Um novo dia

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Mauro teve um sono agitado. O que testemunhara das traseiras da própria oficina deixara-o num estado de excitação e incompreensão. Incompreensão com os seus próprios sentimentos e reações, mas sobretudo incompreensão com o que vira. Tinha que tirar aquilo a limpo. Iria para a oficina mais cedo do que o costume, isso dar-lhe-ia oportunidade para investigar quaisquer resquícios das estranhas atividades do dia anterior e também garantiria que não perderia o duche do João e assim ver eventuais marcas no seu corpo, especialmente nas nádegas, sempre tão alvas.

Por seu lado João acordou sentindo-se especialmente energético. A primeira coisa que fez ao levantar foi ver-se ao espelho, já não havia muitas marcas da coça que apanhou na véspera, apenas um tom rosa e uma marca na nádega esquerda onde o cinto do Pedro bateu com mais força, mas não estava pisado. Sentiu um certo embaraço ao ver-se, mas simultaneamente um certo orgulho. Sentia-se bem, mas a cabeça continuava uma confusão. Embora já pouco visível, a coça ainda se fazia sentir no rabo. Decidiu mudar a rotina e terminar a habitual corrida matinal em casa e aí tomar o seu duche. Não queria que o tom róseo do rabo desse azo a perguntas indiscretas do Mauro. 

Ao correr pareceu-lhe que despertou as dores da véspera, o rabo levemente dorido ao acordar revivia agora com o balançar da corrida as chapadas e cinturadas que apanhou horas antes. Mas era uma sensação boa, a cada passo cada nádega ia dizendo, ainda sinto o calor que recebi ontem. E o calor subia-lhe o corpo e afagava-lhe o coração e a mente. Não entendia, mas já não queria entender, era uma dor boa, sentia-se protegido e acarinhado. Sorria.

Acabou por chegar à oficina mais tarde do que o costume e já pronto para trabalhar. O Mauro estava irritadiço e encarou-o com maus modos.

- Só agora? Que andaste a fazer ontem à noite?

- Nada, fui nadar como o costume...

- E hoje estavas cansado para correr?

- Não, já corri, mas segui um caminho diferente, para variar. Subi ao monte, desci e voltei a passar em casa. '

Mauro estava irritado com aquilo, queria ver o rabo do amigo, queria ver indícios do que testemunhou ontem, queria entender. Mas o João não estava a facilitar a investigação e na oficina, antes da sua chegada, não viu nada fora do lugar, nenhum vestígio do que vira. 

Entretanto Pedro era dos três o último a acordar. Estava bem disposto, confiante. Ainda lhe custava a acreditar no que tinha acontecido, nada lhe poderia estragar aquele dia, saiu de casa sorrindo.

Mas ao chegar ao carro uma má surpresa, um pneu vazio. A indisposição foi só momentânea, afinal era a desculpa perfeita para contactar e testar de novo o seu novo "brinquedo". Ligou para a oficina, pena que não se tenha lembrado de trocar número com o João, assim, atendeu o Mauro, que usou um tom estranho ao perceber quem era e arrumou logo com a conversa.

- Ó sr Lopes, aliás, Pedro, não é assim que prefere? Se tem um pneu vazio é melhor ligar ao Zé dos Pneus, nós aqui é avarias, 'tá a perceber? Bom dia, com licença.

- Quem era? Perguntou o João.

- O teu amigo, o sr. Lopes.

João corou ao ouvir o nome de quem o tinha feito ajoelhar ali mesmo algumas horas atrás e ainda mais com o tom irónico do João, "teu amigo", que queria aquilo dizer? Mas a curiosidade sobre o telefonema era mais forte.

- Ah é e que queria ele?

- Diz que tinha um pneu vazio, mandei-o pro Zé dos pneus, mas ele tem um prazer especial em nos chatear, deve andar d'olho em alguma coisa aqui ou alguém, melhor dizendo.

As faces do João ficaram tão rubras como as suas nádegas na véspera. Mas de novo sentiu que não podia simplesmente virar costas, a resposta do amigo tinha sido desagradável e o Pedro era antes demais um bom cliente. 

- Ora essa e desde quando é que não podemos ajudar um cliente com um pneu. Dá-me o número dele, vou lá ajuda-lo num instante, são só 15 minutos.

- Estás muito interessado no cliente, nós temos mais clientes. Aqui o Toyota já está resolvido? 

- Eu vou lá num instante, dá-me o número dele.

Mauro mordeu a língua mas deixou passar, queria perceber melhor o que se estava a passar a ali, decidiu não travar o amigo.

Assim que apanhou o número, João ligou do seu telemóvel pessoal - Estou sim sr. Lopes, é o João da oficina, diga-me só onde está e já vou aí dar-lhe uma mão. Peço desculpa pelo Mauro, ele hoje acordou mal disposto. 

De sócio a escravoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن