twenty four

536 59 9
                                    


Estávamos em kamakura, e nem consigo pôr em palavras o quanto estou apaixonada por essa cidade. Já tinha visto na escola que ela foi capital do Japão, mas não imaginei que seria assim. Hoje é uma cidade costeira que abriga muitos festivais e atrações turísticas, simplesmente perfeita. Seguimos de carro por dentro da cidade e pude ver pessoas na feira e crianças indo a escola, ainda é bem cedo. Desde nosso último diálogo, Rin não falou mais nada, mas tem um sorriso que não saiu do seu rosto desde então. Estou feliz por isso.

Observo a paisagem bela da cidade passar pela janela enquanto estamos na nossa nova rua, estacionando em frente a uma casa padrão japonesa com aparência bem aconchegante. Tem dois andares igual a que ficamos antes mas parece bem mais moderna, tem um leve aspecto norte americano. Não sei explicar, faz mais sentido na minha cabeça.

- Chegamos, o que achou? - Rin desligou o carro e perguntou olhando para a casa e me virei para a analisar mais uma vez. Parece que quanto mais olho, mais linda parece.

- É perfeita. - respondi abrindo a porta do carro e respirando pela primeira vez o ar de kamakura. O ar de nova casa, nova vida. Acho que estou no ápice da felicidade, pois não acho que dê para ficar mais feliz que isso. - Obrigada, é linda! - dei a volta no carro para o abraçar assim que saiu, ele cheira bem e estar perto dele assim é tão bom. Não quero soltá-lo.

- Posso ser sincero? - sua voz soou no topo da minha cabeça e apenas confirmei para que entendesse um sim. - Nunca tive palavras e nem coragem para dizer, mas agora estou pedindo para você ficar só um pouco mais em meus braços. Só quero que saiba que a partir de hoje, somos nós. Entendeu? Estamos nessa juntos, esse espaço é nosso. - afagou as duas mãos em meus cabelos e afastou minha cabeça de seu ombro só para me dar um beijo na testa. Ver Rintarou Suna de tão perto deveria ser proibido, é danoso demais para o coração.

- Nós. Aprecio muito essa palavra, a contar de agora. - o encarei de pertinho e senti meu coração derreter e congelar em segundos. Sua respiração tão próxima me deixa nervosa e feliz demais. Somos eu e ele de agora em diante, isso é incrível de se imaginar. - Podemos entrar na nossa casa? Estou ansiosa demais. - sorri ao fazer a pergunta e ele concordou rapidamente, realmente estou muito nervosa pra conhecer a parte interna da casa.

E cara, é tudo o que se imagina ao ver a frente. É linda, bem organizada e os móveis brilham tanto que parecem ter sido comprados hoje, tudo cheira a novo também. Tem um sofá muito grande que forma um L na sala, uma tv enorme e muitas decorações simples e bonitas espelhadas. A cozinha, sala de jantar e sala de estar são bem espaçosas e perfeitas, não sei nem o que esperar do segundo andar onde estão os quartos.

- Dessa vez não deu tempo decorar seu quarto, mas tudo o que coloquei no antigo está lá pronto para ser organizado. Podemos chamar alguém... - sugeriu enquanto a gente subia as escadas, me mantive calada pois sinto que não ficarei muito tempo em um quarto diferente do dele. Eu adoro esse cara, só preciso ter a certeza que isso é o mesmo sentimento que ele diz sentir por mim.

- A gente vê. - não concordei e nem discordei, apenas manti o meio termo.  Passamos alguns minutos olhando cada cômodo, o segundo andar é composto por três suítes e um banheiro isolado. É enorme. - Nossa, é tudo realmente muito lindo. - me virei para ele ao encerrarmos o tour e segurei sua mão, um pouco indecisa a respeito do que fazer após. Apenas segurei e deixei um beijo em sua bochecha, acredito ser uma forma doce de dizer obrigada sem falar a palavra.

Ele soltou minha mão de uma vez e me abraçou muito forte, tão forte que meus pés saíram do chão, ele me levantou. Eu não podia ver seu rosto mas sabia que ele estava feliz só por sua postura corporal, pode isso?

Flutuando em seus braços, não sinto nada além de amor. Sei que não faço ideia do que significa, mas o que mais seria o amor se não esse sentimento tão forte que vive aqui dentro do peito? Acho que o amor é justamente isso, não saber direito o que ele é, mas sentir tudo o que ele traz. É inexplicável, só sei que está aqui dentro. Tenho medo de não conseguir entender isso perfeitamente e só desperdiçar nosso tempo.

- [Nome], tome um banho e relaxe um pouco. Vou preparar nosso almoço. - o belo homem cujo olhar me deixa desnorteada falou ao me colocar no chão novamente, me sinto tonta e quase não me equilibro. Esse é o efeito Rintarou. - Tem tudo nos armários, qualquer coisa dá um grito. - adicionou com mais um de seus sorrisos desconcertantes.

- Claro. - sorri de volta sem saber muito bem o que responder. Devo falar obrigada? Mas acho que já falei tantas vezes só hoje.

Segui para o quarto e tomei o banho mais relaxante que já tive na vida, e isso não é exagero. Até em banhos eu tinha medo de não ter privacidade, então banhava feito uma pessoa que acha que ajuda a preservar o ambiente tomando um banho rápido. Mas agora estou aqui, sorrindo e dançando enquanto a água cai em minha cabeça. Isso é muito bom. Paro também para analisar a atual situação, é uma bagunça completa. Me lembrei da última casa em que ficamos e em como beijei Rin, no quanto eu queria fazer tudo aquilo com ele. Porra, eu fui pro quarto e fiquei fazendo um monte de coisa enquanto ele escutava tudo.

É vergonhoso, mas não tanto quanto seria se ele tivesse tocado no assunto alguma vez desde então. Só que agora sou eu quem quer tocar no assunto, e me sinto muito estranha por isso. Eu quero que ele saiba o quanto me senti bem pensando nele. Isso é maluquice, mas é tão...

- Droga. O que eu faço? - desliguei o chuveiro e peguei a toalha na parte de fora do box, sinto meu rosto esquentar só de pensar em falar algo daquele dia com ele. Será como foi para ele ter me escutado? Como foi me rejeitar daquele jeito no sofá? Sei que ele disse que foi muito difícil, mas o quanto foi? Desci as escadas após me vestir e fui até a cozinha, sentindo as perguntas queimarem minha pele e arranhar minha garganta.

- Como foi o banho? Conseguiu ajustar a temperatura? - perguntou todo fofo ao me ver entrar no cômodo. Ele está próximo ao fogão mexendo algo na panela, o cheiro é muito bom. - Acho que nem te perguntei se você gosta de sopa de carne. Bem, gosta? - me olhou como se fosse tarde demais para a pergunta, ele já fez a sopa. Balancei a cabeça positivamente e me sentei na cadeira do balcão, virada para ele, com a melhor das vistas. Rintarou Suna cozinhando sopa pra mim.

Um minuto de silêncio se passou, minha mão esquerda coça por debaixo do balcão onde ele não consegue ver. Quero perguntar, preciso dizer que o ver assim me deixa estranhamente maluca.

- Rin... - saiu quase em um susurro, mas atraiu sua atenção. Fico nervosa sempre que me deparo com esses olhos amarelo-acizentados. - Você fica muito sexy de avental, não aguento olhar isso. - tomei coragem ao analisar tudo nele, é impossível ignorar. Ele sorriu. Eu sorri. O que acontece agora? - Se não estivesse tão próximo assim de uma panela fervente, eu pularia em você e não te largaria mais. - adicionei com a pior das desculpas, até parece que eu teria coragem de pular em cima dele assim em plena luz do dia.

- Prontinho. - merda. Ele se afastou do fogão e está todo sorridente esperando que eu faça algo. Puta merda. - Calma, se eu apagar o fogo você não vai precisar me largar. - voltou ao fogão para apagar e retornou para a distância de antes.

Sorri mais ansiosa que antes. A realidade de minutos atrás nem parece existir mais, eu virei tudo do avesso e me coloquei na situação que fiquei pensando durante dias.

Agora é aguentar a barra e ser feliz.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouDonde viven las historias. Descúbrelo ahora