Último Capítulo - O inicio da tempestade

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"Os mortos andam pelas ruas, matas, florestas, campos... Não importa onde iremos, eles estarão lá, se multiplicando e acabando pouco á pouco com a humanidade."

FINAL - LIVRO I

Meu corpo suplicou para ficar parado, mas não pude. Dei o primeiro passo para dentro daquele lugar desconhecido e sombrio, não sabia o que pensar, nem mesmo o que fazer, a certeza era uma: destruir aquele maldito império. Ao colocar os dois pés no lugar a porta se fechou, fiquei preso, levando minha cabeça para trás e tendo em mente que agora não poderia voltar atrás. Deduzi assim que coloquei os olhos onde estava, — não era humano. — As paredes respiravam, mexiam em um ritmo pulsante, hora brilhavam, hora ficavam opaca como minha mente desligada da realidade. Tubos de formatos estranhos saiam de uma espécie de casulo no centro da sala. Aquele casulo era verde e gosmento, tinha cerca de três metros de altura. Fiquei em alerta, meu corpo tremeu de uma forma inimaginável, pressentia que morreria, que de dentro do casulo ia sair um devorador de almas, um monstro terrível que sugaria meus órgãos e mastigaria meus ossos. O pavor era tanto que não consegui sair da frente da porta de onde entrei.

Arfei fundo, suspirei como se tirasse totalmente o ar dos meus pulmões, não conseguia entender, como ainda estou vivo. Qual o motivo? O que eles realmente querem?

— O que queremos Nicolas Leme? — Quase cai para trás, escutei uma voz abafada e sútil sair de dentro do casulo.

— Como sabe meu nome?

— Eu sei de muitas coisas, agora aproxime-se! — A voz ficou mais forte, e antes mesmo de sequer me movimentar o casulo começou a girar. Era como um botão gigante de rosa que floresceu.

Eram muitas surpresas para apenas um homem, o que era ela? — Não, definitivamente não era um monstro. — Foi o que pensei. Ela era ainda mais linda que a última que vi. Sua pele extremamente branca, camuflavam os seus cabelos da mesma cor que iam até suas costas. Seus lábios eram azuis marinho, um tom forte. Contemplando sua estética, estavam seus olhos cor de sangue que vibravam ao olhar para mim.

Em sua cabeça uma coroa de rosas vermelhas, lindas rosas que levavam um véu transparente que saiam de seus talos e desciam até os seios fartos da estranha mulher. O que mais me impactou foram o que estava sobre a parte de baixo da criatura divina. Não existiam pernas a mostra, o que se via eram tubos enrolados em um tipo de máquina. Ela estava presa? Parecia alimentar aquele lugar.

Ela esticou uma de suas mãos brancas como a mais pura neve recém-caída. Sorriu com um sorriso ainda mais branco, aquilo me acalmou. Mas tinha que me por, tinha que lembrar que ela era a causa de tudo o que estava acontecendo. Dei mais um passo para frente, e salivando a secura de minha garganta indaguei ainda com uma voz trêmula de medo e ansiedade.

— O que fazem aqui?

— Não tenha medo, não posso fazer mal.

— Como confiarei em você?

— Não posso não é? Se não explodirá tudo, acabará com a nave com suas granadas.

— Se sabe delas por que não tirou elas de mim? — Ela sabia de tudo, não sei como, mas sabia. Sua voz era tão graciosa que era como se estivesse escutando pela manhã o barulho dos pássaros, o ar gélido de uma madrugada, o calor de um verão. O que ela é?

— Devo-lhe explicar algumas coisas Nicolas. — Sem mais escutou-se um ardo barulho e em seguida uma fumaça branca saiu dos tubos de onde ela estava, como mágica saiu deles flutuando e parou em minha frente. Suas pernas quase transparentes vestiam um vestido azul-claro. Ela tocou em meu rosto, seu corpo era gelado senti que sugou minha vida, me senti fraco e ao mesmo tempo calmo.

Livro I - Nuvens de SangueWhere stories live. Discover now