CAPÍTULO 02

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Boa leitura ❤️

Pela janela da aeronave, Orion observava sua terra ficando cada vez menor.
Como voar não era sua atividade preferida, mantinha-se entretido o caminho inteiro.
Embora o avião não fosse seu, ele o conhecia muito bem, pois fazia questão de alugar o mesmo todas as vezes que precisava viajar. Culpa de seu zelo acentuado, apesar de alguns dizerem que era por ser metódico demais.
Embora a quantidade de dígitos em sua conta fosse bem elevada, mantinha seus pés no chão sempre que possível, sem ostentação, talvez por sua origem. O fato era que preferia investir em coisas realmente úteis, portanto, ter um avião que usaria uma vez por mês não se enquadrava nisso.
Ele não se importava em saber que fulano tinha isso ou aquilo e ele não. Sabia que os Pellegrini possuíam uma frota inteira, mas isso não o instigava a fazer o mesmo, não havia competição com relação àquilo.
A verdade era que Orion estava se fodendo para quem quer que fosse. Deixava as pessoas pensarem e falarem o que quisessem porque, no final, o que de fato importava eram os resultados que via em seu balanço diário e, principalmente, nas contas divididas em paraísos fiscal.
A única coisa que fez questão de ter foi uma pista para facilitar sua vida e não perder tempo em trânsito, já que cada minuto era precioso.
Aproveitava essas viagens para fechar novos negócios ou alianças. E quando as duas coisas aconteciam em simultâneo, melhor ainda.
Depois de uma bela tempestade e muita turbulência, o avião finalmente aterrissou.
Sem perder tempo, foi direto para o hotel se preparar para um evento que aconteceria naquela noite.
Arrumou-se como de costume, com seu terno preto, o cabelo bem alinhado e perfumado na medida certa. Quando deu a hora, saiu com Calisto em seu encalço rumo à festa para a qual iria como convidado de honra.
Há alguns meses havia estreitado os laços com a Itália, o que gerou benefícios satisfatórios para ambos os lados, e pretendia manter daquela forma, expandindo sua influência e mercado.
Aproveitou cada minuto daquela noite cultuando alguns laços já feitos e firmando outros novos. Somente por aquilo, a viagem já tinha valido a pena.
— Espero que esteja aproveitado a festa — declarou o anfitrião em um inglês impecável.
— Certamente, está tudo perfeito — respondeu Orion, bebericando sua água com gás e limão.
— Também não é adepto do álcool? — inquiriu o desconfiado italiano, olhando para seu copo.
— Na verdade, não.
Leonello Pellegrini acenou com a cabeça em agrado e um silêncio confortável pairou por alguns segundos enquanto ambos se encaravam. Afinal, apesar de os negócios de ambos estarem em expansão, ainda eram dois mafiosos poderosos.
— Pelo jeito, temos mais em comum do que imaginamos.
O chefe da máfia italiana era conhecido por seu potencial altamente cruel. Nos bastidores do submundo corriam boatos do que ele passara para chegar onde estava, e mesmo que as histórias de vida dos dois fossem distintas, havia certa familiaridade em seus caminhos tortuosos.
— Espero que sim — contrapôs Leonello.
Eram dois homens importantes e perigosos, então era natural pairar um clima tenso e desconfiado no ar, uma vez que pessoas como eles não costumavam sair distribuindo confiança para qualquer um.
Mas já era quinta vez que se encontravam no último ano e cada vez mais Orion sentia que Leonello seria sua aliança perfeita na Europa.
— Papai — disse uma voz feminina e aveludada.
Ao olhar para o lado, viu uma garota se aproximar.
— Esta é minha filha mais velha, Bella. Querida, este é um parceiro de negócios, Orion Meirelles, ele veio do Brasil.
— Prazer — cumprimentou, contido, acenando a cabeça.
Ela, em contrapartida, se aproximou e lhe deu um beijo na bochecha.
Orion ficou petrificado, pois no meio em que viviam, qualquer olhar bobo para a esposa ou filha dos chefes, poderia significar uma desavença imediata ou até morte.
— O quê? — indagou Bella. — Não é assim que se cumprimentam no Brasil?
Leonello encarou a filha, transbordando raiva, e Orion de imediato soube que aquela era uma briga na qual não estava a fim de se envolver.
— Com licença — apressou-se em dizer, afastando-se, enquanto ouvia o anfitrião ralhar com a filha.
Orion não era cego e Bella realmente fazia jus ao nome que carregava, apesar da pouca idade – ela deveria ter dezoito, no máximo –, era uma linda mulher, mas cheia de personalidade. E pela forma como o encarou, estava louca para arrumar confusão.
Mas não com ele.
Quando parte dos convidados começou a se despedir, Orion fez o mesmo e retornou ao hotel; queria descansar, já que na manhã seguinte participaria de duas reuniões antes de voltar ao Brasil.
Ao entrar em seu quarto, ficou irado ao ver Bella sentada em sua cama, usando apenas um roupão de seda preto.
— Puta merda — xingou em português. — O que faz aqui? — perguntou, daquela vez em inglês.
— Não é óbvio? — respondeu à pergunta com outra, enquanto se levantava e caminhava em sua direção.
— Pode parar — ordenou o brasileiro com as mãos erguidas, mesmo que a calça não conseguisse disfarçar a ereção que se fez presente só de saber a intenção da garota ao aparecer ali.
Bella era filha do Don italiano mais cruel de que já se ouviu falar e Orion era racional demais para deixar o tesão falar mais alto.
— Vamos ser sinceros? — começou ela. — Tenho meus motivos para estar aqui e sendo um homem inteligente, já deve ter adivinhado. — Quando ele apenas levantou uma sobrancelha, ela prosseguiu, exasperada: — Vamos lá, não será sacrifício algum — disse a abusada, passando a mão por seu peitoral.
Orion se abaixou ligeiramente e disse ao seu ouvido:
— Realmente, não seria sacrifício algum te foder a noite toda.
Bella continuou a passar os dedos delicados por seu corpo, até chegar à altura de seu pau, que saltava visivelmente.
— Mas você escolheu o cara errado para provocar seu pai — afirmou, agarrando firmemente o punho dela com a intenção de fazê-la parar. — Não permito que o prazer se sobreponha aos meus interesses e, por isso, não vou arruinar meu bom relacionamento com Leonello por causa de uma boceta.
— Nossa! — exclamou ela, falsamente ofendida. — Bom, é uma pena... Porque consigo ver o quanto está se esforçando para me rejeitar.
Orion, ainda com o punho dela preso, puxou o pequeno corpo para si e continuou:
— O sucesso requer renúncias. Alberto! — gritou, sem deixar de encará-la nos olhos.
— Sim — respondeu o segurança de quase dois metros de altura, entrando no quarto rapidamente, mal disfarçando o espanto de ver uma mulher ali.
— Leve-a embora sem que ninguém veja — ordenou, virando-lhe as costas. — Antes de sair, vista alguma coisa, e se chegar aos ouvidos do seu pai que fiz algo com você, eu mesmo a mato.
Parecendo se divertir, ela vestiu um pesado sobretudo.
— Orion Meirelles, você é um homem espetacular — assumiu ela, encarando-o. — Gostaria de ter sido apresentada a você antes ter me apaixonado por um babaca — prosseguiu, terminando de amarrar a faixa do sobretudo. Então, aproximou-se e lhe deu um beijo na bochecha —, mas eu amei te conhecer.
Assim que o problema saiu de seu quarto, pôde respirar fundo, torcendo para que ninguém a tivesse visto ali.
Por sorte, não precisaria se satisfazer apenas com seus pensamentos, uma vez que havia marcado um encontro.
Em menos de vinte minutos, uma linda morena entrou em seu quarto.
— Adorei o convite — disse a moça que ele havia conhecido na festa mais cedo.
Após Alberto ter feito uma rápida varredura na vida da mulher e não encontrado nada relevante, fez um discreto convite para uma noite sem compromisso, mas repleta de prazer.
E assim foi.
Não importava que jamais a veria novamente. Orion aproveitou cada segundo da madrugada, esquecendo-se do incidente com Bella. Quando estava entre quatro paredes com uma mulher – ou várias –, seu lado comedido ficava um pouco de lado e não parava enquanto não estivesse saciado por completo.
— Foi uma experiência maravilhosa — deleitou-se a moça, quando ele voltou ao quarto, após tomar banho.
Haviam passado a noite toda acordados, aproveitando os prazeres da carne.
— Não sabia que vocês, brasileiros, eram tão bons em... Você sabe, satisfazer uma mulher.
— Agora já sabe — rebateu, começando a se vestir, gesto que ela imitou.
— Você poderia me passar seu...
— Você é ótima — elogiou —, mas como eu disse, sem compromisso.
Ela riu docemente, pegando a bolsa de cima da mesa.
— Tudo bem, quem sabe o destino faça o trabalho dele e nos coloque no mesmo caminho mais uma vez.
— Quem sabe...
Deixando a ideia no ar, ele se aproximou e depositou um beijo ardente nos lábios da linda morena à guisa de despedida.
— Se mudar de ideia... — disse a jovem de modo despretensioso, deixando um pedaço de papel com o número do celular sobre a mesa antes de sair.
Assim que ela fechou a porta, Orion terminou de se arrumar.
Depois de fechar a mala, guardou o laptop na bolsa de couro e colocou o aparelho celular no bolso, ignorando as várias ligações e mensagens que viu na tela inicial.
Revigorado, dirigiu-se ao elevador, pensando que não havia nada melhor para começar o dia, do que passar a noite fazendo sexo de boa qualidade.

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