eighteen

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  Suna Rintarou pov's.

É sábado. E já fazem cinco dias que não a tenho por perto. Sei que não passei quase nada de tempo com ela mas sinto como se tivéssemos crescidos juntos. Como se tivéssemos grudados um no outro esse tempo todo. Não sei o que fazer, já pedi para Atsumu e Osamu fazerem o que estiver ao seu alcance. Estou chegando na cidade também, vou tentar reverter a situação de alguma forma. Vou ao shopping me encontrar com ela, depois do seu recado tenho pensado em várias maneiras de como conversar com ela em público. Esses dias Osamu me ligou para contar que ouviram um recado no rádio local um pouco estranho, quando ouvi tive a certeza que foi ela. Isso me fez ficar um pouco surpreso, admiro que ela esteja tentando de tudo mesmo que seja tão difícil. Sinto tanta saudade do que nem foi meu por muito tempo.

"O shopping hoje está em festa! Atrações das mais variadas, indo de pagode ao vivo para desfile de cosplay! Muitos casais estarão presentes para dançar coladinhos, venha que a noite vai ser uma loucura! As 18h00, hora da insanidade!"

No início achei que fosse só mais um recado qualquer, pois realmente não parecia ter nada de mais. Mas os gêmeos disseram que pesquisaram e não havia nenhuma atração macacada para esse sábado, então só pode ser ela. Deduzi que o uso dos casais significa que vai estar com Tsukishima Kei. Acho que ela não pensou muito na escolha de palavras. Se tivesse alguma atração, a gente provavelmente não notaria. Passaria despercebido. Isso me deixa mais ansioso, pois parece que algo quer que tudo dê certo.

Agora estou morto, tecnicamente falando. Sou um sequestrador também. É o que dizem sobre mim por aí. E que se foda, eu não ligo, contanto que eu a tire de longe daqueles desalmados o mais urgente possível. Não sei explicar, só sinto que preciso proteger ela de qualquer coisa. Do mundo inteiro. Acho que morreira para que isso acontecesse. Eu vi o que acontece com ela lá dentro, não consigo nem pensar em imaginar como vai ser sua vida de casada com Kei. Eu juro que se eu o ver, vou matá-lo. Então que ela vá me encontrar bem longe dele.

- Como estou? - dei uma voltinha levemente sensual para meus amigos, assim que cheguei na cidade tive que vestir meu disfarce. Me fantasiei de [Nome], é o mesmo vestido que ela vestiu no jantar em que fugimos. Ela deixou ele lá e eu o lavei. Esse dia eu quase enlouqueci, ela estava tão linda que quis morrer. Tanto que não resiti quando a beijei, quis fazer mil e uma coisas. - Acham que estou bem? - perguntei ficando sério, não quero que tudo dê errado. Estou vestido assim por precaução caso Tsukishima me veja de longe ou algo do tipo. Acredito que [Nome] tenha um plano em relação a isso.

- Está ótimo. Com certeza ela vai querer conversar no banheiro ou algo parecido. - Osamu me tranquilizou me oferecendo um copo de água. Estou nervoso, não posso negar. Não faço ideia se vou voltar com ela para casa hoje. Espero que sim.

- Teste a voz para caso você tenha que conversar com ela na frente dele e ainda por cima em códigos. - Atsumu começou a rir e eu me desesperei, há alguma chance de isso acontecer? [Nome] faria isso mesmo? Não dá para duvidar, aquele imbecil é um completo doente e pode não deixar ela nem ir comprar um lanche.

- Para com isso, idiota. Está deixando ele preocupado. - Seu irmão mais consciente bateu de leve em sua cabeça. Agradeci mentalmente pois eu já estava prestes a sair gritando feito um maluco.

Em minutos entramos no carro para ir até o shopping. Acima de qualquer outro sentimento, estou com medo. Errar hoje pode significar perdê-la para sempre, e isso eu não consigo imaginar nem em sonhos. E se eu a perdê-la não sei do que sou capaz de fazer, acho que mato qualquer um para recuperar ela. Qualquer um.

Quando entrei no enorme lugar meus olhos percorreram o máximo de distância que conseguiram, a buscando por todos os cantos. O lugar cheira a tudo, menos a ela. É difícil senti-la em um lugar com tanta gente. Mas sempre que ela está por perto, sinto meu coração palpitar e os pelos dos meus braços arrepiarem. É o que estou sentido agora, mas pode ser só minha ansiedade falando. Atsumu e Osamu se afastaram de mim já faz um tempo, os dois estão de máscaras e bonés para não serem reconhecidos. Agora, parando para pensar, será que [Nome] vai me reconhecer? Estou com seu vestido, se ela se lembrar bem dele e de mim pode somar dois mais dois e deduzir o óbvio. Mas e se Tsukishima reconhecer também? Pessoalmente não acho que ele seria capaz, aposto que nunca repara nela desse jeito. Mas pode acontecer. Bom, espero que não.

Rodei metade do shopping até encontrar ela sentada na mesa de um restaurante japonês. Com o desgraçado do seu namorado ao lado. Não senti outra coisa além de um sentimento de alívio, ver ela assim de longe me faz ficar mais tranquilo. Está perfeita como sempre, vestida como a universitária que costumava ser. Eu amava aquele estilo de roupa mesmo sempre falando mal. Ela me deixava louco então eu só queria fazer o mesmo com ela. Eu notei ela olhando ao redor disfarçadamente, o homem ao seu lado nem a nota e só fica no celular. Que babaca, se eu estivesse lá, juro que não saberia como desviar meu olhar dela. Se estando aqui eu já não sei, imagina lá.

Quando ela olhou em minha direção eu quase tive um treco, juro que vi seus olhos brilharem de longe, isso me deixou feliz pra caralho. É sinal que ela está sentindo tanta saudade quanto eu. E então ela começou a rir, não estou perto mas consigo imaginar o som da sua risada. Porra, tenho imaginado desde que ela se foi. É a coisa mais fantástica do universo. Deve estar rindo de mim, certeza. E antes que eu comece a rir junto ela se levanta, falando alguma coisa no ouvido do namorado e saindo logo em seguida. Surpreendentemente ele aceitou numa boa. Espero alguns segundos e a sigo até o banheiro.

Ela entra no banheiro feminino de cadeirante, acho que ela não quer conversar em público. Os banheiros sempre são movimentados.

- Oi, senhorita... - ela inicia sorrindo levemente, um simples ato que me faz quase derreter por completo. Minha nossa, como posso sentir tanta falta assim de um sorriso? - Senti saudade, de verdade, Rin. Achei que ia morrer, e olha que só se passaram cinco dias. - ela parecia não querer perder tempo, e até que faz sentido já que ela tem um namorado maluco lá fora. Mal percebi que meu apelido soou tão doce saindo de sua boca, ninguém o tinha dito tão perfeitamente antes.

- Porra, também senti sua falta. Seu cheiro estava em toda parte. - Eu falei em desespero e ela sorriu. Como pode alguém ser tão linda assim? - Como vamos para casa? - perguntei muito rápido. Todo o tempo é pouco.

- Presta atenção, Rin. - ela falou rápido mas deixando bem explícito que o que estava prestes a dizer era sério demais. Estou com medo. - Eu sentia isso antes, mas não como agora. É importante para mim que eu volte e faça o que é preciso ser feito. Vou me casar quarta feita que vem na capelinha da praça principal da cidade, durante a noite. - [Nome] explicava calmamente como se não quisesse que eu deixasse passar nada. E não vou, estou concentrado demais para isso. - Eles me fizeram muito mal, você sabe. Vou tirar tudo o que conseguir deles, isso vai nos ajudar por um tempo. Esteja lá, eu vou correr quando a cerimônia iniciar. Não vou dar mais detalhes do que vou fazer agora, mas prometo que vou fazer algo com essa família. - ela pegou minha mão e juntou nossos dedos mindinhos como uma promessa. Sorriu mais uma vez e me abraçou. Não tive palavras. Não sei nem o que dizer. Não sou capaz de pedir para ela deixar isso de lado e vir comigo agora, seria egoísta de mais. Ela passou por muita coisa lá, eles destruíram a vida dela e ela merece deixar algo para que eles se lembrem do que fizeram. Mas estou triste, e com muito medo de que algo dê errado. E se ela não conseguir voltar para mim nunca mais? Como vou conseguir respirar um ar que não tenha um pouco de seu perfume por perto? Não vou conseguir. Eu morreria, agora tenho certeza disso.

Passei a vida tentando fugir desse sentimento, pois sabia que seria difícil a tê-la só para mim. Quis morrer só para não ter que lidar com essa sensação terrível que queima meu coração. Desde os dez anos estou assim, sem conseguir tirar ela da cabeça. E agora tenho muito medo de deixá-la ir de volta aos braços daquele maníaco. Mas simplesmente não posso impedir, quero muito, mas não posso. Isso me tornaria igual a ele. Então, se ela está sentindo que vai dar certo, é porque vai dar. Não vou pensar negativo. Vou torcer para que ela vingue tudo que sofreu em sua vida. Ela merece. Muito mesmo.

- Tudo bem. Estarei lá. Eu vendi aquela casa, então se prepare para uma viajem mais longa. - falei tentando pensar positivo e a puxei para um abraço. Inspirei o máximo do seu aroma que pude, eu amo tanto o seu cheiro que posso passas horas e horas vivendo disso. Quero passar todos os dias da minha vida acordando ao seu lado e inspirando esse doce perfume que me enfeitiçou. - Faça o que tem que fazer e venha para casa, [Nome]. - Não é estranho falar assim com ela, acho que os dois já estamos cientes do que sentimos. Eu acho. Sorri gentilmente tentando conter um sentimento estranho que queria me fazer chorar. Não posso deixar isso acontecer. Seria estranho se só eu chorasse. Ela é minha casa, agora sei disso. Se ela não voltar, serei um sem-teto.

- Vou para casa, prometo. Até logo. É bom você ficar aqui um pouquinho, para caso ele esteja ali na entrada. - se despediu me dando um selinho, e antes de abrir a porta para sair, me olhou uma última vez - Meu vestido ficou bem mais bonito em você do que em mim. - saiu sem esperar minha reação.

Nunca. Nenhuma das peças que ela usa ficaria bem em qualquer outra pessoa.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouWhere stories live. Discover now