Capítulo 06 - parte_02

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Me habituei aos gostos e caprichos de Dom, apenas para satisfazê-lo, ao ponto de ter me tornado o seu braço direito na empresa, mesmo não conseguindo ficar tão próximo dele.

— Mas... vocês não se falavam, não importando o quão ocupado você estivesse? Eu não vi você se importar com mais ninguém no trabalho se não ele — brinquei com ele uma última vez, no fundo, fiquei feliz por ele ter negligenciado um pouco o meu personagem Demétrio.

— Este é um assunto pessoal. Não pergunte. Você só precisa se preocupar consigo mesmo. — O tom de Dominic era severo, a atmosfera no carro ficou gélida.

Congelei, não por medo, mas de surpresa.

Talvez por ter passado os últimos dias com um Dominic mais gentil, eu senti que a espessa camada de gelo que protegia Dom havia derretido um pouco. Pensei que talvez pudéssemos ter um relacionamento como amigos, assim seria capaz de dar à criança um lar mais normal e um pouco familiar. Porém, olhando para sua expressão agora, minha ideia esvaiu-se. Acho que ultrapassei os limites da nossa escassa aproximação.

— Eu entendi. Não vou perguntar mais — disse para ele com um tom neutro, olhando para o abundante movimento no trânsito.

Dom se arrependeu no momento em que falou. Ele sabia que seu tom tinha sido muito áspero. Ele estava acostumado a ser mais neutro e indiferente comigo do que rude e agressivo enquanto enfrentava os seus empresários adversários, sendo eles pessoas agressivas.

— Sinto muito... O que eu quis dizer é... que resolverei meus próprios problemas. — Ele tentou neutralizar seu tom de voz enquanto falava comigo.

— Eu sei — falei me sentindo entediado, na verdade, não me importei muito com suas palavras para não estragar meu humor.

Dom olhou para mim enquanto eu estava quieto. Ele não sabia como se explicar. Nada parecia suficiente. Era normal que eu mostrasse curiosidade, pois não conhecia muitas pessoas e ele era a pessoa mais próxima de mim. E agora, ele pensou ter me deixado infeliz por causa de seus problemas com Demétrio. Dom ia falar novamente, no entanto, eu o interrompi antes que ele pudesse falar.

— Você pode simplesmente me deixar aqui, já estou perto do meu ponto - disse com um tom cômico. — Aaai! — Senti uma alfinetada na nuca, fazendo meus pelos eriçarem, como se fosse um mau presságio.

Olhei ao redor, atônito, mas não vi nada de suspeito e então saí do veículo com minhas pastas. Não há razão para pensar demais, afinal, está tudo bem.

Dom olhou para mim pela janela, surpreendido com meu gesto. Já havíamos chegado à confeitaria sem ele se dar conta.

— Algum problema? Você ficou pálido de repente. — Fiquei em silêncio por um momento e então o respondi, dizendo que estava tudo bem. Tal como não era problema dele. — O que você quer comer? Vou comprar para você no meu caminho de volta para casa mais tarde — ele perguntou, paralisei abruptamente olhando para ele incrédulo. Mas não pude desperdiçar a oportunidade de comer algo de graça.

— Eu quero comer pasteizinhos de carne. Mas... por que você está fazendo isso? — Os meus olhos brilharam com a ideia da comida, mas não pude deixar de perguntar. Ele me olhou e apenas riu de mim, como se aquilo fosse normal.

— Tudo bem, vou trazer um pouco para você esta noite. Você não tem a obrigação de cuidar de mim, mas ainda o fez. Passei dias doente e você cuidou de mim, quando não tinha mais ninguém. Mas não significa que nosso relacionamento está mais próximo, estou apenas retribuindo sua gentileza. — Enquanto falava, ele não olhou nos meus olhos. Certo, o homem que conhecia já estava voltando de pouquinho a pouquinho. Não falei nada, apenas cantarolei concordando com ele.

A Década Depois Da PrimaveraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora