Penúltimo Capítulo - Arilia

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O sangue de Luiza escorria sobre minha pele, tremendo muito continuou com aquele doce olhar, queria que tudo fosse diferente. Planejei em meus devaneios momentos felizes ao lado dela, queria construir uma família, viver uma longa vida, mas tudo foi destruído por eles. Minhas lágrimas escorriam e caiam sobre sua face pálida, chorei em desespero, abafei gritos. Desolado ao vê-la daquele jeito tentei de todas as formas conseguir forças para me acalmar e tentar amenizar sua dor. Não acredito que aconteceu isso, deixei que Luiza fosse infectada, não teria mais como salvá-la e ela sabia, pois sorria futilmente pelo canto da boca.

- Não! Sua boba por que fez isso, não era para me salvar, não quero ver você virando um deles.

- Me desculpe, Nic...

- Eu te amo, você conseguiu me transformar em uma pessoa diferente. Seus trejeitos, seus sorrisos, o gosto da sua boca, da sua pele... Não vou conseguir sem você Luiza, eu quero você.

- Não diga isso Nicolas, você vai conseguir. - Suspirou fundo, - é a pessoa mais forte que conheci na vida, sabe por que te amo tanto Nicolas? Você despertou um lado que jurava estar morto dentro de mim, esse frio que paira sobre a Terra não me afeta quando estou com você, você me aquece e me sinto segura...

- Não fale meu amor, você tem que respirar fundo. - Isso vai ter que acabar agora, sei como fazer. Observei ao meu redor, em meio as ruínas dos prédios avistei as granadas e um facão que brilhou em meus olhos. Seria tudo ou nada, a trombeta já havia sido tocada e o recolher dos infectados chegando. Tinha que agir de imediato. Deixei Luiza encostada em uma parede partida ao meio e corri pegar as granadas e o facão, arfei pelo frio intenso que meu corpo recebia, não sentia as pontas dos meus dedos e isso era bom para ajudar no que faria. Me aproximei de Luiza novamente.

- Amor, preste atenção, você terá que ser muito corajosa.

- O que foi Nicolas? - Ela arfou de dor.

- Me morda, morda meu dedo esquerdo. - Assim que falei Luiza arregalou os olhos.

- Você pirou? Ficou maluco, nunca farei isso. - Grudei nos dois ombros da menina que suspirou forte.

- Tenho que fazer isso, vou explicar melhor. - Ela apertou os olhos cansados e tentou prestar atenção em minhas palavras, - as nuvens de sangue não desceram mais desde que os ataques da C.U.F.A começaram, isso quer dizer que eles estão focados em guardar as naves, e não estão mais fazendo as nuvens, isso me parece seguro para continuar com meu plano. A luz só leva quem estiver com os Zoens, pois Marry tentou subir e caiu. Se eu entrar na nave por onde os Zoens entram terei uma chance de explodi-la por dentro, ou seja, só conseguirei entrar na nave se estiver infectado.

- Como tem certeza que vai parar dentro da nave? Nic isso é suicídio.

- Tenho que tentar.

- Eu vou no seu lugar. - Encostei minha testa na dela, sentindo o seu respirar sobre minha face.

- Luiza, você não pode ir, está infectada, - lágrimas continuavam escorrer de meus olhos. - Droga por que fez aquilo?

- Fiz por que te amo já disse e não aguentaria vê-lo ser morto em minha frente.

- E você acha justo eu ver você desse jeito? Quero entrar lá, por você, por todos...

- Mas você virará um deles igual a mim!

- Não! Torres foi mordido na mão e Bruno arrancou-a, farei o mesmo. Você me infectará e quando eu estiver dentro da nave arranco minha mão.

- Não posso arriscar sua vida. - Falou me abraçando, senti que ela estava indo embora. Me desesperei, - ela vai morrer? - Luiza não, ela não. Quero voltar no tempo, quero matar o Maycon, destruir sua existência aniquilar sua passada nesse mundo.

Livro I - Nuvens de SangueWhere stories live. Discover now