CAPÍTULO 12 - BÔNUS

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Boa leitura ❤️

Sentada na varanda do restaurante abandonado, Isla mal respirava, tentando ouvir algum conselho de seus pais.
Era possível aquele ser o caminho certo? Era possível que aquele destino miserável era o que seus pais almejavam para ela?
A resposta não era difícil de enxergar, mas ela não conseguia mais voltar. A partir do instante que entrou na casa dos Meirelles a porta do retorno se fechou para nunca mais abrir, e ela sabia disso.
Orion era esperto e manipulador, mas Isla também possuía seus predicados e conforme os dias se passavam, o motivo de querer vê-lo apodrecer na cadeia ficava mais pessoal.
Ser humilhada constantemente apenas fazia seu ódio por aquelas pessoas fermentarem, mas lidar com esse sentimento era o mais difícil em sua opinião.
Por mais que ela tivesse estudado tudo que podia sobre aquela família, era muito diferente conviver com eles todos os dias e controlar seus sentimentos.
Sorrir quando, na verdade, gostaria de chorar, dizer palavras agradáveis quando seu interior gritava ou até mesmo engolir humilhações quando seu real desejo era cuspir palavras de ódio.
Estava difícil. Muito mais do que poderia supor. Contudo, Isla não iria hastear a bandeira branca. Por mais que tivesse seus momentos de dúvidas, seus pensamentos sempre levavam até os rostos de seus pais, somada ao desrespeito a que era submetida, suas indecisões secavam.
Por isso, ergueu-se – literalmente –, e colocou o capacete rumo a mais um dia, porém, seria diferente, visto que passaria dois dias junto com Linda e Orion em uma viagem.
Que Deus a protegesse e ajudasse a se manter calada.
— Coragem, Isla, dará tudo certo — incentivou a si mesma subindo na moto.
O dia nem mesmo havia amanhecido. O relógio apontava cinco da manhã.
O sol ainda estava envergonhado, mas estava certa de que, logo mais, começaria a brilhar.
Antes de sair de casa, separou uma pequena mochila com algumas roupas e itens de higiene, já que ficariam poucos dias fora. Como não tinha ideia de que horas o avião partiria, preferiu chegar cedo à casa dos Meirelles.
Assim que passou pelos portões do inferno – era assim que Isla os enxergava –, respirou fundo, incorporando aquela funcionária engolidora de sapos, que estava com seu objetivo cada dia mais palpável.
— Bom dia, minha querida, quer tomar um café? Sente-se, eu te sirvo, fiz coisinhas maravilhosas — desembestou a falar Teodora assim que adentrou na cozinha.
— Uau, que ânimo essa hora — brincou, sentando-se.
Acomodou sua mochila em uma das cadeiras sobressalentes e se serviu de uma xícara de café quando seu celular vibrou dentro da bolsa.
Alcançou-a novamente e retirou o aparelho do bolso lateral.
— Madrugou? — atendeu Isla.
— Ei! Esqueceu que tem uma amiga, estrupício? — rezingou Joana, sua amiga de longa data.
— Fala, canceriana dramática. Me ligou antes das seis para dramatizar? Isso que é honrar a fama — disse, sorrindo.
— Ha! Ha! Ha! Não vi a menor graça. Bom, liguei porque tenho um convite irrecusável.
— Não posso!
— Ah! Vá à merda. Nem ouviu o que é.
— Estou indo viajar a trabalho, volto só domingo à noite — afirmou Isla, bebericando o café maravilhoso de Teodora.
— Viagem de trabalho? Hmm, que chique!
— Pois é.
— Mas vai perder a festa do Pedro.
— Nossa, que pena — fingiu tristeza.
— Poderia pelo menos fingir melhor. Não nos vemos há mais de um mês, o que está acontecendo com você? — inquiriu Joana, claramente chateada.
— Desculpe, amiga — começou Isla, diminuindo o tom de voz —, você tem razão, assim que eu voltar a gente combina alguma coisa sem falta. Pra compensar, vou trazer um presente para você da minha viagem. O que acha?
— Querendo me comprar?
— Hmm... Sim!
— Amei, aceito — disse sua amiga, imediatamente, rindo do outro lado da linha. — Se cuida, e se não me ligar na segunda apareço na porta da sua casa com a polícia. Sabe que tenho uns contatinhos quentes, né?
— Também te amo — declarou, desligando o aparelho em seguida.
Assim que o guardou novamente, viu Teodora parada ao seu lado, estendendo-lhe um pequeno papel que tinha caído de sua bolsa. Era o extrato da sua conta que havia tirado no dia anterior.
Teodora estava em choque e não era para menos, visto que quase nenhuma pessoa assalariada como ela teria mais de dois milhões de reais na conta.
Na verdade, aquele dinheiro estava ali somente de passagem, pois havia retirado de um investimento para colocar em outro melhor.
— Obrigada — falou Isla, puxando o pequeno papel da mão da cozinheira.
Ela achou melhor não comentar sobre o assunto, até porque não poderia explicá-lo. O que ela iria dizer? Que seus pais eram ricos e haviam deixado aquela quantia como herança?
Por mais que essa fosse a verdade, não justificaria o fato de Isla se submeter àquele trabalho. Preferia manter o silêncio a ter que mentir para Teodora. Omitir pesava menos em sua consciência.
— Bom dia. — Linda apareceu na cozinha carregando um incenso aceso e espalhando o aroma pelo ambiente. — Pronta, Isla?
Que coisa irritante aquele cheiro forte logo cedo!
— Bom dia, senhora Meirelles.
— Me chame de Linda — pediu, balançando os braços, parecendo uma maluca. — Pode pegar suas coisas porque nós já vamos.
— Boa viagem — desejou a cozinheira com um sorriso.
Isla se levantou, colocou sua mochila nas costas, depositou a xícara vazia na pia e deu um beijo em Teodora.
— Juízo, minha filha. Que Deus a acompanhe.
— Obrigada — agradeceu, sincera. — O café estava uma delícia, como sempre — elogiou antes de sair.
Linda terminou de espalhar a coisa fedida e caminhou para fora.
Isla a seguiu e entrou no mesmo carro, vendo Orion entrar no da frente, com Nicolas e Calisto.
Foram seguidas por mais quatro veículos até chegarem a um aeroporto que nunca tinha visto em sua vida, e olha que Isla conhecia bem sua cidade.
Anotou mentalmente aquela informação, pois decerto lhe seria útil.
Os carros pararam na pista de pouso e muitos homens desceram, todos atentos a cada centímetro de terra que os cercavam.
— Vamos — incentivou Linda, puxando-a pelo braço para subir no avião. — Sente-se onde quiser, fique à vontade. Vou me sentar aqui — disse, apontando para uma das poltronas beges, grandes e confortáveis da aeronave.
Olhou ao redor e se sentou na primeira poltrona em que bateu o olho, um pouco mais para o fundo, pois sempre que tinha oportunidade, preferia manter distância de daquelas pessoas.
Isla se acomodou e ficou observando o que acontecia do lado de fora.
Alguns homens carregavam uma enorme mangueira, que ela logo deduziu ser do combustível, enquanto outro fechava uma pequena comporta logo abaixo de onde Isla estava sentada. Também observou Nicolas entrar em um dos carros pretos e ir embora.
Ele sempre ficava para trás, aparentemente cuidando das coisas na ausência de Orion, por isso não estranhou que tivesse dado meia-volta assim que seu patrão estava entregue.
Mandou os pensamentos relacionados ao baba-ovo para longe e focou na viagem que estava prestes a fazer. Isla estava tranquila, não tinha medo de voar, ela só esperava que Linda não tirasse um incenso da bolsa e o acendesse no meio do caminho. Apesar de que, nada vindo da hippie maluca a surpreenderia.
De repente o clima, que estava relativamente tranquilo, transformou-se quando Orion adentrou na aeronave. Para variar, ele estava de terno preto e usava óculos escuros. Um metido nojento!
Voltou a encarar sua janela, ignorando-o e tentando se distrair com os funcionários que trabalhavam ao lado de fora, porém, não havia mais nenhum e passou a observar a aeronave.
Tudo ali dentro parecia exclusivo. Havia dois conjuntos com quatro poltronas distantes umas das outras, com uma mesa entre elas, onde um grupo de pessoas poderia conversar ou fazer uma reunião. Também havia dois outros pares, um na parte da frente e um na parte de trás, que era a que ela ocupara, dando um total de doze assentos.
Isla torceu para que Orion fosse lá na frente ou até mesmo junto com o comandante, não interessava, contanto que ficasse o mais longe possível. Contudo, era óbvio ele não perderia a oportunidade de aporrinhá-la, então, de modo arrogante, caminhou até o fundo e se sentou ao seu lado.
Por que, Deus? Por que ele foi cismar comigo?, pensou Isla.
Seu objetivo de ser como um fantasma naquela casa não estava saindo como planejou e isso era péssimo para os seus planos.
— Dia maravilhoso para uma viagem, não acha? — disse ele, olhando para a janela.
Ela fez o mesmo e se assustou ao ver que o tempo tinha virado e o sol que Isla acreditou que logo daria as caras, sumiu por inteiro, dando lugar a dezenas de nuvens escuras.
Para completar, um relâmpago apareceu no céu, precedendo um trovejar ensurdecedor.
Isla nada respondeu. Continuou a olhar para frente, mas totalmente incomodada com a presença de Orion a seu lado.
Naquele dia, em especial, ela não estava com seu tradicional vestido preto e sapatos altos.
Permitiu-se usar uma calça vermelha de alfaiataria e uma camisa branca com detalhes bordados na gola. Nos pés, optou por um tênis todo branco que deu um visual mais despojado ao look.
Ela gostava muito de moda e adorava se vestir bem, no entanto, na casa dos Meirelles havia um padrão, mas como não estava lá, resolveu ousar, mostrando um pouco da sua personalidade em suas vestimentas.
— Cadê seu uniforme? — inquiriu ele, como se estivesse lendo seus pensamentos.
— Fui liberada da utilização dele nesta viagem.
— Por quem? Você aqui obedece às minhas ordens. Vá agora.
— Orion. — Uma esganiçada soou.
Isla olhou em direção à frente do avião e viu a ruiva enraivecida indo em sua direção.
Era só o que faltava para dar início a um show de horrores!
— Não — disse ele, altivo, levantando-se antes que ela pudesse alcançá-los. — Saia daqui.
— Podemos conversar?
— Não.
— Por favor — implorou, com os dentes trincados, visivelmente envergonhada.
Isla virou o rosto para a janela, sem querer testemunhar aquela situação constrangedora, mas não poderia mentir dizendo que não estava adorando ver o jeito que Orion tratava aquela lambisgoia!
— Por que está sentado ao lado da empregada?
— Calisto! — Orion chamou, fingindo não tê-la escutado.
O braço direito do mafioso apareceu em seu campo de visão e, sem que Orion precisasse dizer algo, dois seguranças entraram logo atrás e a retiraram.
— Sua vagabunda — xingou Caetana, encarando-a.
Assim que eles passaram pela poltrona de Linda carregando a megera, a mulher se levantou e fez um sinal místico esquisito com as mãos.
Isla teve que admitir que foi bem engraçado.
Para completar, seu instinto falou mais alto quando piscou para Caetana antes que esta fosse completamente expulsa do local e isso foi o suficiente para que a louca gritasse ainda mais.
— Imagina nós três pelados em uma cama? — Orion falou do nada, pegando-a de surpresa. — Qual o seu preço?
Isla respirou fundo, refreando a imensa vontade de agredi-lo.
— Ou ainda é virgem? Se for, pago o dobro.
— Não falo sobre minha vida pessoal com qualquer um.
— Não? Achei que por você ser qualquer uma, não se importasse.
Isla inspirou profundamente mais uma vez, sentindo suas bochechas pegarem fogo.
— Vamos lá, criada, todo mundo tem seu preço. Não precisa fingir que está ofendida, somos adultos.
— Não estou — mentiu, cerrando os dentes.
— Ótimo, assim facilita as coisas — declarou Orion, cruzando as pernas. — Pago duzentos reais. O que acha?
— Nossa — exclamou, irada —, nem saberia o que fazer com tanto dinheiro.
Sua respiração acelerou e a culpa era da adrenalina que começou a correr por suas veias, proveniente da raiva que estava sentindo.
Filho da puta, maldito!
— Caetana é fogo entre quatro paredes, você não irá se arrepender.
— Posso imaginar — respondeu, vermelha de ódio, mas controlando sua fúria —, uma vez que ela deve precisar compensar a sua falta de habilidade.
Para quem estivesse os observando, parecia um diálogo normal, mas somente eles sabiam o tornado de emoções que trocavam naquele momento.
Sem que Isla esperasse, Orion se curvou sobre ela, pegou as duas alças do cinto de segurança dela e o apertou sem qualquer delicadeza. Mas em vez de se afastar, manteve o rosto rente ao dele, permitindo que o cheiro amadeirado invadisse suas narinas.
Petrificada, ela não sabia o que o que fazer, ao contrário de Orion, que parecia ter plenos poderes de seus atos, a contar pelos movimentos calculados que fez antes de apoiar um dos braços em seu tronco, impedindo-a de se mover, e com a mão livre abriu sua calça.
Isla continuava embasbacada, sem reação, completamente desacreditada do que estava acontecendo.
— Você vai implorar para que eu te foda — disse ele em seu ouvido com a voz rouca —, e de graça, porque minha oferta anterior já não está mais válida.
Então os dedos dele escorregaram até sua boceta e Isla foi transportada para outro planeta, onde o que imperava era a vergonha, uma vez que, para seu total vexame, estava molhada.
O instinto animal que morava dentro de si fora ativado, impedindo-a de protestar, por mais que seu lado racional gritasse dentro de sua cabeça, mandando-a se levantar e correr enquanto era tempo.
O problema era que Isla já estava dentro de um labirinto, totalmente perdida e, para piorar, gostando da sensação.
— Vou te foder com meus dedos — anunciou ele, fazendo-a sentir o hálito quente e mentolado em seu ouvido. — Se não quiser é só mover o quadril para trás e tirá-lo. É você quem controla.
Óbvio que seu corpo estúpido afundou mais ainda na cadeira, fazendo os dedos dele escorregarem em direção à sua intimidade por completo.
Ele começou a masturbá-la sem dó, bruto como só ele poderia ser.
Isla estava se segurando para não emitir som algum e torcendo para que estivesse oculta atrás dos enormes assentos.
Quando ele acelerou, sentiu que estava próxima de seu fim, mas então ele beliscou seu clitóris e uma sensação inédita surgiu e a afundou ainda mais na depravação.
Tudo que ela queria era que ele a fodesse de verdade. Seu nível de excitação era tão alto, que nem se importava que fosse ali, na frente de todo mundo.
Então Orion tirou os dedos e os chupou, lambendo todos os resquícios de seus fluidos.
— Vou te deixar com o benefício da dúvida.
Com essas palavras, o vagabundo, miserável, maldito se levantou, deixando-a em um estado lamentável e transbordando de aversão por si mesma.


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