PRÓLOGO - CAPÍTULO 01

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Recadinho importante:
Eu fundei uma editora que se chama Luria Books e no dia 10/01 lançamos o nosso primeiro livro que se chama: NA TEIA DA MÁFIA da autora LALA CAVINATO.

O livro já está completo e disponível no site da Amazon, mas resolvi postar aqui no wattpad também.

Lembrando que esse é um livro da autora Lala Cavinato. Espero que vocês gostem da escrita dela, pois eu amei ❤️

Boa leitura.

AVATARES:

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PRÓLOGO

Orion poderia dizer que aquele era mais um dia como outro qualquer em sua vida, mas a verdade era que, não somente seria um divisor importante, como também um marco em sua história.
Sabe aquele papo de que casamento era um momento especial? Bom, seus pensamentos quanto a esse assunto eram mais céticos e práticos.
Ele via o matrimônio como um acordo com múltiplos benefícios, não somente financeiros, já que a ideia de poder ter uma gostosa à sua disposição sempre que quisesse não lhe parecia algo ruim.
Sua vida sempre foi pautada em cálculos e projeções que o favorecessem, simples assim, sem qualquer sentimento de culpa pelos corpos deixados pelo caminho, e com seu casamento não seria diferente. Afinal, ser chefe da maior organização criminosa do Brasil não era como descrito nos livros de romance, nos quais o mocinho virava uma gazela apaixonada.
Com Orion, isso jamais iria acontecer.
O trabalho ocupava trinta horas do seu dia e mente, sem espaço para qualquer outra coisa. Além do mais, Orion Meirelles não possuía pontos fracos e obviamente não pretendia ter alguém que se tornasse um.
Cada passo que deu em sua vida foi extremamente ponderado e medido, desde que era apenas um menino de periferia. Cresceu presenciando o tráfico dominar o local onde morava, sem qualquer proteção, já que os criminosos disseminavam o medo como forma de receber o respeito das pessoas.
Aquela fantasia de que os marginais protegiam a população era a porra de uma balela. Novamente, isso só acontecia em histórias inventadas por mentes romanescas e iludidas, pois a realidade era muito mais assombrosa.
Mesmo com pouca idade, ele já sabia que aquele era o caminho oposto ao do sucesso. Claro que essa palavra apresentava significados diferentes para cada um, todavia, para Orion, expressava poder, tanto para o bem de sua comunidade como para si próprio, uma vez que, em sua cabeça, um estava atrelado ao outro.
Quando tinha treze anos ele se mudou, juntamente com o irmão mais novo, para a casa onde sua mãe prestava serviços domésticos.
Naquela época, estavam em um momento muito difícil da vida e passando por dificuldades, tanto financeiras como no âmbito emocional devido à ausência de seu pai.
O maldito os tinha abandonado, deixando-os sem qualquer suporte. Todos passaram fome e por muitas outras situações deprimentes, até sua mãe começar a trabalhar em casas de família, visto que não tinha nenhuma outra habilidade para conseguir sustentar os filhos.
Nesse período, por mais que Orion tivesse tentado ajudar, não havia muito que pudesse fazer. Ele era apenas um garoto mirrado e Linda jamais permitiu que os filhos faltassem a aula, independentemente da circunstância.
Todavia, por alguns meses, foi por meio dos bicos de Orion que conseguiam almoçar e jantar, ainda que não fosse uma regra. O abandono e a necessidade forjaram muito de sua personalidade, mas quem a definiu de fato foi o novo patrão de sua mãe.
Roger apareceu em um momento crucial na vida deles. Linda, que fizera serviço de diarista em algumas casas, foi indicada a ele para compor a equipe que cuidava de sua mansão, e conseguiu a vaga. Aquilo restaurou a fé de sua mãe e mudou o destino da família como eles nunca poderiam imaginar.
O velho senhor, dono de um patrimônio inimaginável, era sozinho na vida e um ótimo juiz de caráter – algo que existia mesmo entre foras da lei. Não demorou muito para ele enxergar o lado sombrio do filho mais velho de sua nova contratada e o inserir em um caminho sem volta.
Ele era chefe do Condão, uma poderosa organização criminosa, no entanto, o rapaz só teve conhecimento de tal informação após alguns anos morando naquela residência, afinal, embora Roger visse nele tudo o que procurava, era natural que quisesse ter certeza de que Orion era de confiança.
Após meses e meses ajudando em coisas que não entendia totalmente, enquanto era secretamente treinado, Orion foi inserido nos negócios por completo e não decepcionou. Seu "guru" costumava dizer que a melhor coisa que ele fez na vida foi levar Orion para dentro de seus negócios, pois devido às ideias inovadoras do arguto rapaz, em apenas cinco anos o Condão saiu da segunda posição e se tornou a maior máfia do Brasil.
Eles faziam de tudo um pouco: tráfico de armas, contrabando, prostituição, tráfico de influência, mas, principalmente, jogos de azar.
Diferente da maioria, Orion não se considerava uma vítima da sociedade ou do meio em que foi criado. Sempre foi consciente do que o cercava e inteligente o suficiente para agir e arcar com as consequências de seus atos. Compreendia que ir pelo caminho obscuro era como entrar em um túnel tenebroso, contudo, esse seu lado sempre falou mais alto.
Por ter crescido tanto em tão pouco tempo, o rapaz era invejado por muitos que queriam tomar seu lugar a qualquer custo. Após várias tentativas de assassinato, tornou-se perito em manter sua família, e a si mesmo, em segurança.
Desde seu nascimento, Orion foi um lutador, já que mesmo nascendo de seis meses e tendo que ficar mais de duzentos dias na UTI neonatal, superou as adversidades. Aquela foi a primeira batalha que vencera.
Devido à porta em que escolhera entrar e também ao que possuía dentro de si, considerava-se diferente, até mesmo daqueles que, como ele, optaram por seguir pelo lado obscuro.
Não era adepto a festas, brincadeiras, futebol ou azaração, coisas comuns entre os homens. Pelo contrário, contra todas as expectativas, apreciava mais estudar e, assim como Roger, era um exímio medidor de caráter, talvez por sempre ter sido muito mais de observar do que de participar.
Linda costumava dizer que ele poderia ter sido tudo o que quisesse, tamanha era sua inteligência e sagacidade. Completava proferindo que, aquele oxigênio que faltou quando ele nasceu, fora o responsável por sua excentricidade.
Orion nunca se escondeu de sua mãe, ele jamais mentia, independentemente do assunto, por outro lado, também não revelava detalhes de seu envolvimento com Roger e o que aquela união havia gerado com o passar dos anos.
Havia coisas que ele considerava desnecessário mencionar, já que sua própria mãe também se esquivava do assunto, justamente por desconfiar que o filho tivesse ido por um caminho que ela não gostaria. Por isso, essa pauta jamais era discutida entre eles.
Respeitava sua mãe e as crenças dela, por isso, ela aprendeu a fazer o mesmo.
— Ainda dá tempo de deixar isso de lado — afirmou Linda, afetuosa, enquanto ele arrumava a gravata.
— Deveria saber que jamais abandono...
— Uma ideia — completou ela, revirando os olhos. — Conheço o filho que tenho.
— Exatamente — sentenciou Orion com um sorriso de lado quase imperceptível. — Achei que gostasse dela — completou, provocando-a.
— Por acaso sou eu que vou me casar?
Orion não respondeu, porém, parecia se divertir com aquela conversa. Ainda que não pudesse dizer o mesmo de Linda. O filho já tinha 34 anos, mas se preocupava como se ele ainda fosse uma criança.
— Você está sendo irracional — continuou ela.
Muito pelo contrário, veio a sua mente instantaneamente. Jamais tomou qualquer atitude em sua vida sem calculá-la em detalhes. Quando traçava um plano, passava boa parte do seu tempo escolhendo a melhor estratégia e o caminho menos perigoso.
Em sua vida pessoal não era diferente. Já sabia o que esperar daquele casamento e ele aconteceria por bem ou por mal.
— Desde nossa primeira, e última, briga, prometi não me meter em sua vida. Mas...
— Então mantenha sua promessa... — cortou Orion, sutil, mas incisivo.
— Casamento é algo sagrado — continuou Linda, persistente.
— Por que tanto sentimentalismo? É um contrato como qualquer outro — declarou, tranquilo e confiante, tendo total certeza do que estava prestes a fazer.
Olhando-se no espelho, Orion percebeu que seus olhos, que costumavam ser verdes, estavam mais escuros, dando um ar sombrio ao seu rosto.
Passou a mão pela barba, que começava a despontar por sua pele, e sentiu o metal de seu anel de ouro branco contornar o rosto quadrado e sério.
— Negócios, negócios e mais negócios. É só nisso que pensa?
— Sim — respondeu, sincero, virando-se para ficar cara a cara com a mãe. — Não sou como todo mundo. Não preciso de amor ou qualquer desses sentimentalismos irrelevantes. Está se preocupando à toa.
Linda se aproximou, erguendo a mão para acariciar seu rosto antes de falar:
— Se engana ao pensar que minha apreensão é direcionada a você. Minha preocupação está naquela moça inocente.
Orion riu, sem nenhum humor.
Respeitava imensamente a mãe, entretanto, não permitia que ninguém, interferisse em seus negócios. Então, antes que ela começasse a defender a fulana que logo se tornaria sua esposa, tratou de finalizar aquela conversa.
— Pois não deveria — respondeu, afastando-se —, de inocente ela não tem nem um fio de cabelo.
Subitamente, Calisto, seu braço direito, entrou no quarto, desanuviando o clima pesado.
— Chefe...
— Cinco minutos — informou Orion ao magricela tatuado, que se retirou rapidamente. — A senhora está deslumbrante — cortejou, mudando de assunto. — Não vamos fazer deste um dia ruim, afinal, é uma celebração. Certo?
— Cara de pau — retrucou ela, dando um tapinha em seu peitoral. — Esse assunto não acabou.
— Eu sou seu filho, não ela — declarou, pegando no braço da mãe e o enlaçando ao seu.
— Mas o que você está fazendo é...
— Mãe, chega! Nada do que a senhora disser me fará mudar de ideia, então não perca nosso tempo com argumentos irrelevantes.
Orion a conduziu pelo largo corredor da mansão, desceu pelas escadas de madeira maciça e seguiu até o hall. Ao passarem pela grande porta de entrada, viram sua Ferrari 275 Spider preta à espera.
— Vamos para a igreja com ela?
— Por que não?
— Claro — retrucou Linda —, por que não?
— Sinta-se privilegiada, pouquíssimas mulheres tiveram o prazer de se sentar aí — gracejou Orion, acomodando a mãe no banco do carona para, logo em seguida, dar a volta e entrar no lado do motorista.
Antes de fechar a porta, viu Nicolas acenar positivamente com a cabeça, confirmando que toda a sua segurança estava a postos e os acompanharia de perto, como de costume.
De sua casa até a igreja dava um pouco mais de vinte minutos e sua mãe não tocou naquele assunto incômodo outra vez, ao que ficou grato. Nada o faria mudar de ideia, não quando estava prestes a se tornar o homem mais poderoso da América.
Assim que chegaram, tratou aquela situação como se tivesse entrado em um de seus escritórios, para uma reunião corriqueira.
Orion não estava nervoso, sequer sentia algo dentro de si, apenas o desejo que aquilo acabasse para, finalmente, seu desejo de vingança e poder se concretizasse.
Posicionou-se no altar e aguardou, recebendo alguns poucos comprimentos da meia dúzia de pessoas presente no local. Quando a marcha nupcial se iniciou a atenção foi toda para a pesada porta de madeira que se abriu lentamente, revelando Isla Maria. Seu semblante mostrava uma felicidade que contagiava a todos, tamanha era a carranca que a criada despontava e isso quase o fez rir, quase.
Mas então, antes que pudesse ter qualquer outro pensamento, tudo escureceu. A última coisa de que se lembrava era de um anjo caminhando em sua direção.

NA TEIA DA MÁFIA  - DEGUSTAÇÃO حيث تعيش القصص. اكتشف الآن