CAPÍTULO 16

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Boa leitura ❤️

Segunda-feira, o dia odiado quase que de maneira unânime pelas pessoas era o preferido de Orion.
Ele não se importava de ser distinto dos demais, na verdade, acreditava ser seu ponto forte. Enquanto as pessoas levavam suas vidas pacatas e sem emoção, ele saía da zona de conforto constantemente em busca de coisas inovadoras e que lhe rendessem frutos.
Desde menino não conseguia se encaixar em grupo nenhum e sempre viu isso com bons olhos, pois queria dizer que certamente seria um destaque, por isso trabalhou – e continuaria –, tanto para estar nas listas dos positivos ao invés dos negativos.
Orion possuía muitas empresas em diversos segmentos por todo país e mesmo que todas servissem para lavar seu dinheiro, algumas delas lhe geravam bons lucros, mesmo não sendo seu foco inicial. Por isso, seu nome aparecia no topo dos homens mais ricos e influentes do Brasil.
Ainda assim, prezava por sua vida privada longe dos olhos alheios.
Jamais dera uma entrevista ou deu asas a qualquer burburinho que envolvesse seu nome. Não tinha interesse nem ao menos em ler as fofocas inúteis que saíam na mídia.
Seu objetivo não era, nem de longe, ser famoso, já que achava tudo aquilo uma chatice.
Não que fosse adepto a frequentar shoppings ou qualquer ambiente cheio de pessoas, no entanto, prezava por sua liberdade ao contrário de Taurus que optou por estar debaixo dos holofotes por meio da profissão que havia escolhido para si.
Ele e o irmão não tinham semelhança alguma, porém, se gostavam e se respeitavam muito, mesmo que não se falassem com a frequência que gostaria.
Orion preferia dessa forma, justamente para não envolver o irmão em seus negócios ilícitos. Inclusive, Taurus era uma das únicas pessoas que sabia de tudo sobre sua vida, por isso seu irmão mais novo escolheu morar fora do país e seguir outra profissão.
Foi tudo muito bem conversado e Orion o entendeu, dando subsídio para que ele recomeçasse a vida longe da família.
A carreira dele de modelo estava indo muito bem e o rapaz fazia questão de se manter, já que ganhava muito bem, o que deixava Orion tranquilo, pois mesmo que fosse irresponsável quando o assunto era sua vida amorosa, Taurus era cuidadoso quando o assunto era dinheiro.
Ainda que sua mãe sentisse falta do caçula, já que as visitas não passavam de duas por ano, aprenderam a conviver com essa realidade. No fundo, apesar de nunca ter sido esclarecido o real motivo da mudança, ela desconfiava que tinha a ver com os negócios do filho mais velho.
— Como está sua vida? — perguntou ele ao irmão do outro lado da linha.
— Trabalhando muito, transando bastante e a conta somando zeros o suficiente para viver minha vida como gosto — caçoou o caçula. — E você?
— Caminhando.
— Caminhando? — repetiu, zombeteiro. — O que isso quer dizer? Do jeito que te conheço, certamente trabalha de domingo a domingo sem tempo para dar uma aliviadinha nas bolas. Estou errado?
— Quero saber quando virá para o Brasil — desconversou ele.
— Estava pensando em tirar uns dias no fim do ano. Passar as festas aí, o que acha?
— Acho ótimo. Se quiser posso mandar o jato te buscar.
— Se me visse agora saberia que estou revirando os olhos. Pode deixar que eu mesmo pago minhas viagens, essa síndrome de irmão mais velho já está na hora de acabar.
— Não deixe a fama subir para sua cabeça. Essa vida é muito superficial e passageira.
— Modéstia parte me viro muito bem com essa questão. Aprendi bastante desde que vim morar aqui. Mas agora me fala, como está dona Linda?
— Sem mudanças, apenas incensos, chás, astrologia e misticismo, ou seja, melhor impossível.
Taurus gargalhou do outro lado da linha, sabendo que o irmão dizia a mais pura verdade.
— Essa nossa mãe é uma figura — afirmou, ainda rindo. — Sinto falta de vocês.
— Nós também. Você sabe que a porta da minha casa estará sempre aberta, caso decida voltar.
— Eu sei disso e já me vi tentado a voltar, mas agora existe muita coisa em jogo, afinal, finquei raízes aqui, não é tão fácil quanto parece.
— Só é difícil se você acreditar que é. Sua carreira está consolidada aí, então pode trazê-la junto. Só não me diz que essa dúvida tem a ver com algum rabo de saia.
— Claro que não! — afirmou Taurus, convicto. — Já me viu apaixonado por alguém?
Em relação aos assuntos do coração, os irmãos foram moldados da mesma forma.
Nenhum dos dois havia apresentado ninguém para Linda como namorada e sequer tinham se apaixonado de verdade em algum momento da vida. Tudo não passava de casos passageiros ou sexo sem compromisso.
— Não — respondeu Orion, recostando as costas na cadeira de seu escritório com um leve sorriso nos lábios.
— Eu volto o dia que você se casar com uma gostosa que tenha uma irmã. O que acha?
— Foi muito bom conversar com você, meu irmão, mas o trabalho me chama. Manteremos contato, está bem?
— Tudo bem, toquei no assunto proibido — brincou Taurus. — Mande um beijo para dona Linda e não diga nada sobre o fim do ano, quero fazer uma surpresa.
— Está certo. Até mais.
Orion desligou a chamada e deixou o aparelho repousando em sua mesa.
Por sorte, o sistema de segurança novo havia sido instalado sem mais imprevistos, portanto, tinha retornado à Campos do Jordão bem cedo.
Na realidade, ele voltou antes em um voo que saiu do estado de Santa Catarina antes das quatro da manhã, pois queria ver com seus próprios olhos o novo carregamento que Calisto havia recebido na noite anterior, antes que fosse despachado para a Europa.
Sua mãe e a governanta de estimação ainda não haviam chegado, já que o avião delas sairia depois das dez da manhã e ainda eram nove.
Além disso, teria privacidade para conversar com Caetana sozinho, sem correr o risco de sua mãe – ou outra abelhuda – ouvir.
A ruiva deveria chegar em sua casa a qualquer momento, sem ter a mínima noção que não seria para uma rodada de sexo, como certamente ela estava supondo, e sim para Orion colocá-la em sua posição de origem, de onde jamais deveria tê-la tirado.
— Senhor — falou um dos seguranças pelo sistema de comunicação que fora instalado em sua sala.
— Sim — respondeu, apertando o botão para que o homem o escutasse do outro lado.
— Dona Caetana está no portão.
— Deixe-a entrar, mas quero que venha acompanhada.
— Entendido.
Após três minutos, ela entrou em sua sala, parecendo indignada.
— Com licença — falou seu homem, ao fechar a porta do escritório.
— O que foi isso? Por que fui barrada?
— Porque eu mandei.
— Por que fez isso, Orion? — quis saber com uma voz tristonha.
— Você tem passado dos limites constantemente e sabe o quanto detesto esse tipo de coisa — começou a falar, sem se levantar —, isso aqui para mim — levantou os braços, apontando entre eles —, é uma perda de tempo sem igual.
— Ainda não estou te compreendendo — Caetana fingiu desentendimento, aproximando-se da mesa e apoiando o corpo nela.
— Não gosto de relacionamentos ou qualquer coisa que me faça supor que estou em um e a partir do instante que você invade meu avião, se achando no direito de se intrometer em minha vida dessa forma, cavou a própria cova.
— Está terminando comigo?
— Terminando o quê? — indagou Orion. — Te chamei aqui para dizer olhando em seus olhos que está proibida de entrar na minha casa ou qualquer outro estabelecimento de minha propriedade, ou as consequências serão enormes. Fui claro ou preciso que eu seja mais específico?
— Orion — começou Caetana, sentando-se. — Eu gosto de você. Desculpa-me se fiz parecer algo que não é do seu agrado, prometo que me controlarei daqui em diante. Eu sei onde estou na pirâmide da sua vida e estou bem com isso, porque tenho a certeza de que futuramente isso possa mudar.
— Não vai. Estou te afirmando com todas as letras. Não quero um relacionamento, nem mesmo algo parecido. O que eu lhe ofereço é sexo quando eu desejar, nada mais que isso.
— Tudo bem, aceito.
— Não. Você não compreendeu o que estou dizendo. Isso já havia sido esclarecido e por algum motivo que criou em sua cabeça, você mudou as regras do jogo. Não lhe darei mais uma chance.
— Faremos o seguinte, u não durmo mais aqui, aceito nunca mais te mandar mensagem ou ligar. Somente sexo e tchau. Se quiser pode ser até em minha casa, mas só não me afasta de você e da química que possuímos.
Caetana, por sua vez, era uma mulher inteligente.
Ela sabia que Orion não gostava que implorasse por qualquer coisa, então optou por um caminho mais racional, ao invés do coração, mas por dentro ela estava a ponto de explodir de tanto gritar, morrendo de medo de nunca mais vê-lo em sua vida.
Estava contando com sua passividade em lidar com aquele chute na bunda para que ele voltasse atrás na decisão.
Ele poderia não admitir, no entanto, eles tinham sim algo mágico e único, com o tempo ele veria isso.
— Já terminei o que gostaria de falar — disse ele, voltando a atenção para o computador.
— Apenas pense sobre o assunto — disse ela, levantando-se entendendo que era a hora de tirar seu time de campo. — Eu mudei, Orion, depois do que aconteceu naquele avião. Sei que sou mais que aquilo, espero que veja isso. Porém, não queria desperdiçar nossa química.
Ela saiu do escritório com a esperança de que suas palavras fossem atendidas.
Orion era um homem poderoso demais para se importar com meras formalidades. Além de ter desejos lascivos que somente ela conhecia muito bem, então contava que em certo momento ele cederia.
Contudo, redobraria sua atenção, porque Caetana sabia que mais uma pisada fora da linha seria excluída para sempre da vida de seu amor. A primeira coisa a fazer era tomar cuidado com seu ciúme excessivo.
Teria que arrumar uma forma de colocar aquela empregadinha intrometida na rua, pois seu alerta sempre soava alto quando ela aparecia.
Por mais que achasse que Orion jamais se interessaria por aquela suburbana infeliz, ver os dois sentados um ao lado do outro aquele dia dentro do avião fez com que enlouquecesse.
Por que estavam tão próximos?
Com certeza estava querendo seduzir o chefe e esse pensamento fez Caetana rir, caminhando para fora da mansão.
Um homem grandioso como ele, nunca olharia para uma mosquinha feita a empregada e mesmo que estivesse errada e Orion se interessasse por ela, não passaria de uma noite de sexo, porque aquela ninfeta inexperiente nunca daria conta de um homem como aquele.
Somente Caetana era capaz de satisfazê-lo e ela daria um jeito de Isla Maria entender isso e se colocar no lugar dela, lá na copa, lavando pratos ou não se chamava Caetana Fagundes.

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⏰ Last updated: Jun 12, 2023 ⏰

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