Capítulo VIII-O Príncipe Redimido

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Um corvo chegava de Winterfell no instante em que todos se reuniam no costumeiro salão para decidir os novos rumos de Daenerys e, subsequentemente, da casa Targaryen quanto a Westeros.

Com a ameaça maior derrotada, a união dos sete reinos prevaleceu. Para muitos, a paz era certa, mas aquela era somente uma ilusão. Os nobres, principalmente, sabiam que Daenerys não descansaria enquanto não obtivesse seu reino.

Sua primeira sugestão consistia em seguir os passos de Aegon Targaryen e suas esposas: enviou a todos os reinos e seus senhores a proposta de paz.

Curvem-se e serão poupados. Reconheçam meus direitos ao trono e não haverá fogo ou sangue a derramar sobre ninguém. Não sou meu pai, mas melhor que ele teria sido. Em memória do príncipe Rhaegar, voltem à razão. Juntos, somos mais fortes. Divididos, sofreremos mais.

Foi um discurso tentador, cujo efeito começou a chegar às mãos da rainha. Ao seu lado direito, Aemond Targaryen atentava a tudo. Para aquela ocasião, preparavam-se para anunciar o casamento dos dois. Se seria antes da conquista ou depois dela, era algo a ser decidido.

O meistre que acompanhava Daenerys e seu séquito não demorou a se manifestar quanto ao corvo que entregou em suas mãos um pergaminho.

"Por favor, leia a nós todos seu conteúdo", ela pediu.

Ele aquiesceu e fez como pedido.

"É de Winterfell", ele anunciou e rapidamente todos sentiram uma mudança na atmosfera.

"Prossiga", determinou Aemond, sem paciência para o desperdício de tempo.

"Escrita pelas senhoras Arya e Sansa da casa Stark em nome do senhor de Winterfell, Rickard Stark, até que ele atinja a maioridade." Ele pigarreou. "Reconhecem a autoridade de nossa senhora Daenerys da casa Targaryen e juram lealdade a Sua Graça, admitindo que ela é digna do trono de ferro. Como garantia de que estreitarão os laços, enviarão uma quantia de cinco mil homens que lutarão pela salvadora de Westeros contra a usurpadora Cersei Lannister."

Silêncio estarrecedor recaiu sobre o salão. Daenerys mastigava aquelas palavras e em seu rosto, Aemond reparou que a vitória residia incontestável. Ele não deixou de dar um pequeno sorriso, controlando a muito custo a vontade de tomar a mão dela na sua.

Os nortenhos eram os adversários mais teimosos. Mas não havia obstinação que não se submeteria à razão.

"Acredito que deveríamos lidar com essa repentina mudança de atitudes com cautela", aconselhou Sor Jorah. "O que os fizeram mudar de ideia?"

Tyrion revirou os olhos e comentou:

"A perda de mais parentes em uma guerra sangrenta os forçou a ver sentido. Às vezes, é preciso que isso aconteça para se voltar à razão. Deveria ser tão complicado aceitar que os orgulhosos podem se humilhar?"

"Eles cometeram traição, anão", retrucou Jorah.

"Mesmo a mais vilaneza das traições pode ser perdoada", interveio Aemond. "O próprio Tyrion é um exemplo. E, a grosso modo, eu também."

Daenerys deu uma risadinha.

"Não ouse se comparar aos nortenhos, meu senhor."

Ele lhe deu um sorriso afetado antes de se virar ao restante do conselho.

"O que proponho, se Sua Graça me permite, é aproveitar esta lealdade. Seria inadequado responder um pedido de perdão com derramamento de sangue quando foi oferecido para aqueles que deixassem antigas alianças no passado."

"É verdade", disse Daenerys, tendo em mente os avisos recebidos de seus ancestrais. "Preciso mostrar coerência. Se prometi perdão, não agirei como uma tirana. Assim como aconteceu com Aegon, que aceitou a rendição do rei do Norte e o fez seu senhor."

A Ascensão dos DragõesWhere stories live. Discover now