Regresso à normalidade

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No dia seguinte Mauro voltou a ir cedo para a oficina. Queria provar ao João que nada mudava na relação entre eles. Notou que o amigo ficou constrangido depois de o mamar e receber a sua porra quente na boca... (só a lembrança dava-lhe um choque de eletricidade por todo o corpo e o pau endurecia), mas a amizade era mais importante e queria assegurar ao amigo que estava tudo como dantes. De resto eram até sócios, não podia deixar que aquilo lhes estragasse o negócio. Mesmo que "aquilo" fosse o melhor broche que jamais recebeu na vida, ai ai Mauro...

Já João sentiu-se ressacado a acordar, como se tivesse sido espancado na noite anterior. Ah na verdade era isso, tinha sido mesmo espancado na noite anterior. O corpo estava dorido, a noite mal dormida, e uma inquietação crescente ao pensar que teria que voltar a encarar o Mauro na oficina. As memórias do dia anterior vinham-lhe em flashes, o toque de Mauro no seu corpo, o Mauro a foder-lhe a boca, o Pedro a chicoteá-lo, ele de 4 na mesa da cozinha a ser ordenhado como uma vaca leiteira, a Pedro a força-lo a beber a própria esporra e a expulsa-lo nu para o corredor do prédio. Curiosamente tinha sido isso o que mais o magoou, ser atirado nu e sozinho para o corredor. Os abusos de Pedro eram consentidos e desejados e funcionaram, pelo menos por algum tempo, para distrair da situação com o Mauro. Mas a forma como ele se despediu, tão abrupta, atirando-o em pêlo para a área comum, onde qualquer vizinho o poderia ter visto, isso era um castigo que ele não tinha pedido. Sentiu-se abandonado, só, indesejado, um traste. Acordou por isso em baixo e triste, confuso. 

Decidiu correr como de costume para arejar a mente e seguir direto para a oficina. Fê-lo sem pensar na possibilidade do Mauro já lá estar. Quando viu o sócio já sentado no escritório é que lhe ocorreu que tomar um duche ali estava fora de questão, não depois do que aconteceu. Ia vestir o macacão por cima das roupas suadas e pronto. Cumprimentou o Mauro com um bom dia e logo virou para o fundo do escritório, onde estavam os vestiários e o chuveiro.

- Espera, João, quero falar contigo.

Gelou ao ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo ele esperava que o Mauro tomasse a iniciativa de falar, porque ele sinceramente não saberia o que dizer, só tinha medo que tivesse cometido o pior erro da sua vida.

- João, sobre aquilo de ontem.. desculpa se eu fui.. se te pressionei demasiado, sabes como é, lá em casa agora a fome é muita e naquele momento eu só precisava de um alívio. Mas amigo, eu só te quero dizer que pra mim o mais importante é a nossa amizade e não quero que nada estrague isso, por isso se preferires esquecemos que aquilo algum dia aconteceu e volta tudo a ser como dantes. Por favor não te sintas constrangido, eu empurrei-te para aquilo e pronto, não tem nada de mal, não foi a primeira vez que fizeste aquilo, que eu sei, então pronto, não vale a pena pensar demasiado no assunto, certo?

O João estava já com lágrimas nos olhos, aquilo era tudo o que precisava ouvir, ser assegurado que a nada mudava na amizade deles, que podiam simplesmente ignorar aquele episódio. Ainda que no fundo soubesse que seria impossível esquecer o momento em que o pau do Mauro fodeu a sua boca com firmeza e a inundou de porra. Mas podia fingir, podiam simplesmente fingir e tudo voltaria ao que era, amigos e sócios, sempre na mesma onda, uma sociedade fácil. 

- Obrigado Mauro.

- Ora essa, pá. Como é que é, nada de choradeira, dá cá um abraço?

Mauro puxou o amigo e abraçou-o com força, João não conteve mais as lágrimas e abraçou de volta. Aquilo soube-lhe tão bem, era tudo o que precisava. O Mauro dava-lhe já uma palmadinhas nas costas, suavemente, para o consolar... e simultaneamente sentia que nas suas calças o monstro acordava, com a proximidade do amigo tão frágil e vulnerável. Era como se o seu pau tivesse vontade própria e notasse que a fraqueza do amigo era sinal que podia erguer-se e aproveitar-se dele. Tentou sacudir esses pensamentos maldosos e terminou o abraço.

De sócio a escravoWhere stories live. Discover now