Capítulo V-Winterfell

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"O que faz meu senhor de Lannister aqui?", indagou Daenerys assim que trouxeram o anão. De cabelos sujos e barba comprida, ela dificilmente veria naquele sujeito qualquer associação a nobre casa westerosi.

Estavam reunidos no salão. Após a calorosa recepção ao antigo aliado da família real, era o momento de investigar as razões que trouxeram aquele traidor às vésperas do voo de Daenerys e Aemond a Winterfell para a grande batalha.

"Vossa Graça. Senhores", Tyrion se demorou em Aemond, reparando no curioso olho azul de safira e nos longos cabelos prateados. "Achei que o outro Targaryen tinha morrido com Jon Snow."

"Vê-se que sabe pouco da vida, anão", resmungou Aemond.

"Sem dúvida", concordou Tyrion. "Não recomendo, porém, que me julgue pelo tamanho, senhor. Não raro, um livro de capa empoeirada resguarda conteúdo rico."

Aemond soltou uma risada.

"E é assim que se vê??

"Se eu não valorizar minha inteligência, e garanto que há outras habilidades que também possuo, mas neste caso não seria adequado expô-las diante de Sua Graça."

O príncipe achou graça nas maneiras do anão, que, de certa forma, os fazia recordar de Aegon. Todavia, era o único no salão que se entretinha com a chegada de um Lannister, cuja casa foi a grande responsável por colocar um usurpador no trono dos Targaryen e assassinar os demais.

"Meu senhor de Lannister, o tempo que nos rege é curto e não estou com paciência para gracinhas", disse Daenerys, séria. "O que o faz crer que o receberei bem em minha corte?"

Tyrion, cujas mãos estavam atadas, conseguiu caminhar até a rainha e se jogou de joelhos em sua presença. Apesar do gesto dramático, que era mais o resultado de ter passado horas em pé—o que fatigou suas pernas—do que submissão por si só, ele manteve a expressão impassível.

"Vossa Graça, pouparei-a dos detalhes da lamentável jornada que fui forçado a enfrentar para chegar à minha senhora. Entretanto, o que direi não é menos verdade por isso." Ele limpou a garganta e contou sobre a morte de Joffrey Baratheon, seu sobrinho, e quão inocente era de tal acusação.

Apesar do direito de ter levado seu julgamento a combate, que resultou na morte do príncipe Oberyn Martell, Tyrion, ciente de que sua vida corria perigo, se antecipou e matou o próprio pai. Foi levado ao exílio graças à ajuda do irmão, Jaime Lannister.

"Muito comovente sua história", disse a rainha, nada comovida. "E, no entanto, eles são seus irmãos e sua família. Por que lhes daria as costas neste momento de vulnerabilidade? O que o faz crer que depositarei minha confiança no senhor, Tyrion da casa Lannister, sobretudo depois do que fez? Não é menos oportunista do que a usurpadora Cersei, e penso que se a maré virasse a fortuna dela, julgo que voltaria aos seus pés, implorando perdão."

Aemond ouviu a tudo aquilo com crescente admiração. Ela sabe do que fala e transmite convicção. Aprendeu duras lições e só os deuses sabem quais foram. Não é fácil ser rainha, ou mesmo rei, vejo com mais clareza. O preço pela coroa é alto demais.

Enquanto perdia-se em suas próprias inquietações, o conselho julgava se Tyrion era honesto em suas intenções ou não. Embora relutante, Jon Connington entrou a favor do senhor de Lannister ao contar sua versão da viagem que tinham feito juntos.

"Muito bem", decidiu Daenerys. "Acatarei sua versão, Sor Jon. Confio no senhor como meu irmão confiou em você. Mas Tyrion deverá ficar sob sua vigilância. Não posso deixá-lo livre até que se mostre de confiança."

"O que quer dizer com isso? Que serei preso?"

"Não", respondeu a rainha com um trêmulo sorriso nos olhos. "Deverá ficar aqui em Pedra do Dragão como meus olhos e meus ouvidos até que eu volte de Winterfell."

A Ascensão dos DragõesWhere stories live. Discover now