Capítulo IV--A Dança dos Dragões

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Aemond Targaryen era um homem que se preparava para todas as circunstâncias e buscava reter o melhor delas. Proporcionava, frequentemente, um desafio aos seus inimigos e era assim que viveu seus dias. Quando tinha sua família a defender, deixou um traço de sangue e fogo pelo caminho.

No entanto, ainda que tivesse uma dinastia a zelar, as circunstâncias eram outras e mesmo o imprevisível príncipe se viu retido pelo desconhecido.

O que somente o atraiu para a presença enigmática de Daenerys Targaryen. Quando Constance, a sacerdotisa vermelha, havia informado que a linhagem de Rhaenyra prevaleceu sobre a de Aegon, constituindo, de tal forma, os verdadeiros vencedores daquela guerra civil, Aemond esperava ver uma outra Rhaenyra diante de si: arrogante, egoísta e orgulhosa.

Mas se deparou, ao contrário, com uma mulher justa e de boa índole. Alguns trejeitos seus o faziam recordar de seu pai, sobretudo sua inclinação à diplomacia. Mas, ao contrário do rei Viserys, Daenerys era uma rainha de firmes propósitos e que não voltava atrás em sua palavra.

Em sua elegância, na forma como se portava e apresentava aos outros, havia algo nela que vinha dos Hightower também. Minha mãe teria gostado dela, sei em meu coração. Não faltava a beleza valiriana em Daenerys com seus longos cabelos prateados e os mesmos olhos lilases de Aemond, além do corpo esguio e os seios cheios que os vestidos realçavam.

Somente um tolo não repararia em sua presença quase etérea. E Aemond era um homem. Como não se sentir afetado por ela? Daenerys, ao todo, o fazia mesmo esquecer de Alys Rivers, a mulher que um dia amou.

Quando terminou, afinal, de contar sua história, a lua brilhava alta no céu, e os dragões voavam, cansados de esperar pelos dois. Mas Daenerys não o julgou. Ao contrário, ouviu e o fez com atenção genuína. Não buscava nenhum benefício daquilo, pretendendo somente conhecer seu parente--seu único parente desde a partida de Jon Snow--vivo.

"E foi assim que conheci minha morte", disse Aemond, sem nenhuma lamentação. Era quase como se gabasse deste feito. "Montado em Vhagar e com uma espada atravessando meu crânio.

Dany se arrepiou ao imaginar terrível cena.

"E como pode ver em seu fim algo de positivo, Aemond?"

"De um ponto de vista mais egoísta, pelo fato de minhas aflições não terem mais continuidade. E quando me afoguei nas águas geladas da Baía Negra, a dor não me perseguiu por muito tempo e encontrei paz."

"Mas quanto ao príncipe Daemon..."

"O que tem ele?"

"Por que o odeia tanto? Vejo em seu semblante que mesmo agora... Há rancor."

O primeiro impulso de Aemond foi dispensar o assunto e dizer que não era conta dela investigar tais questões. Contudo, pela ausência de malícia em sua indagação, o que o fez lembrar de Helaena, seu coração se apertou e tomou as rédeas de sua língua afiada.

Dando de ombros, Aemond se surpreendeu quando a sinceridade saiu de sua boca:

"Talvez porque ele é aquilo que sempre quis ser: ousado, temido, respeitado...mas livre também. Para ser quem quisesse ser."

Daenerys se admirou com a franqueza do príncipe. De tudo o que ouviu e leu a seu respeito, não imaginava a obviedade naquelas ações.

"E o que o impedia de sê-lo?", Dany quis saber, movida por crescente curiosidade em conhecê-lo melhor.

Aemond jogou a cabeça pra trás e sorriu, embora não fosse um sorriso com o qual vinha lhe dirigindo recentemente. Muito pelo contrário, uma tristeza se apossou de seu semblante, inspirando simpatia e compaixão em Daenerys.

A Ascensão dos DragõesWhere stories live. Discover now