarto agora. Mas não têm, e ela está há alguns quilômetros de distância; portanto, preciso me xingar sozinha para reunir a força necessária para organizar tudo.

A campainha toca e viro a tela do celular, conferindo o horário: meio-dia e vinte e cinco. Não estou esperando visitas e não tenho tempo para me ocupar com o que quer que esteja do lado de lá da porta. Grito Jimin para que ele atenda enquanto faço uni-duni-tê para escolher qual caixa abrirei primeiro. Coloco a escolhida na cama com dificuldade pelo peso e sinto uma ponta de esperança quando percebo uma etiqueta no topo com os escritos "IMPORTANTE!", com letra maiúscula e tudo. O que é mais importante na minha rotina? Meu computador. Ele tem que estar aqui.

Mais um toque ecoa pelo apartamento. Chamo pelo nome de Jimin de novo, puxando as abas da caixa. Ele não me responde, nem ouço passos em direção à sala, e isso é o suficiente para me fazer soprar o ar com força, desejando esfregar o nariz do meu primo no chão.

Desisto de esperar sua resposta e saio do meu quarto aos passos largos e pesados, rolando os olhos. Aproveito para procurá-lo em todos os cômodos, chegando à conclusão de que ele não está em casa.

Não me orgulho em admitir que isso me deixou um pouquinho triste. Acabei de sair do dormitório da faculdade, onde dividi um quarto com uma intercambista russa. Nós éramos tão alheias à vida uma da outra e o ambiente era tão dividido ao meio, como uma linha invisível, que era como se eu morasse sozinha. Nossas poucas conversas foram em inglês, e todas limitavam-se aos tópicos de clima, notas e comida. Agora, com Jimin, criei mesmo expectativa de ter uma relação mais pessoal.

Faz falta ter alguém que se preocupe com você. É claro, não espero que sejamos como pai e mãe um do outro, mas ao menos um aviso rápido quando vamos sair ou que horas vamos voltar...

Vejo Taehyung pelo olho mágico e dou uma risadinha ao perceber a postura corcovada enquanto mexe no celular, me aguardando liberar passagem para si.

— Não te quero aqui, não! – grito do lado de cá e ele guarda o celular em um dos bolsos, fazendo careta em direção à porta por saber que o observo.

CAMPO DE VIDRO | JungkookWhere stories live. Discover now