Apocalipse. Era a palavra que rondava em minha cabeça naquele momento. Oque seria um apocalipse? Pessoas em massa morrendo, humanos se escondendo com medo, monstros a solta e que vestiam a pele humana. O mundo acabando? Já viviamos em um apocalipse...
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Acordo com um grito.
Daryl avança na direção do sofá que Vipper esta deitado, e já estou em seu lado antes que ele chega.
- Ei, ei...- mexo em seus pequenos braços.
- Faça ele se calar se não quiser essa sala cheia de carniças.- Daryl segura meu ombro, mas não aperta.
O olho feio.
- Ele é apenas uma criança que pode estar tendo pesadelos, talvez dos pais que morreram em sua frente.- me seguro para não o xingar e me viro para a criança novamente.
Mas então... seu corpinho continua se mexendo e ele murmurra palavras, mas não acorda. Não.
Sua testa brilha suor. Posso sentir seu corpo quente e suas pequenas mãozinhas se contraem segurando sua camisa. Não. Não. Por favor.
Checo seus braços com cuidado, então depois delicadamente me movo pedindo Daryl espaço e subo sua calça ate chegar ao joelho.
Há uma mordida na batata de sua perna. A infecção já começou.
Não. Não.
Eu sei oque acontece. Não é a mordida que te transforma. A mordida leva a febre, seu corpo fervendo de dentro para fora, isso é a morte. A transformação vem depois. Vi isso acontecer com Lysandra, e vi isso acontecer com...
- Oque a gente faz?- Daryl se abaixa ao meu lado. Não o respondo.- Sabe que não podemos levar ele para o acampamento.
Viro o rosto para que ele não me veja. Droga. Fecho os olhos com força.
- Ele é só uma criança.- minha voz está rouca.- Em um adulto pode demorar mais, mas ele não vai durar até o amanhecer.
Daryl não fala nada. Não posso dizer oque ele sente por um garoto que ele acabou de conhecer, mas ele é apenas uma criança.
Sua mãozinha agarra a minha com força, levanto meus olhos rapidamente para cima e vejo Daryl puxando uma faca.
- Mamãe.- Vipper resmunga, seguro o braço de Daryl automaticamente.
- Mamãe?- sua voz esta rouca, e seus olhos praticamente fechados, mas ele luta para deixá-los abertos.
- Ele acha que você é a mãe dele.- ouço Daryl.
- A febre causa ilusões.
A dor no meu peito é grande. Sim, é pelo garoto, mas não consigo mentir para mim mesma e dizer que ela é cem por cento direcionada a ele.
- Mamãe, tô com medo.
Me afasto de Daryl e me junto mais ao corpo de Vipper, agarro uma garrafinha de agua em cima da mesa. Levo aos lábios do garoto que tenta beber o máximo possivel.
