Capítulo 17

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PERSEU

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PERSEU

Não dou risada com ele, esse ser não merece nenhuma piedade minha, era a pior espécie de ser humano que a terra já viu, mesquinho, cruel e inescrupuloso. Se ele se deu o trabalho de me encontrar, estava com alguma maldade em mente, e eu seria o executor desse ato, mas quanto isso custaria para minha vida? Se o demônio era ruim, Padre João era seu secretário preferido.

Nunca era um prazer cruzar seu caminho.

— O que te traz até aqui?

Solto seu pescoço e giro seu corpo para mim, continua igual, com seus dentes superbrancos e cabelos grisalhos, seu corpo que não é mais o mesmo, vejo uma barriga de cerveja protuberante e, pelo jeito, está mais lento.

— Garoto, você continua bonito como me lembro. — Não me importo com seu papo, esse sorriso amigável era o mesmo que deixar uma cobra rodilhar seu pescoço. — Estava com saudades de você. — Bate em meu ombro amigavelmente. — Sempre bom encontrar a família, vejo que está bem.

Família é uma ova, seu abusador miserável!

— Família? Da última vez que nos encontramos, acabei com suas mãos, tentando me esganar — lembro, pondo a mão no bolso e deixando o corpo fingir um desleixo para que ele achasse que estou à vontade com sua presença. — O que busca?

— Você ainda tem mágoa daquele dia? Em nosso meio, essas coisas podem acontecer, não esqueça quem foi que te criou, quem tomou conta, quem te alimentou? — declara com uma emoção fingida na voz, é um descarado de marca maior.

— Quem me transformou em um assassino?

Ele é muito cínico e, se está me bajulando, é porque quer muito minha ajuda.

— Tem uma recompensa de mais de quinhentos mil pela cabeça dele — diz Emma em meu ouvido pelo ponto. — Inclusive, agência disparou alerta por ele, vivo ou morto — continua a falar, enquanto ele tagarela sobre ser família e tal. — Pelo tanto de crime que cometeu, tem muita gente grande querendo seu pescoço, a ficha é extensa.

Emma não tem ideia de quem seja esse homem, que, apesar de ser chamado de padre, na realidade, é um demônio que se passa por religioso quando convém a seus interesses e com certeza para usurpar, chantagear, estuprar e ganhar vantagem, é um assassino estelionatário de marca maior. Foi ele que me ensinou muitos truques, mas uma pena para ele, o aluno superou o mestre. Ele não curtiu muito a ideia, por isso tentou me matar da última vez.

— Ainda não perdoei a bala que meteu em minha mão — resmunga. — É horrível ver os filhos se voltarem contra o pai. — Lembrando que ele não é meu pai, e sou só mais um do rebanho de órfão que pegou para trabalhar para ele. — Mas, então, não vai me convidar para um café?

— Não vou! — respondo e o encaro fixamente. — O que pretende dessa vez?

— Você sempre direto, filho do fogo, sabe o significado do seu nome?

PERSEU: FILHO DO FOGOWhere stories live. Discover now