Capitulo III--Entre O Passado & O Presente

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Em mais uma noite curta, Daenerys, ansiosa com o fato de ter em seus salões um membro da família trazido dos mortos para cumprir antiga profecia sobre a derrota dos Outros e os novos sete reinos que de seu embate floresceriam, mal conseguiu desfrutar do sono.

Novamente, vestiu-se só e trançou seus próprios cabelos a fim de investigar mais sobre lorde Aemond Targaryen. Além de suas próprias lembranças infantis, onde Viserys contava as histórias de seus antepassados, Daenerys desejava corroborá-las ao ouvi-las dele próprio.

O sol ainda não tinha nascido quando o encontrou vagando pelo castelo com uma tocha em mãos.

"Vossa Graça", ele se curvou ao encontrá-la. "Tão desperta a estas primeiras horas da manhã?"

Ela procurou não soar ansiosa quando o respondeu:

"Poderia dizer o mesmo do senhor, lorde Aemond."

"Já dormi o suficiente por séculos", respondeu Aemond com um meio sorriso. "Quis investigar este castelo e ver por mim mesmo as mudanças que o tempo impôs. Vejo que, por mistério ou magia, talvez a ambos, ele segue inalterado como em minhas memórias infantis."

"Gostaria de ouvir mais sobre suas memórias", pediu Daenerys, aproximando-se dele. "Mas antes de termos este momento que, ao menos para mim, é tão aguardado, gostaria de levá-lo ao lado de fora. Não creio que teve a oportunidade de conhecer meus filhos, teve?"

Aemond lançou a ela um olhar intenso, recordando-se das histórias que a sacerdotisa lhe tinha contado. A mãe dos dragões, a não-queimada. Títulos impressionantes, mas preciso ouvi-los dela mesma e julgar sua veracidade.

Colocando as mãos atrás das costas, o príncipe Targaryen disse:

"Ao contrário, é de meu interesse averiguar o que me foi contado. Nenhum Targaryen é de fato imune ao fogo, não obstante a afinidade com ele. Como conseguiu a proeza de sobreviver a um incêndio?"

Daenerys retribuiu o olhar dele com o outro. O lilás que pintava as irises dele o encarava de volta.

"A sacerdotisa pode dizer que foi seu deus quem me preservou, mas antes disso tudo sou uma Targaryen. Trouxe os dragões de volta à vida", e, enquanto não chegavam aos dragões, que dormiam no pátio, ela contou sobre sua vida no exílio, os ovos que ganhou de presente de Sor Jorah Mormont e como eles provaram ser mais do que meros ovos decorativos.

Neste instante, porém, Dany reparou que lorde Aemond estava deveras quieto, de cenho franzido. Com delicadeza, ela pôs uma mão em seu braço, fazendo com que ele tornasse a olhá-la.

"Senhor, me parece abatido."

"Eu...", ele engoliu em seco. "Apenas me lembrava de Vhagar."

Daenerys o encarou, assombrada. Não era possível.

"Vhagar?".

Aemond evitou seu olhar uma vez mais. Seus olhos agora capturaram as figuras gigantescas de dois dragões adormecidos. Um deles era tão grande e de escamas escuras que o fez recordar o dragão que tinha domado. Ele sorriu, mas Dany reparou que havia tristeza em seu sorriso.

"A própria. Ela era antiga, foi montada por vários de nossos antepassados. Foi quem trouxe Visenya em sua conquista de Westeros ao lado de Aegon e Rhaenys."

"E o senhor a montou?", Dany indagou, impressionada. "Como?"

Sem desviar o olhar dos dragões, Aemond contou, ainda que resumidamente, como a domou. Omitiu as consequências como as causas para ter subido com sucesso em Vhagar.

"Impressionante", ela murmurou.

Agora atravessaram as portas e mal tendo posto os pés para fora do castelo, Drogon abriu os olhos e encarou Aemond, que a ele sorriu.

A Ascensão dos DragõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora